BRASIL

Ex-diretor do BC diz que governo Lula "acredita firmemente que o importante é aumentar os gastos públicos"

Luís Batistela · 2 de Julho de 2024 às 09:40 ·

"Ele é movido ideologicamente, tem alergia ao mercado. Acredita firmemente que o importante é aumentar os gastos públicos", disse o economista. 

O ex-diretor do Banco Central (BC) do Brasil, Roberto Castello Branco, em entrevista publicada pelo Estadão nesta segunda-feira (01), declarou que o governo Lula “é movido por ideologia” e “tem alergia do mercado”. De acordo com o economista, a administração petista “não tem qualquer preocupação com custos e com o aumento da produtividade”.  

Ao veículo, Castello Branco destacou que a “economia brasileira vem crescendo lentamente ao longo dos últimos trinta anos. Com isso, o Brasil ficou para trás. Fomos superados em renda per capita, em PIB (Produto Interno Bruto) per capita, por várias economias emergentes da América Latina, da Europa Oriental, da Ásia. Uma alavancagem importante para o desenvolvimento econômico, que é o crescimento da produtividade, também cresce lentamente, o que explica uma parte dessa maior performance. Além de não ter menor preocupação com custos, o governo também não está preocupado com o crescimento da produtividade. Ele é movido ideologicamente, tem alergia ao mercado. Acredita firmemente que o importante é aumentar os gastos públicos. Isso provoca problemas no curto prazo, gera incertezas e acaba levando à manutenção de uma taxa real de juros elevada”.

“O governo fica cada vez maior, mais gordo. O [Fernando] Haddad (ministro da Fazenda), que é o homem do Lula, que foi o candidato à Presidência na ausência do Lula em 2018, fica incorreto o tempo todo a culpa por todos os problemas nos outros. A última dele foi querer culpar o Congresso pelos males fiscais do País, porque o Legislativo devolveu uma Medida Provisória do governo que propunha um aumento da tributação no PIS/Cofins (Programa de Integração Social/Contribuição para o financiamento da Seguridade Social) das empresas, sem qualquer discussão prévia com os parlamentares e os empresários. Isso não se faz”, disse.

Ao mencionar a recente substituição de comando da Petrobras e as articulações para integrar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, em alguma estatal, Castello Branco criticou a política intervencionista do governo. Doravante, questionado sobre a paralização das privatizações, o economista argumentou que a medida “prejudica o aumento da produtividade porque as empresas estatais são muito ineficientes”. Castello Branco assumiu a presidência da Petrobras em janeiro de 2019, indicado pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes. No entanto, foi destituído do cargo por Jair Bolsonaro em fevereiro de 2021, devido aos aumentos nos preços dos combustíveis.

 


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