“O fim da história será um futuro com mais inflação”, diz economista sobre o PAC da industrialização
Em entrevista ao BSM, o especialista em finanças Eduardo Cavendish aponta que o programa Nova Indústria Brasil, que prevê investimentos de R$ 300 bilhões via BNDES é apenas a repetição de fórmulas antigas que não deram certo. E pior: irá trazer inflação para o brasileiro
Minutos antes do anúncio espetaculoso do programa Nova Indústria Brasil — chamado pelo governo Lula de “Plano Safra da Indústria” —, o próprio ocupante da Presidência aparentava estar mais nervoso do que o habitual no Palácio do Planalto.
O motivo seria explicado dias depois da apresentação do conjunto de incentivos que prevê um aporte de R$ 300 bilhões nos próximos 10 anos por meio de fomentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) em uma manobra que a gestão lulista classifica como “revolução do parque industrial brasileiro”.
Embora não tenha perdido a usual prepotência no uso do jargão “nunca na história desse país”, Lula criticou sua própria equipe pela falta de novidades e de explicações para a execução do Nova Indústria Brasil — uma espécie de primo mais novo do Novo PAC (a terceira edição do nunca concluído Plano de Aceleração do Crescimento).
Alheio à bronca dada pelo petista em seus comandados, entidades de peso como a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) emitiram notas de incondicional apoio, apontando que o pacote de incentivos “era tardio”.
Na visão do economista e especialista em finanças formado pelo Ibmec e FGV, Eduardo Cavendish, que acompanha de perto há décadas a relação quase sempre comprometedora da máquina estatal com o parque industrial brasileiro, o Nova Indústria Brasil reflete, quase ao pé da letra, a opinião dada pelo próprio Lula: “Velhos debates sobre velhos problemas”. Veja a seguir a entrevista que Cavendish concedeu ao BSM:
