Sob risco de ser preso por crimes de guerra, Putin cancela viagem à África do Sul para cúpula dos Brics
A África do Sul estava enfrentando um dilema por sediar a cúpula, já que, como membro do Tribunal Penal Internacional (TPI), teoricamente teria que prender Putin por supostos crimes de guerra
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, graças a um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), desistiu de participar da reunião da cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Joanesburgo, na África do Sul. Contudo, o russo participará por videoconferência, segundo informou a mídia estatal russa RIA Novosti nesta quarta-feira (19).
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, confirmou que Putin não estará presente no evento, que ocorre no final de agosto, “por acordo mútuo”.
A África do Sul estava enfrentando um dilema por sediar a cúpula, já que, como membro do Tribunal Penal Internacional (TPI), teoricamente teria que prender Putin por supostos crimes de guerra. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, deve comparecer como representante do país.
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Em março, o TPI emitiu um mandado de prisão contra Putin, acusando-o do crime de guerra de deportar crianças ilegalmente da Ucrânia. A Organização das Nações Unidas (ONU) adicionou a Rússia à sua lista global de criminosos por matar 136 crianças na Ucrânia em 2022, de acordo com um relatório ao Conselho de Segurança da ONU. A Reuters citou o relatório dizendo que as forças russas e grupos afiliados “mutilaram 518 crianças e realizaram 480 ataques a escolas e hospitais ucranianos”.
A ONU também verificou que as forças armadas russas e grupos afiliados mutilaram 518 crianças e realizaram 480 ataques a escolas e hospitais. Também de acordo com o relatório, escrito pelo secretário-geral da ONU para Crianças e Conflitos Armados, Antonio Guterres, e e sua representante especial, Virgínia Gamba, os militares da Rússia também usaram 91 crianças como escudos humanos.
De acordo com o portal do governo ucraniano Children of War, a invasão em grande escala da Rússia matou 490 crianças e feriu 1.028 entre fevereiro e julho de 2023. No mês passado, Gamba visitou a Ucrânia e a Rússia, onde se encontrou com Maria Lvova-Belova, a oficial russa procurada pelo Tribunal Penal Internacional por suposto esquema para deportar crianças ucranianas para a Rússia.
No portal, as informações deste período são distribuídas deste modo:
- 490 crianças mortas, segundo o gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia;
- 1.028 feridas, segundo o mesmo gabinete;
- 607 desaparecidas, segundo a Polícia Nacional da Ucrânia;
- 13.934 encontradas, segundo a mesma Polícia;
- 19.499 deportadas para a Rússia (744 mil no total), segundo as Informações Nacionais Bureau e;
- 373 que retornaram, segundo o mesmo instituto.
Apenas essas informações, caso comprovadas, já são suficientes para incriminar o presidente russo e prendê-lo. Contudo, uma prisão por parte da África do Sul ocasionaria, segundo eles, uma declaração de guerra.
A África do Sul diz ser neutra no conflito com a Ucrânia, mas tem sido criticada pelas potências ocidentais por ser “amiga” da Rússia, historicamente uma forte aliada do governista Congresso Nacional Africano. Os líderes do Brasil, Índia e China ainda devem comparecer pessoalmente à cúpula.
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