MST invade fazenda em Pernambuco; é a segunda invasão em menos de 24 horas
A invasão à Fazenda Bonanza, em Caruaru, aconteceu menos de 24 horas depois de o Movimento ter invadido outra fazenda no interior de Goiás
Na madrugada da última terça-feira (25), cerca de 180 famílias comandadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram uma área de aproximadamente 500 hectares localizada em Caruaru, no agreste de Pernambuco. A invasão à Fazenda Bonanza, em Caruaru, aconteceu menos de 24 horas depois de o Movimento ter invadido outra fazenda no interior de Goiás.
Essa já é a segunda ação do Movimento em Caruaru. A primeira invasão deflagrada pela facção na cidade ocorreu durante o Abril Vermelho, na fazenda Santa Terezinha.
Em nota, a direção do MST em Pernambuco enfatiza “que a luta pela terra e o enfrentamento ao latifúndio são fundamentais para combater a fome e gerar empregos e renda no país.”
“Essa ocupação representa mais um passo na luta pela redistribuição de terras e pela justiça social no campo, proporcionando condições dignas de vida e trabalho para centenas de famílias que buscam uma oportunidade para produzir alimento saudáveis”, diz o Movimento.
Na manhã da segunda-feira (24), a horda terrorista também invadiu a fazenda São Lukas, em Hidrolândia (GO). Assim como no caso de Caruaru, é a segunda vez que a fazenda é ocupada pelo MST neste ano. A primeira aconteceu em março.
Segundo o MST, diferentemente do caso mais recente, o grupo de cerca de 600 famílias de invasores realizou a ação na fazenda. Segundo eles, a ação tem como objetivo chamar a atenção do governo federal para a “situação da propriedade”, que pertence à União desde 2016. Eles querem que a fazenda seja destinada à criação de um novo assentamento.
Segundo o movimento, antes de ser incorporada ao patrimônio da União, a fazenda São Lukas pertencia a um “grupo criminoso condenado em 2009 por crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas”.
“Acreditamos que a terra não pode ser usada para a exploração. Seja a humana – como os crimes sexuais, de trabalho análogo à escravidão e outros – ou aquelas explorações que destroem a terra por meio do uso de agrotóxicos, do monocultivo, do uso intensivo de água, da apropriação dos bens comuns da natureza”, diz um comunicado do MST.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) disse que o posicionamento da pasta é “em defesa do que está previsto na Constituição” no que diz respeito à “função social da propriedade e ao direito à propriedade privada”.
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Leia a íntegra da nota do MDA:
“O posicionamento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar é em defesa do que está previsto na Constituição Federal, no que diz respeito à função social da propriedade e ao direito à propriedade privada. O MDA e o Incra foram informados sobre a ocupação pela imprensa e irão se debruçar sobre a área em questão. É importante ressaltar que o MDA e o Incra, por meio das devidas instâncias, sempre estiveram, e continuam, abertos ao diálogo com todos os setores da sociedade a fim de promover a paz no campo.”
Invasões
Em comparação ao governo de Jair Bolsonaro (PL), as invasões saltaram para 62 entre janeiro e junho deste ano. Porém, depois da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara para investigar a fonte de financiamento das invasões, o número despencou.
Apenas três propriedades foram invadidas desde o início dos trabalhos da comissão, que foi proposta por parlamentares da oposição. A comissão foi instalada no dia 17 de maio de 2023.
Mal o atual presidente empossado, Luis Inácio Lula da Silva (PT), assumiu o governo, o número de invasões de propriedades — fazendas produtivas, áreas de pesquisa e prédios públicos — tinha disparado.
Na série histórica da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), o terceiro mandato do petista já tem o maior índice de ocorrências desde 2016 e acumulou em apenas seis meses quase a totalidade de invasões durante os quatro anos do governo Jair Bolsonaro (62).
Abril Vermelho
Em abril, o grupo deflagrou mais uma etapa do calendário de invasões, quando ocorreu a primeira invasão em Caruaru. A nova fase foi chamada de "Abril Vermelho" em alusão ao caso de Eldorado dos Carajás.
Em 17 de abril de 1996, uma ação da Polícia Militar em Eldorado dos Carajás, no Pará, resultou na morte de 21 militantes. Desde este episódio, o MST promove ondas de invasões no mês de abril. No entanto, as invasões diminuíram drasticamente durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
Em 2023, as ações terroristas foram iniciadas no dia 3 de abril, quando, durante a madrugada, cerca de 250 famílias invadiram uma área supostamente improdutiva do Engenho Cumbe, em Timbaúba (PE). Ao que tudo indica, as invasões continuarão se estendendo por todos os meses do ano.
Na campanha presidencial, Lula afirmou que o MST teria protagonismo em seu governo. De fato, o aumento expressivo do número de invasões em relação ao último governo - no qual, ao longo de quatro anos, houve apenas 14 invasões - comprova o fortalecimento do MST no governo petista.
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