Dino diz que não vai exonerar secretários e assessores por reuniões com dama do tráfico e braço financeiro de facção
O ministro minimizou o caso e disse que os secretários não praticaram crime ao receber a esposa de um dos maiores líderes do tráfico de drogas em reuniões
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que não irá exonerar os secretários e assessores que receberam a "dama do tráfico" Luciane Barbosa Farias em audiências no Palácio da Justiça.
A fala de Dino ocorreu na quinta-feira (16), durante um evento no Ceará.
O ministro minimizou o caso e disse que os secretários não praticaram crime ao receber a esposa de um dos maiores líderes do tráfico de drogas em reuniões.
“Os secretários que receberam praticaram algum ato ilegal? Os secretários praticaram algum crime? Beneficiaram supostamente o Comando Vermelho em quê? É preciso ter um pouco de responsabilidade e de seriedade. Eu tenho o comando da minha equipe, confio na minha equipe e eu não demito secretário de modo injusto. Se eu fizesse isso, quem iria ser desmoralizado não ia ser o secretário, era eu”, declarou.
Dama do tráfico
Casada há 11 anos com o “criminoso número um” dos procurados da polícia amazonense, Luciane e seu marido – Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas – foram condenados em segunda instância por organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. De acordo com o Ministério Público, Clemilson adquiriu seu poder econômico em função do tráfico de drogas. O procurador Mário Ypiranga Monteiro Neto, em um trecho de sua denúncia em 2018, elencou que o criminoso costumava penalizar impiedosamente seus devedores, “ceifando-lhes a vida sempre que os crimes em que se envolvem lhes tornam credor”.
O MP do Amazonas classificou Luciene como o “braço financeiro” dos empreendimentos criminosos de seu marido. Segundo o departamento, ela exercia “papel fundamental também na ocultação de valores oriundos do narcotráfico, adquirindo veículos de luxo, imóveis e registrando ‘empresas laranjas’.” Seu ofício rendeu-lhe a “confiabilidade da cúpula da Organização Criminosa ‘Comando Vermelho’”. Em dezembro de 2012, o casal apresentou bens de R$ 30 mil na declaração de Imposto de Renda.
Enquanto Tio Patinhas cumpre 31 anos de detenção no presídio de Tefé (AM), sua esposa, condenada há dez anos, recorre em liberdade.
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