Wassef assume ter recomprado Rolex e diz que não foi a pedido de Bolsonaro
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na última sexta-feira (11) contra Wassef; contra o general Mauro César Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid; e contra o tenente do Exército Osmar Crivelatti, outro ex-ajudante de Bolsonaro
O advogado Frederick Wassef, em entrevista coletiva na noite desta terça-feira (15), admitiu ter readquirido com recursos próprios o polêmico relógio da marca Rolex que, conforme alegações de opositores, teria sido ilegalmente comercializado por assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O presente havia sido concedido a Bolsonaro durante uma viagem internacional.
Apesar disso, Wassef esclareceu que sua ação visou cumprir uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e não foi resultado de solicitação por parte de Bolsonaro. A iniciativa de adquirir novamente o relógio reforça a narrativa de cumprimento das normas estabelecidas, destacando a legalidade das ações por parte da equipe do ex-presidente.
“Sim, fui aos Estados Unidos e comprei o Rolex. O motivo de eu ter comprado esse relógio: não foi Jair Messias Bolsonaro que me pediu. Meu cliente Jair Bolsonaro não tem nada a ver com essa conduta, que é minha, e eu assumo a responsabilidade. Eu fui, eu assumo, eu comprei”, afirmou.
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na última sexta-feira (11) contra Wassef; contra o general Mauro César Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid; e contra o tenente do Exército Osmar Crivelatti, outro ex-ajudante de Bolsonaro.
Eles são acusados – mesmo que respaldados em lei – por utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial por meio da venda desses itens em países do exterior. No caso, são presentes, de qualidade personalíssima, de autoridades estrangeiras ao ex-presidente.
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Em 13 de junho do ano passado, segundo as investigações, Mauro Cid viajou para a cidade de Willow Grove (EUA), onde vendeu o Rolex pelo valor de US$ 68 mil. Esse dinheiro foi depositado na conta do pai de Cid.
Além disso, o advogado refutou a alegação de que o pedido para readquirir o relógio tenha partido do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Essa afirmação contesta as especulações que circulavam em torno dessa questão.
Quando confrontado sobre os motivos por trás da compra do acessório de luxo, Wassef indicou que apenas revelará os detalhes à Polícia Federal (PF) ou em ocasião subsequente, possivelmente à imprensa, após ter acesso ao inquérito em curso. A atitude reforça a postura do advogado em seguir os trâmites legais e aprofundar a investigação antes de compartilhar informações sensíveis sobre o assunto.
“Isso era para atender a uma determinação do Tribunal de Contas da União. E quem pagou esse Rolex fui eu, do meu dinheiro. E, hoje, eu trago provas documentais”, disse apresentando um comprovante da compra.
Wassef também sustentou que não recebeu qualquer designação por parte dos assessores de Bolsonaro para recuperar o Rolex. Ele explicou que sua viagem aos EUA, na qual procedeu à recompra do objeto, já estava previamente planejada como parte de suas férias.
O advogado reforça, assim, a independência da sua atitude em relação ao contexto político e oficial, afastando quaisquer interpretações que possam sugerir um envolvimento coordenado ou direcionado por parte da equipe do ex-presidente.
“Dizer que eu fui selecionado pelos assessores do presidente para fazer o resgate é mentira”, afirmou.
“Eu não fui fazer resgate. Se alguém vai fazer resgate, viaja, fica três dias e volta. Pousei em Miami, fiquei alguns dias lá. Decolai para a Filadélfia, comprei o relógio. Da Filadélfia, fui para Nova York, passei dias lá. De lá, voltei para Miami, onde fiquei outros dias. Depois, fui para Orlando e estive nos parques da Disney e parques turísticos. Quando acabaram as minhas férias, retornei ao Brasil”, completou o advogado.
A investigação da PF aponta, até o momento, que os valores obtidos dessas vendas foram convertidos em dinheiro em espécie e incluídos no patrimônio pessoal dos investigados.
O diplomata e ex-senador Arthur Virgílio (PSDB), no entanto, explica que, quando Bolsonaro ganhou os presentes, estava vigente a PORTARIA Nº 59, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2018, do governo de Michel Temer (MDB), que classifica canetas, joias, semijoias e bijuterias como bens personalíssimos – bens de consumo direto pelo recebedor.
Ou seja, bens que destinam-se ao uso próprio do recebedor, no caso, Bolsonaro, e não ao acervo da presidência da República.
“Estava em vigor essa portaria, que rezava que as tais jóias, semi-jóias e bijuterias, presenteadas pelo líder da Arábia Saudita, eram de natureza personalíssima. Quando surgiram as acusações infundadas sobre as chamadas jóias, imediatamente o ex-presidente ordenou que tudo fosse devolvido. E assim foi feito. Conclusão: nada daquilo era ilícito, mas os presentes foram devolvidos. O que desejam mais? Quando este país voltará a ter paz?”, publicou Virgílio.
A PF solicitou as quebras de sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Bolsonaro e de sua esposa e ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para aprofundar as investigações do caso.
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