REFORMA TRIBUTÀRIA

"Aliado" de Bolsonaro, Ciro Nogueira diz que não impedirá membros do PP de se tornarem ministros de Lula

Rhuan C. Soletti · 13 de Julho de 2023 às 10:37 ·

Além disso, Nogueira diz que trabalhará pela aprovação da reforma tributária no Senado, com alguns ajustes, e afirma que tentou convencer seus colegas de que a reforma tributária não se trata de um “projeto do PT”

Em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira (13), o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, disse que não dificultará a adesão de integrantes da legenda ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, o congressista garante que seu partido seguirá formalmente sem apoiar o governo petista.

Segundo Nogueira, se o governo de Lula quiser dar cargo para o partido, é pensando na Câmara. “Eu acho legítimo. O governo tem que ter uma base, o que ele hoje não tem. Eu até posso não interferir nessas pessoas irem para o governo, desde que não envolvam o partido, desde que não prometam o partido”, declarou. 

“Eu dou minha palavra de que o PP não vai para o governo. Eu não sou menino de não achar que há uma parte do meu partido queira ir para o governo. Principalmente o pessoal do Nordeste. E eu tenho todo o respeito ao [Arthur] Lira. Mas do mesmo jeito que o Lira comanda a Câmara, e eu respeito isso, muito me recolhi para não desautorizá-lo, agora, partido quem comanda sou eu”, afirmou.

O senador disse que não conversa nem pretende conversar com o petista, mas afirmou nutrir um afeto recíproco por Lula. “Eu sei que o Lula gosta de mim e eu gosto dele. Lula me chama de ‘Cirinho’. É uma pessoa que eu gosto. Com a Dilma eu tinha relação política. Com o Lula não. Eu sei que ele gosta de mim e eu gosto dele. Ele pensa: ‘o Ciro foi governo em todos e não vai ser no meu’. Ele não aceita isso. Mas eu não tenho como. Seria magoar o presidente Bolsonaro de uma forma, e eu não vou fazer isso”, declarou.

Reforma tributária

Ciro Nogueira diz que trabalhará pela aprovação da reforma tributária no Senado, com alguns ajustes, e afirma que tentou convencer seus colegas de que a reforma tributária não se trata de um “projeto do PT”. O senador alegou que o ex-presidente errou ao se opor à matéria. 

A oposição do PL se deu em reunião realizada em 6 de julho, onde o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi vaiado depois de se manifestar a favor da reforma tributária. Ao lado de Bolsonaro, o chefe do Executivo paulista disse achar “arriscado” a direita abrir mão do projeto. Bolsonaro se opôs ao governador, junto de toda a platéia.

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“Ele sentiu que errou. Foi levado ao erro por aquelas pessoas mais extremistas. O próprio Valdemar errou. Eu estive na reunião [do PL sobre tributária] cedo. Eu comecei a perguntar aos deputados por que eles eram contra a reforma, qual ponto poderia ser melhorado. […] Quando eu vi que ninguém ali tinha lido o texto, eu vi que o debate não ia ser bom e fui embora”, afirmou Nogueira.

“Eu nunca imaginei que o Tarcísio fosse chegar lá. Se soubesse eu teria tirado ele de lá. Eu sabia que ele estava reunido com o Bolsonaro, mas não que iria para lá. Ali foi um erro”, disse.

Nogueira disse que é preciso evitar que os “doidos” tomem protagonismo, em referência aos "extremistas", para manter a direita unida e garantir as próximas eleições. O senador, questionado sobre um risco de racha na direita, declarou o seguinte: “Não vejo o menor risco disso. A não ser que pessoas tipo eu, não atuem. E a gente tem muita ascendência sobre o Tarcísio e o presidente Bolsonaro. Se deixar esses doidos tomarem conta, aí vai perder. Eu, a Tereza, o Rogério Marinho, o próprio Valdemar, não vamos deixar isso acontecer”.

A entrevista também tratou da Vice-Presidência da República, dos "erros de Bolsonaro", do apoio a Tarcísio, de Rodrigo Pacheco, de André Fufuca, de Gilberto Occhi e do Banco Central.

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