IGREJA CATÓLICA

Em nota, arcebispo de Londrina tenta justificar comunhão por muçulmanos

Rhuan C. Soletti · 30 de Agosto de 2023 às 21:41 ·

A nota se condensa apenas na defesa da comunhão pelos não-batizados sem um pedido de desculpas 

O arcebispo de Londrina, dom Geremias Steinmetz, lançou uma nota de esclarecimento sobre a entrega da hóstia consagrada para o sheik mulçumano Jeque Ahmad Saleh Mahairi, na última segunda-feira (28). Na nota, o arcebispo defende a possibilidade inédita e não-católica de comunhão eucarística pelos muçulmanos, deixando também subentendido que conhecia o sheik, permitindo o sacrilégio – "era amigo de dom Geraldo Majella".

No vídeo vazado, gravado na missa de exéquias do falecido cardeal D. Geraldo Majella Agnelo, o segundo arcebispo da cidade, Geremias entregou a hóstia consagrada [Corpo de Cristo] nas mãos do sheik Mahairi, fundador da Mesquita Rei Faiçal, em Londrina, e maior autoridade para assuntos islâmicos no país. A missa na Catedral reuniu dezenas de padres, arcebispos, bispos e cardeais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Nas imagens, Geremias vê o sheik islâmico paramentado, que fura a fila da comunhão, e mesmo assim entrega a Eucaristia para ele. Mahairi, por sua vez, finge que vai comungar, mas em seguida abaixa a mão e não leva a hóstia até sua boca — este momento é filmado, mas em seguida o sheik sai do alcance da câmera e não é mais possível saber se ele de fato comeu a hóstia ou a levou para algum lugar. Contudo, segundo a nota de Geremias, o sheik comungou quando chegou ao banco.

Vários fiéis católicos usaram as redes sociais para criticar D. Geremias e os ministros da Eucaristia que participavam daquela missa e não impediram o ocorrido. Eles destacam que, além da comunhão do Corpo de Cristo ser expressamente restrita aos batizados na Santa Igreja, existem instruções para que os ministros, e até mesmo os bispos, recusem a hóstia consagrada para os não-católicos, assim como os não-ministros e os não-ordenados não podem distribuí-la. 

Na nota, Geremias cita uma declaração do Papa Paulo VI (1963-1978) e uma carta apostólica do Papa Francisco (2013), na tentativa de justificar suas ações. Em nenhum momento da nota, Geremias disse se tinha ou não reconhecido pessoalmente Mahairi. Contudo, considerando a introdução do texto, onde o arcebispo apresenta o sheik, Geremias bem sabia de sua presença. 

Não é segredo: a nota se condensa apenas na defesa da comunhão pelos não-batizados – um sacrilégio [lesar o sagrado] –, sem nem um pedido de desculpas tão esperado pelos fiéis. Sendo assim, destrinchemos o texto ponto a ponto, elencando as principais controvérsias de internautas e fiéis da arquidiocese:

 

Da nota e suas controvérsias

Por mais que todos os fiéis aguardassem ao menos o esclarecimento de que o arcebispo não "percebeu que era o muçulmano", D. Geremias se importou, na verdade, em justificar a possibilidade de os muçulmanos poderem comungar o Corpo de Cristo – enquanto descrêem em Jesus e na Eucaristia. 

"Como amigo participou da celebração eucarística e, adentrando à fila da comunhão, recebeu o corpo de Cristo", disse Geremias, defendendo que a "amizade" do muçulmano com o falecido lhe concede efeitos sacramentais e atemporais.

D. Geremias cita a declaração Nostra aetate, do Papa Paulo VI, na tentativa de fundamentar a entrega do Santíssimo Sacramento para um não-batizado. A declaração trata sobre a Igreja e as religiões não-cristãs, dando ênfase apenas na necessidade de tratar pacificamente os "pagãos" – sem isso, como trazê-los para os sacramentos?

A declaração “acolhe” as diversas religiões, elencando as semelhanças de uma por uma com o cristianismo – as razões pelas quais devemos entender que Deus fala com todos, alcança a todos. Contudo, esse acolhimento se encerra aqui. Há o ponto de afunilamento do cristianismo: a salvação se dá pela participação no sacrifício de Cristo, por meio de seu Sangue, que deve ser derramado por todos. Ou seja, o acolhimento não basta. Abrindo o caminho para a salvação na derramada do Sangue, havemos de participar do Corpo anteriormente; e então a Igreja manifesta a necessidade primeira do batismo para os que irão comungar – a inclusão no Corpo –, como fundamentei adiante.

"A Igreja olha também com estima para os muçulmanos", cita o arcebispo, dando a entender que as críticas são puramente motivadas pela rejeição aos muçulmanos – o que não é o alegado. O "resgate da ovelha" é um dos pilares cristãos; ou seja, é claro que queremos a conversão dos muçulmanos. Mas a conversão não é a purificação e alimentação sacramental? A alegação dos críticos se funda justamente na doutrina una e soberana da Santa Igreja Católica, a instituição na qual D. Geremias deu votos eternos de fidelidade.

Citando as semelhanças da religião islâmica como um todo, o arcebispo não buscou justificar a comunhão apenas de Mahairi, individualmente. Ele elencou, da declaração de Paulo VI, as diversas "semelhanças" fundamentais entre o cristianismo e o islamismo:

"Adoram eles o Deus Único, vivo e subsistente, misericordioso e onipotente, criador do céu e da terra, que falou aos homens e a cujos decretos, mesmo ocultos, procuram submeter-se de todo o coração, como a Deus se submeteu Abraão, que a fé islâmica de bom grado evoca. Embora sem o reconhecerem como Deus, veneram Jesus como profeta, e honram Maria, sua mãe virginal, à qual por vezes invocam devotamente. Esperam pelo dia do juízo, no qual Deus retribuirá todos os homens, uma vez ressuscitados", cita. (Grifo nosso.)

Ora, é claro que há semelhanças e o dever de empatia é indiscutível, mas também é dever apostólico "ir e pregar o Evangelho". Vale ressaltar também que, se o assunto é conhecer melhor, também vale a pena citar algumas divergências entre as religiões: 

“E, quando os meses sagrados passarem, matai os idólatras, onde quer que os encontreis, e apanhai-os e sediai-os, e ficai à sua espreita, onde quer que estejam. Então, se se voltam arrependidos e cumprem a oração e concedem az-zakah (esmola), deixai-lhes livre o caminho. Por certo, Allah é Perdoador, Misericordiador.” [Qur’an 9:5]

Diante desses choques, há só um caminho possível para os cristãos, segundo o Nostra aetate: demonstrar o oposto, proclamando sempre a paz e o acolhimento. Mas há uma razão fundamental e inseparável entre os pagãos e o pacifismo: portar-se como cristãos para o mundo serve para lutar pela conversão dos pecadores, mediante o batismo, seguido da participação no sacrifício de Jesus de Nazaré.

Ainda citando documentos para o que pretende justificar, Geremias menciona a carta apostólica Desiderio Desideravi, do Papa Francisco. Em defesa da Sua Santidade, tristemente citado na nota, o Papa descreve um dos mais belos desejos de Jesus de Nazaré para com todos os homens: elencá-los ao posto de irmãos e membros de Si mesmo, para que assim sejam filhos de Deus e ressuscitados com Ele.

Contudo, ao citar a fala do Papa sobre esse desejo ardente de Deus para a salvação de todos, usa-a como justificativa para atropelar os deveres sacramentais atribuídos pelo próprio Cristo: "...por misericórdia do Senhor, o dom é confiado aos Apóstolos para que seja levado a todos os homens", diz a carta.

Mas é necessário atentar-se à própria fala do Papa, logo em seguida:

"O mundo não o sabe ainda, mas todos “são convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 9). Para ter acesso a Ele só precisa da veste nupcial da fé que vem da escuta da sua Palavra (cf. Rm 10, 17): a Igreja prepara-a à medida com a alvura de um tecido “lavado no Sangue do Cordeiro” (cf. Ap 7, 14). Não deveríamos ter um instante sequer de repouso, sabendo que nem todos ainda receberam o convite para a Ceia ou que outros o esqueceram ou perderam nas sendas tortuosas da vida dos homens.” (Grifos nossos.)

Não é difícil de entender a expressão "para ter acesso"; ora, há um requisito: a Fé em Jesus de Nazaré, o próprio Deus, o mesmo que disse "ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado." (Mc 16:15,16).

Aproveitando também que Geremias evocou o nome da Sua Santidade, o Papa Francisco, vale lembrar também uma de suas últimas ações – muito honrosas, por sinal – por toda a Santa Igreja:

Em maio (11), o Papa incluiu 21 novos mártires coptas no Martirológio Romano – em 2015, todos foram decapitados por muçulmanos, por serem cristãos. Momentos antes da decapitação, o áudio do vídeo gravado pelos terroristas captou alguns deles gritando "Ya Rabb Yeshua!" ("Ó Senhor Jesus!"). Nesse momento, aparece o seguinte nas legendas: "يذكرون معبودهم و يموتون على شركهم" ("Eles invocam seu ídolo e morrem no seu paganismo"), sugerindo que tiveram a opção de se converter ao islamismo, mas recusaram.

Neste caminho de amizade, acompanham-nos também os mártires. (…) Esses mártires foram batizados não apenas na água e no Espírito, mas também no sangue, um sangue que é a semente da unidade para todos os seguidores de Cristo, declarou Francisco.

 

Áudio para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão

Conforme apontado por internautas, que o arcebispo Geremias, além de vários outros participantes da missa e integrantes da cúpula da CNBB, conheciam o sheik Mahairi, já que ele próprio é um dos líderes “religiosos” da comarca. Fica suspensa uma dúvida no ar, bem esclarecida pela nota, na verdade: a intenção do arcebispo que ignorou a doutrina da própria instituição.

Em um áudio gravado e compartilhado no WhatsApp, o padre Alexandre Alves, assessor eclesial dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC) da Arquidiocese de Londrina e braço direito de Dom Geremias, tenta minimizar a repercussão, dizendo que “não há provas de que o líder religioso não tenha comungado o pão” – ignorando que o mesmo não poderia fazê-lo de qualquer forma, e assim o fez. 

O braço direito do arcebispo alegou também que os acusadores dele é que não podem comungar o Corpo de Jesus. Alves ainda disse que todos deveriam aguardar o pronunciamento do próprio arcebispo. Ora, o pronunciamento foi dado, o arcebispo defendeu o indefensável – o sacrilégio –, agrediu a doutrina da própria instituição e ainda o proclamou com confiança. 

Diante disso, fica marcada para a história a fala do padre, que tentou defender D. Geremias: aquele que está fora da Igreja e não tem fé em Cristo, pode comungar – contrariando o próprio Cristo –, mas denunciar o sacrilégio é impedimento para a comunhão.

Além disso, Geremias declarou algo até provocativo para o próprio muçulmano: se um cristão é definido por ser membro do Corpo de Cristo, a partir da transformação sacramental em membro do Corpo, agora podemos dizer que Mahairi foi batizado, incluído na Santa Igreja Católica e pode ser finalmente chamado de cristão? 

 

O sheik e a mesquita

Reprodução: internet

O sheik Jeque Ahmad Saleh Mahairi é o segundo sheik designado para a América Latina, responsável também pela fundação da segunda mesquita no Brasil, instalada em Londrina, a Mesquita Rei Faiçal. 

Há mais de 20 anos é supervisor para assuntos islâmicos no país, sendo ainda o idealizador do Cemitério Islâmico da cidade além de professor de língua árabe na Universidade Estadual de Londrina (UEL) por mais de 18 anos. É doutor em Alcorão, jornalista com formação na Síria e autor de treze livros, sendo 12 religiosos e um de gramática árabe. Em 2013 recebeu da Câmara de Vereadores de Londrina o título de Cidadão Honorário.


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Os muçulmanos chegaram à cidade quase que junto com a fundação da cidade, eram libaneses em geral, atraídos pelas novas oportunidades econômicas que uma cidade recém-fundada podia oferecer, porém a construção da mesquita seria somente anos depois. A construção da mesquita somente começou na década de 1960, e é tida como a segunda mesquita a ser construída no interior do Paraná, pois as demais só apareceriam na década de 1980. 

A mesquita leva o nome de Mesquita Rei Faisal, em homenagem ao Rei Faisal II, rei do Iraque em meados da década de 1950 e 60. Hoje a mesquita conta com amplos espaços de oração, salas de eventos, e outros. Não se sabe ao certo quantos muçulmanos há em Londrina, porem apesar de ter a segunda mesquita mais antiga do interior do Paraná, a comunidade não é uma das maiores do Paraná, acredita-se que haja em torno de 200 muçulmanos em Londrina.

 

Questões doutrinárias

O documento oficial Redemptionis Sacramentum: sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia, do Vaticano, diz:

[85.] Os ministros católicos administrem licitamente os sacramentos, só aos fiéis católicos, os quais, igualmente, só recebam licitamente de ministros católicos, salvo quando se prescreve nos cânon 844 §§ 2, 3 e 4, e no cânon 861 § 2. Além disso, as condições estabelecidas pelo cânon 844 § 4, das que nada se pode anular, são inseparáveis entre si; visto que é necessário que sempre sejam exigidas simultaneamente.

A comunhão com o Corpo de Cristo deve suceder o Batismo, sacramento de iniciação da Igreja – ou melhor, da transformação da pessoa em membro do Corpo místico de Jesus de Nazaré. Sendo assim, a comunhão exige a Fé da Igreja Católica [Universal], que é a confiança de que a hóstia consagrada é o Corpo de Jesus, e o vinho é o Sangue. Ou seja, a comunhão sem a devida crença é pecado; a ação deve ser impedida invariavelmente.

O Catecismo da Igreja Católica ensina em seu número 1322 que a iniciação cristã é concluída com o Sacramento da Eucaristia, pois “os que foram elevados à dignidade do sacerdócio régio pelo Batismo e configurados mais profundamente a Cristo pela Confirmação, por meio da Eucaristia, participam com toda a comunidade do próprio sacrifício do Senhor".

O novo Catecismo cita também o que São Justino escreveu: “A ninguém é permitido participar da Eucaristia, senão aquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, levar uma vida como Cristo ensinou” (CIC 1355).

“Todo aquele que comer do Pão ou beber do Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer deste Pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo come e bebe sua própria condenação” (1Cor 11,27-29).

"Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto" (Cânon 915).

“2. Qualquer interpretação do cân. 915 que se oponha ao conteúdo substancial, declarado ininterruptamente pelo Magistério e pela disciplina da Igreja ao longo dos séculos, é claramente fonte de desvios. Não se pode confundir o respeito pelas palavras da lei (cfr. cân. 17) com o uso impróprio das mesmas palavras como instrumentos para relativizar ou esvaziar a substância dos preceitos” (Declaração do Vaticano, 24 de junho de 2000, solenidade da natividade de São João Baptista.)

“Este texto diz respeito primeiramente ao próprio fiel e à sua consciência, e isto está formulado pelo Código no sucessivo cânon 916. Porém o ser-se indigno por se achar em estado de pecado põe também um grave problema jurídico na Igreja: precisamente ao termo «indigno» se refere o cânon do Código dos Cânones das Igrejas Orientais que é paralelo ao cân. 915 latino: «Devem ser impedidos de receber a Divina Eucaristia aqueles que são publicamente indignos» (cân. 712). Com efeito, receber o Corpo de Cristo sendo publicamente indigno constitui um dano objectivo para a comunhão eclesial; é um comportamento que atenta aos direitos da Igreja e de todos os fiéis de viver em coerência com as exigências dessa comunhão.” (Idem).

Além disso, os fiéis católicos demonstram preocupação com a atitude dos ministros da eucaristia, liderados por Alexandre Alves, na Santa Missa de exéquias: em sua formação, são instruídos a cuidar com suas vidas para que a comunhão ocorra na frente do distribuidor da Eucaristia [ministros e sacerdotes]. 

[92.] Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento. Nos lugares onde Conferência de Bispos o haja permitido, com a confirmação da Sé apostólica, deve-se-lhe administrar a sagrada hóstia. Sem dúvida, ponha-se especial cuidado em que o comungante consuma imediatamente a hóstia, na frente do ministro, e ninguém se desloque (retorne) tendo na mão as espécies eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão.

Por mais que ainda não haja evidências de o Sheik árabe ter comungado ou não a Eucaristia – o que já é um problema de qualquer modo – vale ressaltar a legitimidade da preocupação dos fiéis, de leigos e outros sacerdotes quanto as instruções para todos os ministros e bispos no recinto:

[132.] Ninguém leve a Sagrada Eucaristia para casa ou a outro lugar, contra as normas do direito. Deve-se considerar, além disso, que roubar ou reter as sagradas espécies com um fim sacrílego, ou jogá-las fora, constitui um dos «graviora delicta» (atos graves), cuja absolvição está reservada à Congregação para a Doutrina da Fé.

Já é esperado, na verdade, que o líder não-católico não creia no Corpo e Sangue como verdadeiramente presentes. Deste modo, a responsabilidade recai inteiramente na mão dos responsáveis pela Santa Ceia. Encerremos, portanto, com a ordem última do documento oficial:

[96.] Reprova-se o costume que contrarie as prescrições dos livros litúrgicos, inclusive que sejam distribuídas, semelhantemente à maneira de uma comunhão, durante a Missa ou antes dela, quer sejam hóstias não consagradas, quer sejam outros comestíveis ou não comestíveis. Posto que estes costumes, de nenhum modo, concordam com a tradição do Rito romano e levam consigo o perigo de induzir a confusão aos fiéis, respectivamente à doutrina eucarística da Igreja. Onde em alguns lugares exista, por concessão, o costume particular de abençoar e distribuir pão, depois da Missa, tenha-se grande cuidado de que se dê uma adequada catequese sobre este ato. Não se introduzam outros costumes similares, nem sejam utilizadas para isto, nunca, hóstias não consagradas.

 

Do Corpo – a própria Igreja

O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só Pão, nós, embora muitos, formamos um só Corpo, nós todos que participamos do mesmo Pão” (1Cor 10,17).

O Papa João Paulo II escreveu a encíclica Ecclesia de Eucharistia cujo item inicial diz que “a Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja." E mais, diz que “do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial." Assim, a Igreja existe para celebrar a Eucaristia e é ela quem dá vida à Igreja, ou seja, uma dependência mútua entre ambas.

A importância da sagrada comunhão pelos católicos é “martírica”, considerando que ela é a própria Igreja e o próprio Cristo. Ignorando a fundamentação de cabo a rabo nas Sagradas Escrituras, vale citar a célebre passagem do Evangelho segundo São João:

“Naquele tempo, os judeus discutiam entre si, dizendo: "Como é que ele pode dar a sua carne a comer?" Então Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre.

Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum." (Jo 6, 52-59).

 

Quem são

 Arcebispo dom Geremias [direita] e convidados / Reprodução:Arquidiocese de Londrina
Padre Alexandre Alves / Reprodução:Arquidiocese de Londrina
Sheik Ahmad Saleh Mahairi / Reprodução: internet

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