"Aliado" de Bolsonaro, Ciro Nogueira diz que não impedirá membros do PP de se tornarem ministros de Lula
Além disso, Nogueira diz que trabalhará pela aprovação da reforma tributária no Senado, com alguns ajustes, e afirma que tentou convencer seus colegas de que a reforma tributária não se trata de um “projeto do PT”
Em entrevista ao Valor Econômico, publicada nesta quinta-feira (13), o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, disse que não dificultará a adesão de integrantes da legenda ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao mesmo tempo, o congressista garante que seu partido seguirá formalmente sem apoiar o governo petista.
Segundo Nogueira, se o governo de Lula quiser dar cargo para o partido, é pensando na Câmara. “Eu acho legítimo. O governo tem que ter uma base, o que ele hoje não tem. Eu até posso não interferir nessas pessoas irem para o governo, desde que não envolvam o partido, desde que não prometam o partido”, declarou.
“Eu dou minha palavra de que o PP não vai para o governo. Eu não sou menino de não achar que há uma parte do meu partido queira ir para o governo. Principalmente o pessoal do Nordeste. E eu tenho todo o respeito ao [Arthur] Lira. Mas do mesmo jeito que o Lira comanda a Câmara, e eu respeito isso, muito me recolhi para não desautorizá-lo, agora, partido quem comanda sou eu”, afirmou.
O senador disse que não conversa nem pretende conversar com o petista, mas afirmou nutrir um afeto recíproco por Lula. “Eu sei que o Lula gosta de mim e eu gosto dele. Lula me chama de ‘Cirinho’. É uma pessoa que eu gosto. Com a Dilma eu tinha relação política. Com o Lula não. Eu sei que ele gosta de mim e eu gosto dele. Ele pensa: ‘o Ciro foi governo em todos e não vai ser no meu’. Ele não aceita isso. Mas eu não tenho como. Seria magoar o presidente Bolsonaro de uma forma, e eu não vou fazer isso”, declarou.
Reforma tributária
Ciro Nogueira diz que trabalhará pela aprovação da reforma tributária no Senado, com alguns ajustes, e afirma que tentou convencer seus colegas de que a reforma tributária não se trata de um “projeto do PT”. O senador alegou que o ex-presidente errou ao se opor à matéria.
A oposição do PL se deu em reunião realizada em 6 de julho, onde o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi vaiado depois de se manifestar a favor da reforma tributária. Ao lado de Bolsonaro, o chefe do Executivo paulista disse achar “arriscado” a direita abrir mão do projeto. Bolsonaro se opôs ao governador, junto de toda a platéia.
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“Ele sentiu que errou. Foi levado ao erro por aquelas pessoas mais extremistas. O próprio Valdemar errou. Eu estive na reunião [do PL sobre tributária] cedo. Eu comecei a perguntar aos deputados por que eles eram contra a reforma, qual ponto poderia ser melhorado. […] Quando eu vi que ninguém ali tinha lido o texto, eu vi que o debate não ia ser bom e fui embora”, afirmou Nogueira.
“Eu nunca imaginei que o Tarcísio fosse chegar lá. Se soubesse eu teria tirado ele de lá. Eu sabia que ele estava reunido com o Bolsonaro, mas não que iria para lá. Ali foi um erro”, disse.
Nogueira disse que é preciso evitar que os “doidos” tomem protagonismo, em referência aos "extremistas", para manter a direita unida e garantir as próximas eleições. O senador, questionado sobre um risco de racha na direita, declarou o seguinte: “Não vejo o menor risco disso. A não ser que pessoas tipo eu, não atuem. E a gente tem muita ascendência sobre o Tarcísio e o presidente Bolsonaro. Se deixar esses doidos tomarem conta, aí vai perder. Eu, a Tereza, o Rogério Marinho, o próprio Valdemar, não vamos deixar isso acontecer”.
A entrevista também tratou da Vice-Presidência da República, dos "erros de Bolsonaro", do apoio a Tarcísio, de Rodrigo Pacheco, de André Fufuca, de Gilberto Occhi e do Banco Central.
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