BRASIL

Denúncia contra Lancellotti deve ser encaminhada ao MP, CNBB e Vaticano

Redação BSM · 23 de Janeiro de 2024 às 08:08 ·

Uma perícia realizada em um vídeo gravado no dia 26 de fevereiro de 2019 confirmou que é o padre Júlio Lancellotti que aparece se masturbando para um jovem menor de idade. Nas imagens, gravadas pela própria vítima, aparece o rosto do sacerdote

As acusações contra o padre Júlio Lancellotti devem ser enviadas tanto ao Ministério Público, quanto à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e ao Vaticano.

Os vídeos que mostram o padre se masturbando para um menor de idade e o documento de perícia forense devem ser encaminhados nesta terça-feira (23). 

O material foi entregue ao arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, pelo próprio presidente da Câmara Municipal da cidade, o vereador Milton Leite (União). 

O que aconteceu?

Uma perícia realizada em um vídeo gravado no dia 26 de fevereiro de 2019 confirmou que é o padre Júlio Lancellotti que aparece se masturbando para um jovem menor de idade. Nas imagens, gravadas pela própria vítima, aparece o rosto do sacerdote.

O laudo da perícia foi divulgado com exclusividade pela Revista Oeste.

Com 79 páginas, o laudo descreve os frames dos vídeos após a realização de exames prosopográficos, uma técnica que identifica as características faciais e do ambiente.

No ano de 2020, Lancellotti foi denunciado depois que os vídeos circularam na internet, no entanto o processo foi arquivado pelo Ministério Público por "falta de materialidade". 

Nas imagens, o padre troca mensagens em teor sexual falando sobre ereção e coito com o adolescente. 

A Arquidiocese de São Paulo ainda não se manifestou sobre o caso.

Neste sábado (2), o BSM ouviu com exclusividade a atual senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que possui uma grande luta contra o abuso infantil e redes de pedofilia no Brasil.

Damares afirmou que "as questões políticas precisam ser deixadas de lado, e o barulho tem que ser diminuído, pois se for verdade [o caso do padre] tem vidas envolvidas e existem vítimas que vão precisar de apoio e acolhimento e não podem ser expostas". 

Ao ser questionada se ela chegou a receber denúncias sobre Lancellotti enquanto esteve à frente do ministério, Damares disse que todas as denúncias eram encaminhadas para órgãos competentes investigarem. 

"Informo que por motivos legais, éticos e também para que nenhuma das inúmeras investigações que ainda estão em curso sejam prejudicadas, eu não posso me manifestar sobre as denúncias que chegaram ao Ministério, enquanto eu estava na condução da pasta. Mas registro que todas as denúncias recebidas pelo canal Disque 100, por e-mail, por telefone, pelos aplicativos de mensagens, ou as que foram encaminhadas ou entregues  diretamente no gabinete ministerial receberam o mesmo tratamento, obedeceram o protocolo existente e, seguiram o fluxo estabelecido, ou seja, todas foram encaminhadas às autoridades responsáveis por investigar. As denúncias, seguindo o protocolo, eram enviadas pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos ao Ministério Público e/ou à polícia, sendo a elas anexados imagens ou documentos recebidos com o pedido do sigilo necessário visando sempre a proteção dos denunciantes", enfatizou.

A senadora cobrou que as autoridades de São Paulo investiguem o caso, pois "onde tem esquema de pedofilia, também há tráfico de crianças". 

"As autoridades do Estado de São Paulo não podem se omitir e agora mais do que nunca entendo necessária uma CPI. Não sei se era esta intenção dos vereadores quando propuseram a CPI, mas agora entendo necessária e urgente a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito pois onde tem esquema de pedofilia também tem tráfico de crianças", enfatizou. 

Pedido de CPI

O vereador de São Paulo, Rubinho Nunes (União), planeja lançar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar as atividades das organizações não governamentais (ONGs) que estão operando na Cracolândia, localizada na região central da cidade.

De acordo com Nunes, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais focos da CPI das ONGs. O vereador começou a recolher assinaturas para a instalação da CPI desde dezembro de 2023, mas, em janeiro deste ano, foi boicotado por parlamentares que retiraram o apoio. O foco da investigação é apurar não apenas as ações de Organizações Não Governamentais (ONGs), mas também o trabalho realizado pelo padre Júlio Lancellotti, amigo de Lula, com os moradores da Cracolândia.

O padre está envolvido em diversas controvérsias, incluindo alegações mais antigas e pessoais de pedofilia. Diante das acusações e vídeos na internet, vários sites e jornais saíram em defesa do padre, alegando que tudo não passa de uma grande mentira e perseguição contra o amigo padre de extrema-esquerda. Mas esse não é o foco da Comissão.

O autor do requerimento acusa essas organizações de estarem envolvidas em uma suposta "máfia da miséria" que explora os dependentes químicos no centro da capital. Segundo o vereador, essas entidades recebem financiamento público para fornecer alimentos, kits de higiene e itens para uso de drogas, seguindo a prática conhecida como política de redução de danos, direcionada à população em situação de rua.

 


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