BERNARDO KÜSTER SHOW

Bernardo Küster sobre a JMJ: "Esta não é a boa e velha via de Jesus Cristo"

Rhuan C. Soletti · 26 de Julho de 2023 às 12:34 ·

“Para mim, é importante distinguir dois tempos ou duas fases do ecumenismo: a finalidade última, o objetivo último ao qual tendemos, que deve ser sempre o verdadeiro dinamismo e o movente principal de nosso trabalho ecumênico e, digamos, o tempo intermediário, com soluções intermediárias. A finalidade útlima é, obviamente, a unidade das igrejas na única Igreja...” — Papa Bento XVI

No décimo segundo episódio do Bernardo Küster Show, Jornada Mundial Juventude transviada, no Novo BSM, o diretor de opinião e apresentador Bernardo Küster, fala sobre o comunismo forçado ao cristianimo chinês, o paganismo forçado no evento católico da JMJ, e o impedimento do da agenda LGBT na Rússia.

Ao comentar a matéria JMJ Lisboa 2023: jovens católicos serão encaminhados para visitas em mesquitas, sinagogas e igrejas inter-religiosas, escrita pelo redator do BSM Luís Batistela, o apresentador destaca a frase de uma das duas comunidades que foram destinadas para trabalhar com os católicos no “campo da unidade dos cristãos”: a comunidade Chemin Neuf (Caminho Novo), encarregada de gerir, na ocasião, os exercícios na Basílica da Estrela. A outra é a comunidade Taizé – destinada a promover as orações comunitárias na Igreja de São Domingos.

De 2 a 6 de agosto deste ano, o Papa Francisco registrará sua 4ª participação na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Desta vez, o evento ocorrerá em Lisboa, Portugal. O tema escolhido pelo Pontífice - "Maria levantou-se e partiu apressadamente" (Lc 1, 39) - expressa o desejo do Papa por uma Igreja jovem, missionária e atrelada ao Evangelho.


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Iniciado o processo de fundação – em meados da década de 1970 – o Chemin Neuf foi idealizado pelo então seminarista jesuíta Laurent Fabre. A comunidade, criada sob os moldes da Renovação Carismática, dentre seus objetivos, possuí a busca pelo ecumenismo cristão, isto é, a integração entre católicos, ortodoxos e protestantes:

Em nossa comunidade vivem membros de diversas Igrejas – católicos, protestantes, evangélicos, pentecostais, ortodoxos e anglicanos – e se empenham em compartilhar a vida cotidiana, rezar juntos e viver a formação permanente para poder evangelizar juntos e testemunhar a obra de o Ressuscitado no mundo”, afirma o site oficial da comunidade.

Em relação a frase e ao mal que gira em torno, o nosso diretor de opinião deixa sua observação:

Primeiro, por quê existem os protestantes? De onde a vertente surgiu? Em protesto, como diz o próprio nome, ao papado, ao magistério da igreja e à versão canonizada da bíblia católica, com 73 livros – e não 66 de Lutero que, aliás, queria tirar o Evangelho de João, tirar o livro do Apocalipse e a carta de São Tiago, mas não deixaram –. Então, eles existem porque discordam fundamentalmente de pontos centrais da fé católica: os sacramentos, o sistema de ordens hierárquica atribuída pelo próprio Cristo aos apóstolos, como a Eucaristia, a Confissão, a Unção dos enfermos etc. Ou seja, não há uma comunhão perfeita; não estão em comunhão com Pedro etc.

Segundo, os “Evangélicos”. Eles são os protestantes mas de linha mais carismática, ou pentecostal, ou evangelicais, como queiram (Assembléia de Deus, Universal etc).

Terceiro, os Ortodoxos. Este já é outro cisma que aconteceu no final do império romano, cerca de quinhentos anos antes, em 1054, da revolução protestante. Mas eles discordam também do papado, também de alguns dogmas marianos e também de algumas posições hierárquicas e sacramentais da Igreja. Eles romperam.

Quarto, os Anglicanos. Esses surgiram um pouquinho depois da revolução protestante, cerca de 20 anos depois, em 1535, quando o rei Henrique VIII queria divorciar-se e casar-se com uma outra mulher – a Ana Bolena. Ele se casou, fundou outra religião para isso – da qual ele era o “papa”, como é até hoje o chefe de estado da Inglaterra –, e depois mandou matar Ana porque queria se casar com outra. É uma igreja fundada no assassinato, no pecado, na traição.

Ou seja, que comunhão eles tem conosco? Há convergências superficiais: concordamos que há um só Deus em três pessoas, que Jesus é a segunda Pessoa da Trindade, que se encarnou, que é 100% homem, 100% Deus, que nasceu da virgem Maria – o problema já começa aqui com os protestantes desacreditando que ela é imaculada, que ela é sempre virgem. Tirando essas divergências, acreditamos em todo o resto do Credo, a não ser que anunciamos que exista apenas uma Igreja: católica, apostólica, romana e santa. Ou seja, pensando como católicos, nossa comunhão com as outras religiões é totalmente superficial, acidental. Não é plena. Essas vertentes cismáticas do cristianismo tem elementos da Verdade muito importantes, mas não são a Verdade toda. 

É claro que devemos compartilhar a vida cotidiana, mas até certo ponto. Não podemos compartilhar a ideia do divórcio, do anticoncepcional, todo método contraceptivo, que é tido como normal por todos os protestantes – ou seja, não há nem comunhão moral. E rezar juntos? Podemos rezar para os santos? Os protestantes, evangélicos e pentecostais, não concordam com isso. Não acreditam na intercessão dos santos.

Como é que você vai ter um motivo de oração em comum se os protestantes em geral não acreditam na perfeição cristã? O que quero dizer com isso? É o mandado de Jesus: “sede perfeito como vosso Pai, sede santo como Eu sou”. Ou seja, é possível, Deus nos deu este poder e basta cooperarmos, para sermos plenamente santos e perfeitos aqui na terra. Estes são os santos. Os santos que viveram entre nós são pessoas que não pecaram mais e uniram-se tanto a Deus que já são cidadãos dos novos céus e nova terra.

Agora, os protestantes acreditam que isto não é possível, que o homem está fadado a sempre ser um pecador. Como dizia Lutero, numa das 95 teses: “O justo, tudo que faz de bom, peca”. Ele dizia que o homem tem uma natureza 100% corrompida e era incapaz de fazer o bem. E ainda, se fizesse o bem, ele seria mau de alguma maneira.

Então, como podemos buscar uma vida, uma ordenação, uma oração em comum, se temos perspectivas de finalidade de vida diferentes? 

Depois, viver a “formação permanente”. Que formação? Com base em que? No catecismo? Não pode ser. Na bíblia? Bom, a dos protestantes tem 7 livros a menos. E os ortodoxos? Eles não tem interpretação do magistério; interpretam segundo os patriarcas e outras tradições eclesiásticas. Não tem nenhuma comunhão de formação.

E ainda, ”testemunhar a obra do ressuscitado”. Piorou. Cada uma dessas vias tem uma maneira de testemunhar a fé diferentes. A maneira do ortodoxo russo é ser submisso ao estado russo, ao Putin. A do anglicano é ser submisso ao rei da Inglaterra, o Charles I. A dos protestantes é cada um viver de acordo com sua comunidade. Nenhuma delas é a tradição de dois mil anos dos católicos. Como pode existir a testemunha da obra do ressuscitado no mundo com essas coisas? 

É impossível. Ele não está dizendo nada com nada. O que esse jesuíta do capeta está falando é: “nós católicos vamos diluir nossa fé para acomodar as outras que foram cismáticas por decisão própria”. Há dois mil anos vivemos e pregamos a mesma coisa. Há mil anos os ortodoxos romperam conosco. Há quinhentos anos os protestantes e os anglicanos romperam.

Não existe comunhão, não existe unidade. Do que que o Sr. Jesuíta Laurent Fabre está falando? “Caminho novo”? Ah [sic] meu filho, isso é verdade. É um caminho novo. Não é a Boa Nova. O “εὐαγγέλιον”, em grego, é “Boa Nova”. Você está inventando uma nova via, e não a boa e velha Via de Jesus Cristo.”

Para conferir toda a detalhada análise do apresentador Bernardo Küster sobre o avanço da agenda de gênero no continente americano e o caos estabelecido na França, assista o episódio 12 do Bernardo Küster Show, disponível para assinantes.



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