Ninguém acredita na Justiça brasileira
Órgãos como o Supremo Soviete, o Tribunal Soviético Eleitoral e o Soviete Nacional de Justiça se transformaram em máquinas para beneficiar amigos e destruir inimigos do atual regime
Em Fahrenheit 451, Ray Bradbury descreve uma sociedade em que os bombeiros, em vez de apagar o fogo, utilizam lança-chamas para provocar incêndios. O principal alvo dos bombeiros incendiários são os livros — que na história simbolizam a inteligência humana, ou seja, a capacidade de apreender a verdade. O bombeiro que ateia fogo em livros, por sua vez, representa algo que é essencial nos sistemas totalitários: a inversão revolucionária de todas as coisas. Na sociedade distópica, o culpado condena o inocente, o crime determina a lei, a doença trata o médico e o presidiário vira presidente. É o império do crime sem castigo e do castigo sem crime.
O sistema judiciário brasileiro está acometido pela síndrome de Fahrenheit 451. Diante da notícia do afastamento da juíza Gabriela Hardt, que condenou Lula a mais de 12 anos de prisão, e dos desembargadores Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, que confirmaram a sentença, não resta a menor dúvida: os chefões da lei acabaram com toda a credibilidade da Justiça brasileira. Órgãos como o Supremo Soviete Federal, o Tribunal Soviético Eleitoral e o Soviete Nacional de Justiça se transformaram em máquinas de vingança com apenas duas funções: beneficiar os amigos e destruir os inimigos do patronato político do país.
A verdade é que ninguém mais acredita em tipos como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Flávio Dino e Luís Salomão. Nem mesmo os apoiadores da atual ditadura; os petistas no fundo sabem que toda essa história de golpe do 8 de janeiro é uma farsa mal escrita. Os caras condenaram idosas de Bíblia e terço na mão a 17 anos de cadeia e agora querem nos fazer engolir a punição aos juízes que prenderam Lula, um sujeito que afirmou com todas as letras que não descansaria enquanto não prendesse todos os seus inimigos?
A verdade é que ninguém mais acredita na Justiça brasileira. E foram eles, os chefões da lei, que provocaram isso.
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