DIA DA MULHER
Vereadora é atacada por homenagear mulheres conservadoras
Feministas não concordam com outorga de medalha às deputadas catarinenses Carol De Toni e Ana Caroline Campagnolo
Todas as mulheres são iguais, mas algumas são menos iguais que as outras. Ao menos é assim que pensam os militantes esquerdistas incomodados com a outorga da Medalha Antonieta de Barros às deputadas catarinenses Ana Caroline Campagnolo e Carol De Toni. A indicação das duas parlamentares – as mulheres mais votadas da história de Santa Catarina – tem provocado choro e ranger entre a galera da lacração na mídia e nas redes sociais. Tudo porque as homenageadas são duas mulheres conservadoras. Em entrevista a Paulo Briguet, editor-chefe do BSM, a vereadora Maryanne Mattos (PL), da Câmara Municipal de Florianópolis, conta por que decidiu homenagear as deputadas e por que elas merecem a medalha – apesar da gritaria feminista:
BSM: Por que toda essa polêmica com a homenagem às deputadas?
Maryanne Mattos: A polêmica surgiu única e exclusivamente por eu estar homenageando mulheres conservadoras. Mulheres que costumam ser muito atacadas pelas feministas e pela esquerda: a deputada federal Carol De Toni e a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo, as mais votadas da história de Santa Catarina.
BSM: A partir de quando a sra. passou a ver o feminismo com outros olhos?
Maryanne Mattos: Eu já fui uma feminista. Criticava o conservadorismo sem conhecê-lo. Mas chegou um tempo em que eu parei para refletir e vi que estava julgando aquilo que não conhecia. Passei a estudar mais, a ler sobre o assunto, até que me caiu em mãos o livro da Ana Campagnolo (Feminismo: Perversão e Subversão). Foi como se tirassem uma venda dos meus olhos! A partir do momento em que comecei a me posicionar em defesa dela e criticar o feminismo, passei a ser atacada. Fui eleita vereadora em 2020. Trabalho com segurança pública, fui comandante da Guarda Municipal de Florianópolis. Sempre combati a violência contra as mulheres – e continuo combatendo. Mas eu atuava de uma maneira mais suave... Na verdade, nunca concordei com as posições mais radicais das feministas, mas eu me considerava uma delas, porque eu entendia equivocadamente que ser feminista é atuar em defesa das mulheres. Nas últimas eleições, percebi o nível de agressividade da militância de esquerda contra as mulheres conservadoras, que também querem lutar pelos seus direitos e seus valores. As feministas supostamente defendem o direito de a mulher ser o que quiser, mas se tornam agressivas quando uma mulher fala de religião, de defesa da família ou de conservadorismo.
BSM: Em que circunstâncias a sra. decidiu manifestar publicamente suas novas posições?
Maryanne Mattos: No início, eu percebia esse comportamento das feministas, mas não me manifestava, ficava quieta, até por medo de ser atacada. Mas, como eu costumo dizer, não existe coincidência nesta vida. Quando minha completou 16 anos, ganhou de presente de aniversário o livro da Ana Campagnolo. Eu já acompanhava a trajetória da Ana e a seguia nas redes sociais, mas o livro foi uma revelação. Descobri que havia aprendido tudo errado sobre feminismo. Na Universidade, há 20 anos, eu havia feito uma pós-graduação em Educação e Sexualidade Humana. Na época, não se falava tanto em gênero. No curso que fiz existiam apenas dois sexos: o feminino e o masculino – embora se falasse bastante sobre as diversas orientações sexuais. Lembro-me, porém, que já havia um incômodo entre a UDESC, onde estudei, a UFSC, que já fazia pesquisas de gênero. Depois de fazer essa pós-graduação, eu prestei concurso e entrei na Guarda Municipal. Lá eu comecei a defender sempre as mulheres, com o discurso de “mulher pode ser o que ela quiser”. Depois que li o livro da Ana, comecei a me culpar por defender o feminismo. Passei por uma certa crise. Comecei a me questionar: se não sou feminista, o que eu sou então? Mas de repente, compreendi a realidade: não há problema em não ser feminista. Eu sou uma mulher que defende as mulheres, que combate a violência contra a mulher e quero que as mulheres sejam respeitadas sem rótulos. Antigamente, eu ficava retraída em reuniões com a presença de pessoas de esquerda e cheguei até a usar “todes” – veja que absurdo! Mas hoje em dia eu me recuso a usar gênero neutro. Na Comissão da Mulher da Câmara, eu me recusei a ser chamada de “membra”. Ora, essa palavra não existe na língua portuguesa! Eu fui comandante da Guarda Municipal, e não comandanta. Ninguém vai ditar como eu devo agir e que palavras eu devo usar. A ficha caiu. Para minha geração da universidade, nunca foi dito que existia um Olavo de Carvalho. Hoje eu leio os livros dele.
BSM: A sra. tem sido atacada por militantes na mídia. Como tem sido o debate sobre o assunto na Câmara?
Maryanne Mattos: Nesta segunda-feira, na sessão da Câmara, foi muito engraçado, porque eu usei o discurso das feministas contra as próprias feministas. Por que eu cheguei a ouvir delas: “A sra. precisa tomar cuidado com o que fala”. Ora, eu não permito que ninguém diga qual deve ser o tom e o conteúdo da minha fala! O interessante é que os vereadores homens começaram a me defender.
BSM: A sra. acredita que a homenagem às deputadas será aprovada pela Câmara?
Maryanne Mattos: Hoje a matéria vai passar pela Comissão de Educação, em que há duas vereadoras de esquerda e três vereadores. As vereadoras certamente vão votar contra. Mas eu acredito que os vereadores vão votar favoravelmente. Veja que ironia: três homens vão garantir a homenagem às deputadas mais votadas da história do nosso Estado! Engraçado isso... Eu vou homenagear mulheres que me representam, que me inspiram, que representam milhares de catarinenses, porque foram as mais votadas da história – e nós não seremos caladas por causa dos três homens da comissão. Para aprovar a homenagem, precisamos de 12 dos 23 votos em plenário. Acredito que vamos conseguir.
BSM: Quem foi Antonieta de Barros?
Maryanne Mattos: O pessoal da esquerda diz que é um absurdo conceder a Medalha Antonieta de Barros a mulheres conservadoras, porque Antonieta era negra e seria feminista. Segundo elas, as deputadas defendem o contrário do que Antonieta defendia. Muito bem, então eu resolvi ler a biografia da Antonieta, escrita por uma autora feminista. E descobri que a Antonieta era extremamente conservadora, extremamente católica. Ela jamais usou o discurso racial, sempre se colocava como mulher e professora. Pertencia ao Partido Liberal Catarinense, que depois se tornou PSD. Participava intensamente das ações aqui da Liga Católica, das celebrações do Senhor dos Passos. Antonieta falava muito em Deus, falava muito em família. Ela foi a primeira mulher a comprar um carro em Santa Catarina, uma das primeiras a dirigir. No período do Carnaval, ela não frequentava as festas e fazia um retiro em um sítio que comprou. Algumas vezes ela afirmou que não era feminista. Dizia não aceitar o “feminismo com cigarro ao canto da boca”. Por tudo isso, eu estou mais do que convencida de que a Ana Campangolo e a Carol De Toni merecem a Medalha Antonieta de Barros.
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