O Palácio de Herodes e o assassinato dos inocentes
Com o crime do aborto, o velho rei tirano estende seus domínios sobre a humanidade
“Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: Ouviu-se um clamor em Ramá, choro e grande lamento; era Raquel chorando a seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não existem.”
(S. Mateus 2, 16–17)
Você ficou escandalizada, minha amiga, ao ler o relato da matança de inocentes no Evangelho de Mateus. De fato, é uma passagem assustadora. Mas ninguém duvida de que o rei Herodes tenha sido capaz de matar algumas dezenas de crianças em um vilarejo pobre. Sabe-se que ele cometeu atrocidades ainda piores.
O massacre dos inocentes tem aquela estranha beleza das coisas terríveis que encontramos em vários outros momentos das Escrituras. Por tal motivo, o assassinato das crianças inspirou grandes artistas. Visitando a Catedral da Sagrada Família, em Barcelona, um amigo ficou estarrecido diante das estátuas que reproduzem o episódio. Na Catedral de Chartres também há uma série escultórica sobre o massacre, na qual alguns personagens foram literalmente decapitados. Lembro, ainda, os quadros de Rubens e Cogniet – nesse último, assombra-me particularmente o olhar da mãe que tenta proteger o filho.
O problema, querida amiga, é que Herodes está vivo – e a matança de inocentes continua ocorrendo diante dos nossos olhos. Se estátuas de pedra e ferro causam tamanha comoção, o que diremos das vidas reais que podem se perder? Com o aborto, Herodes estende os seus domínios sobre a humanidade.
Não nos deixemos enganar, minha amiga: a estratégia do Herodes moderno é sinuosa como a serpente. No Brasil, os militantes herodianos já desistiram de aprová-lo no Congresso Nacional. Optaram, então, pela estratégia de utilizar o Judiciário para aprovar o assassinato de bebês. Estamos no reinado moderno de Herodes, cujo palácio se chama Estado. São Paulo afirma, em uma de suas cartas, que a criação geme como em dores de parto. Talvez agora o Apóstolo dissesse que ela geme em dores de morte.
– Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.
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