Vídeo mostra arcebispo de Londrina entregando hóstia para sheik árabe; não se sabe o que ele fez com a Eucaristia
A arquidiocese se esquivou de dar respostas, alegando que deixariam uma nota de esclarecimento – não publicada até agora
Vídeo mostra o arcebispo de Londrina (PR), Dom Geremias Steinmetz, na missa de exéquias do falecido cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, o segundo arcebispo da cidade, entregando a hóstia consagrada [Corpo de Cristo] nas mãos do Sheik Ahmad Saleh Mahairi, fundador da Mesquita Rei Faiçal, em Londrina, e maior autoridade para assuntos islâmicos no país. Nas imagens, Dom Geremias vê o árabe paramentado, que fura a fila da comunhão, e mesmo assim entrega a Eucaristia para ele. Mahairi, por sua vez, finge que vai comungar, mas em seguida abaixa a mão e não leva a Eucaristia até sua boca — este momento é filmado, mas em seguida o sheik sai do alcance da câmera e não é mais possível saber se ele de fato comeu a hóstia ou a levou para algum lugar.
O vídeo que mostra esse momento viralizou. Vários fiéis católicos usaram as redes sociais para criticar Dom Geremias e os ministros da Eucaristia que participavam daquela missa e não impediram o ocorrido. Eles lembram que, além da comunhão do Corpo de Cristo ser expressamente restrita aos batizados na Santa Igreja, existem instruções para que os ministros, e até mesmo os bispos, recusem a hóstia consagrada para os não-católicos, assim como os não-ministros e os não-ordenados não podem distribuí-la. A missa na Catedral reuniu dezenas de padres, arcebispos, bispos e cardeais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A equipe BSM tentou contato com o arcebispo e a arquidiocese de Londrina, buscando contextualizar a situação: o Sheik comungou do pão após sair de cena? Algum ministro da Eucaristia ou coroinha se movimentou para exigir a comunhão diante do altar – conforme legislação da própria Igreja? O arcebispo estava ciente de quem era o Sheik, e que ele, como não-batizado, não poderia comungar o Corpo de Cristo? A arquidiocese se esquivou de dar respostas, alegando que deixariam uma nota de esclarecimento – não publicada até agora.
Há indícios de que o arcebispo Geremias, além de vários outros participantes da missa e integrantes da cúpula da CNBB, conheciam o Sheik Mahairi, já que ele próprio é um dos líderes “religiosos” da comarca. O que se discute com frequência é a intenção do arcebispo que, segundo internautas, ignorou a doutrina da própria instituição.
Em um áudio gravado e compartilhado no WhatsApp, o padre Alexandre Alves, assessor eclesial dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC) da Arquidiocese de Londrina, e braço direito de Dom Geremias, tenta minimizar a repercussão, dizendo que “não há provas de que o líder religioso não tenha comungado o pão” – ignorando que o mesmo não poderia fazê-lo de qualquer forma.
O braço direito do arcebispo alegou também que os acusadores dele é que não podem comungar o Corpo de Jesus. Alves ainda disse que todos deveriam aguardar o pronunciamento do próprio arcebispo, que até o momento não falou nada.
O Sheik e a mesquita
O Sheik Ahmad Saleh Mahairi é o segundo sheik designado para a América Latina, responsável também pela fundação da segunda mesquita no Brasil, instalada em Londrina, a Mesquita Rei Faiçal.
Há mais de 20 anos é supervisor para assuntos islâmicos no país, sendo ainda o idealizador do Cemitério Islâmico da cidade além de professor de língua árabe na Universidade Estadual de Londrina (UEL) por mais de 18 anos. É doutor em Alcorão, jornalista com formação na Síria e autor de treze livros, sendo 12 religiosos e um de gramática árabe. Em 2013 recebeu da Câmara de Vereadores de Londrina o título de Cidadão Honorário.
Os muçulmanos chegaram à cidade quase que junto com a fundação da cidade, eram libaneses em geral, atraídos pelas novas oportunidades econômicas que uma cidade recém-fundada podia oferecer, porém a construção da mesquita seria somente anos depois. A construção da mesquita somente começou na década de 1960, e é tida como a segunda mesquita a ser construída no interior do Paraná, pois as demais só apareceriam na década de 1980.
A mesquita leva o nome de Mesquita Rei Faisal, em homenagem ao Rei Faisal II, rei do Iraque em meados da década de 1950 e 60. Hoje a mesquita conta com amplos espaços de oração, salas de eventos, e outros. Não se sabe ao certo quantos muçulmanos há em Londrina, porem apesar de ter a segunda mesquita mais antiga do interior do Paraná, a comunidade não é uma das maiores do Paraná, acredita-se que haja em torno de 200 muçulmanos em Londrina.
Questões doutrinárias
O documento oficial Redemptionis Sacramentum: sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia, do Vaticano, diz:
[85.] Os ministros católicos administrem licitamente os sacramentos, só aos fiéis católicos, os quais, igualmente, só recebam licitamente de ministros católicos, salvo quando se prescreve nos cânon 844 §§ 2, 3 e 4, e no cânon 861 § 2. Além disso, as condições estabelecidas pelo cânon 844 § 4, das que nada se pode anular, são inseparáveis entre si; visto que é necessário que sempre sejam exigidas simultaneamente.
A comunhão com o Corpo de Cristo deve suceder o Batismo, sacramento de iniciação da Igreja – ou melhor, da transformação da pessoa em membro do Corpo místico de Jesus de Nazaré. Sendo assim, a comunhão exige a Fé da Igreja Católica [Universal], que é a confiança de que a hóstia consagrada é o Corpo de Jesus, e o vinho é o Sangue. Ou seja, a comunhão sem a devida crença é pecado; a ação deve ser impedida invariavelmente.
O Catecismo da Igreja Católica ensina em seu número 1322 que a iniciação cristã é concluída com o Sacramento da Eucaristia, pois “os que foram elevados à dignidade do sacerdócio régio pelo Batismo e configurados mais profundamente a Cristo pela Confirmação, por meio da Eucaristia, participam com toda a comunidade do próprio sacrifício do Senhor".
O novo Catecismo cita também o que São Justino escreveu: “A ninguém é permitido participar da Eucaristia, senão aquele que, admitindo como verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo batismo para a remissão dos pecados e a regeneração, levar uma vida como Cristo ensinou” (CIC 1355).
“Todo aquele que comer do Pão ou beber do Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer deste Pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo come e bebe sua própria condenação” (1Cor 11,27-29).
Além disso, os fiéis católicos demonstram preocupação com a atitude dos ministros da eucaristia, liderados por Alexandre Alves, na Santa Missa de exéquias: em sua formação, são instruídos a cuidar com suas vidas para que a comunhão ocorra na frente do distribuidor da Eucaristia [ministros e sacerdotes].
[92.] Todo fiel tem sempre direito a escolher se deseja receber a sagrada Comunhão na boca ou se, o que vai comungar, quer receber na mão o Sacramento. Nos lugares onde Conferência de Bispos o haja permitido, com a confirmação da Sé apostólica, deve-se-lhe administrar a sagrada hóstia. Sem dúvida, ponha-se especial cuidado em que o comungante consuma imediatamente a hóstia, na frente do ministro, e ninguém se desloque (retorne) tendo na mão as espécies eucarísticas. Se existe perigo de profanação, não se distribua aos fiéis a Comunhão na mão.
Por mais que ainda não hajam evidências de o Sheik árabe ter comungado ou não a Eucaristia – o que já é um problema de qualquer modo – vale ressaltar a legitimidade da preocupação dos fiéis, de leigos e outros sacerdotes quanto as instruções para todos os ministros e bispos no recinto:
[132.] Ninguém leve a Sagrada Eucaristia para casa ou a outro lugar, contra as normas do direito. Deve-se considerar, além disso, que roubar ou reter as sagradas espécies com um fim sacrílego, ou jogá-las fora, constitui um dos «graviora delicta» (atos graves), cuja absolvição está reservada à Congregação para a Doutrina da Fé.
Já é esperado, na verdade, que o líder não-católico não creia no Corpo e Sangue como verdadeiramente presentes. Deste modo, a responsabilidade recai inteiramente na mão dos responsáveis pela Santa Ceia. Encerremos, portanto, com a ordem última do documento oficial:
[96.] Reprova-se o costume que contrarie as prescrições dos livros litúrgicos, inclusive que sejam distribuídas, semelhantemente à maneira de uma comunhão, durante a Missa ou antes dela, quer sejam hóstias não consagradas, quer sejam outros comestíveis ou não comestíveis. Posto que estes costumes, de nenhum modo, concordam com a tradição do Rito romano e levam consigo o perigo de induzir a confusão aos fiéis, respectivamente à doutrina eucarística da Igreja. Onde em alguns lugares exista, por concessão, o costume particular de abençoar e distribuir pão, depois da Missa, tenha-se grande cuidado de que se dê uma adequada catequese sobre este ato. Não se introduzam outros costumes similares, nem sejam utilizadas para isto, nunca, hóstias não consagradas.
Do Corpo – a própria Igreja
“O pão que partimos não é comunhão com o Corpo de Cristo? Visto que há um só Pão, nós, embora muitos, formamos um só Corpo, nós todos que participamos do mesmo Pão” (1Cor 10,17).
O Papa João Paulo II escreveu a encíclica Ecclesia de Eucharistia cujo item inicial diz que “a Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja." E mais, diz que “do mistério pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do mistério pascal, está colocada no centro da vida eclesial." Assim, a Igreja existe para celebrar a Eucaristia e é ela quem dá vida à Igreja, ou seja, uma dependência mútua entre ambas.
A importância da sagrada comunhão pelos católicos é “martírica”, considerando que ela é a própria Igreja e o próprio Cristo. Ignorando a fundamentação de cabo a rabo nas Sagradas Escrituras, vale citar a célebre passagem do Evangelho segundo São João:
Naquele tempo, os judeus discutiam entre si, dizendo: "Como é que ele pode dar a sua carne a comer?" Então Jesus disse: "Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue, verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por causa do Pai, assim o que me come viverá por causa de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram. Eles morreram. Aquele que come este pão viverá para sempre
Assim falou Jesus, ensinando na sinagoga em Cafarnaum." (Jo 6, 52-59).
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