PRIMEIRA-DAMA

“São os homens que decidem ir para a guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências", diz Janja

Rhuan C. Soletti · 31 de Julho de 2023 às 17:38 ·

Janja deixa a entender que a predominância masculina na elite governamental é a principal causadora da guerra, já que a substituição pelas mulheres efetivamente sanaria o problema

Cooperando com o presidente empossado em suas frases polêmicas, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, enfatizou a importância da participação efetiva das mulheres no governo: “São os homens que decidem ir para a guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências.” A frase faz parte de um artigo de sua autoria para o jornal francês Le Monde, desta segunda-feira (31). 

São os homens que decidem ir para a guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências. No entanto, eles são encarregados de defender a dignidade de suas famílias e comunidades durante situações de conflito. É impossível, portanto, nessas condições, imaginar poder superar as guerras e construir a paz sem a participação efetiva das mulheres”, escreveu Janja.

Janja deixa a entender que a predominância masculina na elite governamental é a principal causadora da guerra, já que a substituição pelas mulheres efetivamente sanaria o problema. Segundo ela, os problemas causados por conflitos “masculinos” têm consequência apenas para mulheres e crianças, durante e depois da guerra – ignorando, é claro, quem esteve no fronte de batalha.

Segundo a petista, sua linha de raciocínio teve como estopim o tenebroso vislumbre do passado, quando, no Museu Memorial da Paz em Hiroshima, pôde ver “a visão das ruínas deixadas pela explosão nuclear”, obrigando-se a refletir sobre as graves consequências das guerras. Diante desse tema universal e profundo, chegou à brilhante e, segundo ela, “implacável” conclusão: “...Sabemos que o papel socialmente construído da mulher coloca sobre os seus ombros o peso e o fardo das suas famílias e das suas comunidades”.


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Logo, a solução: desconstrução do “papel socialmente construído” das mulheres e a construção de um papel usurpado pelos homens, causadores de guerras e da violência contra a mulher nessas épocas obscuras. O perigo real para os mais vulneráveis não pode ser negado, é claro, assim como a primeira-dama chamou atenção para o aumento de violência sexual: 

Nas regiões onde a violência faz parte da vida cotidiana, as mulheres e meninas têm a responsabilidade de manter uma forma de normalidade e, ao mesmo tempo, são as mais expostas aos diferentes tipos de violência causados ​​pela guerra, em particular as sistemáticas, exercida contra seus corpos.”

O seu esposo e atual ocupante da presidência da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), virou assunto internacional por falas controversas a respeito da guerra da Rússia com a Ucrânia ao longo de 2023.

Pouco antes de embarcar de Pequim para Abu Dhabi, em 15 de abril, Lula disse ser “preciso que os EUA parem de incentivar a guerra” e “que a União Europeia comece a falar em paz”. No dia seguinte, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente falou que o conflito entre Rússia e Ucrânia é culpa dos 2 países.

Para piorar, em entrevista à revista Time, publicada em 4 de maio de 2022, quando questionado sobre a guerra na Ucrânia e as relações diplomáticas que Lula mantinha com alguns líderes de determinadas nações, o presidente soltou a gafe:

Nós, políticos, colhemos aquilo que nós plantamos. Se eu planto fraternidade, solidariedade, concórdia, eu vou colher coisa boa. Mas se eu planto discórdia, eu vou colher desavenças. Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema.”

A Casa Branca reagiu. Um porta-voz do governo americano chegou a dizer que a posição brasileira “é profundamente problemática” e que o país estaria "papagueando propaganda russa e chinesa" sobre a guerra.

A Europa também se manifestou. “Não é verdade que os Estados Unidos e a União Europeia estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidades à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados”, disse Peter Sano, porta-voz para Assuntos Externos da União Europeia.


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