Suécia autoriza queima da Bíblia e Torá em manifestações
O governo de Israel se pronunciou com fortes críticas à decisão sueca. “Como presidente de Israel, condenei a queima do Alcorão, sagrado para os muçulmanos em todo o mundo”
Neste sábado (15), o governo da Suécia autorizou a queima da Bíblia e da Torá (Pentateuco, para os cristãos) em manifestações. A Torá é composta pelos 5 primeiros livros do velho testamento (Gênesis, Exôdo, Levítico, Números e Deuteronômio). A autorização se deu após queima pública do Alcorão, livro considerado sagrado pelos muçulmanos, em protesto no primeiro dia da Festa Islâmica do Sacrifício, ou Eid al-Fitr (celebração muçulmana que marca o fim do jejum do Ramadã).
No momento da queima do al-Qurʾan, o iraquiano Salwan Momika pisou várias vezes em uma cópia, em frente à uma mesquita de Estocolmo. Por causa da queima do livro de Maomé, a polícia de Estocolmo, capital da Suécia, autorizou a queima do livro sagrado dos cristãos e dos judeus.
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O governo de Israel se pronunciou com fortes críticas à decisão sueca. “Como presidente de Israel, condenei a queima do Alcorão, sagrado para os muçulmanos em todo o mundo”, disse o presidente israelense, Isaac Herzog (יצחק הרצוג), no Twitter. “E agora estou com o coração partido, porque o mesmo destino aguarda uma Bíblia judaica, o livro eterno do povo judeu”, completou o israelense.
“Permitir a desfiguração de textos sagrados não é um exercício de liberdade de expressão, é uma incitação flagrante e um ato de puro ódio”, acrescentou Herzog. “O mundo inteiro deve se unir para condenar inequivocamente esse ato repulsivo”, completou ele.
— Isaac Herzog (@Isaac_Herzog) July 14, 2023
A porta-voz da polícia sueca Carina Skagerlind, disse que a autorização não é referente a um pedido oficial para queimar publicamente a Bíblia nem a Torá, mas a uma reunião na qual uma “opinião” seria expressa. “Isso é uma diferença importante”, ressaltou a porta-voz. As declarações foram feitas em entrevista à agência de notícias AFP.
No Twitter, Carina publicou: “Não importa quantas vezes eu disser que a polícia NÃO [sic] dá permissão para queimarem escrituras sagradas, mas dá permissão para realizar uma assembleia pública de discussão. Ou vocês não entendem, ou não querem entender. Não sei o que é pior.”
— Carina Skagerlind (@c_skagerlind) July 14, 2023
No registro de uma manifestação, apesar das declarações de Carina, os manifestantes anunciaram que iriam queimar exemplares da Torá e da Bíblia. Os manifestantes disseram que a ação é um protesto à queima do Alcorão islâmico no fim de junho.
Momika pisou no Alcorão enquanto erguia a bandeira sueca. Para provocar ainda mais os muçulmanos, usou bacon (alimento impuro para eles) no livro e queimou algumas páginas. Apesar de ter justificado o protesto, a polícia mais tarde abriu uma investigação sobre “incitação contra um grupo étnico”, já que ocorreu na frente de uma mesquita.
Contudo, consideram que a queima do Alcorão teve aprovação oficial, com argumento baseado na liberdade de expressão. Diante isso, manifestantes muçulmanos ameaçam a queima da Bíblia como pretexto expor a “hipocrisia sueca”.
Eid al-Fitr
Também conhecido como o Festival da Quebra do Jejum, é uma celebração islâmica que marca o fim do Ramadã (quarto dos cinco pilares do Islã), que é o mês sagrado de jejum dos muçulmanos. É um momento que celebra alegria e gratidão, quando os muçulmanos se reúnem para orações específicas, compartilham refeições festivas e trocam presentes.
Durante o período, os muçulmanos expressam gratidão a Allah pelas graças adquiridas durante o Ramadã, além de fortalecerem os laços familiares e comunitários e praticarem atos de caridade.
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