BRASIL

Prefeitura de Canoas altera decreto para a requisição coercitiva de "bens particulares"

Luís Batistela · 13 de Maio de 2024 às 10:36 ·

De acordo com o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, as empresas alvo das requisições coercitivas "são os grandes atacadistas". 

As duras críticas dirigidas à Prefeitura de Canoas (RS), uma das regiões mais afetadas pelos temporais no estado, levaram o governo municipal a modificar o decreto para a "requisição administrativa de bens particulares”. Editado em 4 de maio, o documento autorizava a Secretaria Municipal de Administração e Planejamento (SMAP) a exigir coercitivamente de comércios itens e produtos para direcioná-los às vítimas das fortes chuvas, alegando que, doravante, o poder público indenizaria as empresas pela requisição dos insumos.

Inicialmente, foi elaborada uma lista de 16 itens, como travesseiros, colchões, cobertores, alimentos para animais e papel higiênico, que poderiam ser coletados pela prefeitura sob o "caráter coercitivo", devendo "ser cumprida de forma imediata". Em 10 de maio, um novo decreto ampliou de 16 para 24 produtos que poderiam ser requisitados pelo governo, com o acréscimo, por exemplo, de cestas básicas, fraldas e água potável.

De acordo com o documento, os insumos coletados seriam indenizados pelo poder público. No entanto, o decreto não evidenciou como o reembolso dos materiais seria realizado. Após ser questionada por veículos de imprensa, a Prefeitura de Canoas emitiu uma nota neste sábado (11) informando que a “modalidade de compra rápida não tem a ver com o confisco de doação, portanto, a informação de que isso está acontecendo é uma mentira”.

“Os processos licitatórios emergenciais, normalmente, levam de 4 a 7 dias úteis para serem efetivados. Um tempo que a cidade não poderia esperar, visto a urgência da calamidade que o município enfrentará. Por isso, a Prefeitura atualizou a Requisição Administrativa que, até o momento, permitiu de forma célere a aquisição de 10 mil cestas básicas, colchões, sacolas plásticas, rodos, vassouras, colchões, mantas, toalhas de banho, lençóis, fronhas, pratos específicos, além de lanternas e barcos para operar na linha de frente”, diz o comunicado.

O governo municipal ainda alegou que adicionará um parágrafo único “garantindo que as informações não sejam utilizadas de forma irresponsável”. Ainda neste sábado, o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, por meio de suas redes sociais, disse que “lamentavelmente, tem gente que prefere, em um momento desses, fazer politicagem. E a gente tem que parar, perder um tempo precioso, para desmontar fake news”. Jorge argumentou que as empresas alvo das requisições coercitivas “são os grandes atacadistas”.

 


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