ARTIGO

Rio em ruínas: O desespero da cidade em guerra

Especial para o BSM · 24 de Maio de 2024 às 17:10 ·

Conflitos criminais e ADPF 635 levam o Rio de Janeiro à beira do abismo

Por Marcus Tavares

Rio de Janeiro, 18 de maio de 2024  
— Uma cidade outrora conhecida por suas praias ensolaradas e seu carnaval vibrante agora enfrenta uma realidade sombria e devastadora em suas comunidades. Sob o peso implacável da violência e do caos, as comunidades do Rio de Janeiro estão à beira do abismo, com seus moradores enfrentando uma luta diária pela sobrevivência.

A implementação da polêmica ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, destinada a lidar com a crise de segurança pública, apenas exacerbou os problemas que assolam a cidade. Nos últimos 10 anos, o Rio testemunhou uma escalada sem precedentes de confrontos armados, deixando um rastro de destruição moral, econômica, social e histórica em seu caminho.

A violência desenfreada e a impunidade resultante minaram os valores éticos da sociedade carioca, deixando os cidadãos do asfalto à mercê da lei das milícias e dos narcotraficantes.

Cada dia traz consigo um novo capítulo da violência que devora vidas inocentes sem misericórdia. Famílias são dilaceradas, arrancadas de suas casas e comércios pela crueldade impiedosa da guerra das facções revezam seu poder nas comunidades disputando terreno palmo a palmo. Mães choram a perda de filhos inocentes, enquanto crianças crescem órfãs, sem receber o conforto de um abraço familiar, seja do pai, de um irmão ou da própria mãe, já que as balas perdidas não poupam ninguém. Em menos de trinta dias duas mulheres inocentes morreram por conta desses incidentes.

Os traumas psicológicos se enraízam na alma da cidade e dos cidadãos, deixando cicatrizes invisíveis que nunca desaparecerão. Cada estampido de armas de guerra é um lembrete brutal dos horrores que testemunharam, assombrando-os em seus sonhos e atormentando-os durante ao sair e na volta do trabalho para suas casas.

O distanciamento da família e dos amigos tornou-se uma triste realidade para muitos moradores do Rio. O medo constante da violência e as barricadas em comunidades obrigam as pessoas a se separarem, buscando refúgio em lugares distantes, na vã esperança de encontrar segurança longe do caos que consome sua cidade natal.

O lamento dos enlutados ressoa pelas ruas desertas de uma cidade que outrora eram vibrantes com crianças e adultos compartilhando momentos de lazer, mas agora a dor de cada vida perdida prematuramente para a brutalidade da guerra silencia toda alegria e paz de outrora, e sem fim a vista, vai demolindo a vida social da cidade.

Enquanto o povo do Rio de Janeiro chora em desespero, o silêncio ensurdecedor do estado ressoa como um eco cruel através das ruas dilaceradas pela violência, mas a resposta do governo tem sido uma dolorosa demonstração de inércia e indiferença. Governo do estado e prefeitura agem como se não fossem parte da solução. O prefeito é aliado do partido autor da desta famigerada ADPF635 e concorre a reeleição como se a cidade ainda fosse maravilhosa. 

As promessas vazias dos políticos caem como cinzas sobre os destroços de uma cidade queimada pela negligência, indiferença e a tradicional má gestão.

Enquanto as famílias se despedaçam, o estado permanece distante, fechando os olhos para o sofrimento de seus cidadãos. Os apelos por justiça caem em ouvidos surdos, enquanto os que clamam por ajuda são deixados à mercê da brutalidade que consome a cidade.

A inércia do estado é uma sentença de morte para muitos que vivem nas áreas mais afetadas pela violência. A falta de políticas eficazes de segurança pública e de investimentos em comunidades carentes é um convite aberto para o caos prosperar, e tem prosperado, e está alimentando o ciclo interminável de violência, desespero e degradação social.

Os governantes do Rio de Janeiro se curvam sob o peso de sua própria tragédia, resta saber se algum raio de esperança ainda brilhará através das nuvens escuras que pairam sobre essa cidade marcada pelo medo e recolhimento social.
Enquanto o poder público do Rio de Janeiro se debate sob o peso da violência urbana, exemplos inspiradores de ações governamentais bem-sucedidas ao redor do mundo oferecem uma luz no fim do túnel. Com determinação e coragem, é possível implementar medidas eficazes para resgatar a cidade do abismo da criminalidade, há solução, mas falta ação.


O Legado de Rudolph Giuliani em Nova York

O ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani ficou conhecido por suas políticas de "tolerância zero" contra o crime, que transformaram a cidade em uma das mais seguras dos Estados Unidos. Investimentos maciços em policiamento comunitário, combate ao tráfico de drogas e revitalização de áreas urbanas degradadas foram fundamentais para o sucesso de sua gestão, mas no Brasil há o agravante da legislação pró-crime, como vemos no caso da ADPF635, Audiências de Custódia, desencarceramento e outras barbaridades jurídicas. 

Exemplos como os aplicados por Rudolph Giuliani com sua política de tolerância zero oferecem insights valiosos para o Rio de Janeiro. Investimentos em policiamento comunitário, programas de prevenção ao crime e reabilitação de infratores podem ajudar a reconstruir a confiança entre o Estado e os cidadãos, restaurando a ordem e a segurança nas áreas afetadas pela violência.

É hora de abandonar a inércia e as diferenças políticas e abraçar a cidade. Com lideranças políticas trabalhando em prol da cidade e seriedade no combate a esses grupos terroristas, o Rio de Janeiro pode superar os desafios que enfrenta e construir um futuro mais seguro e próspero para todos os seus habitantes. A esperança não está perdida, desde que haja vontade política e determinação para derrubada da ADPF635 e as outras aberrações jurídicas que destroem a cidade e faz reféns seus cidadãos.

Enquanto isso não acontece os cidadãos do Rio estão abandonados a própria sorte, clamam por justiça e segurança para aqueles que prometeram uma cidade mais segura. O estado se mostra incapaz ou não disposto a enfrentar os desafios que assolam a cidade que se afunda cada vez mais na escuridão, abandonado à sua própria sorte por aqueles que juraram protegê-lo.

Marcus Tavares é empresário e cidadão carioca. Foi colunista da Tribuna Diária.

 


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