BRASÍLIA

Com "toma lá, dá cá", Congresso aprova MP que mantém a criação de 14 novos ministérios no governo Lula

João Pedro Magalhães · 1 de Junho de 2023 às 17:26 ·

Diante de um impasse criado com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com alguns líderes, Lula liberou R$ 1.7 bilhão em emendas parlamentares antes da votação da Medida Provisória 

Após votação favorável na Câmara dos Deputados, o Senado também aprovou, nesta quinta-feira (01), a Medida Provisória (MP) que permitiu a criação de 14 novos ministérios no governo Lula. A MP, além de garantir que o governo mantenha os seus 37 ministérios, altera algumas de suas atribuições.

A medida foi aprovada no último dia do prazo de votação, o que sinalizou uma insatisfação do Congresso Nacional em relação à articulação do Poder Executivo. Diante do impasse e do pouco tempo restante para a aprovação, o governo liberou R$ 1.7 bilhão em emendas parlamentares.

Assim que apresentada, a MP permitiu que Lula reestruturasse a Esplanada com as 14 novas pastas, mas para que continuasse valendo, dependia da aprovação do Congresso. Se o texto fosse rejeitado, o governo seria obrigado a retornar à estrutura de ministérios do governo anterior, no qual Jair Bolsonaro tinha apenas 23 pastas.


O que são as MPs?

As medidas provisórias são editadas pelo presidente da República e entram em vigor, com força de lei, assim que são publicadas no Diário Oficial da União. Entretanto, para que tenham suas eficácias mantidas, as MPs necessitam ser aprovadas pelo Congresso Nacional em um prazo de 120 dias.


O líder da oposição, o senador Rogério Marinho (PL-RN) votou de maneira favorável à MP 1.154/2023, pois disse reconhecer a legitimidade do presidente da República para definir o número e estrutura de seus ministérios.

"A mudança é uma prerrogativa de quem administra e de quem quer implantar sua agenda e desenvolver as politicas públicas que defende. Temos nossas diferenças e discordâncias, mas acreditamos que a iniciativa de proposição de uma nova estrutura organizacional pertence ao Poder Executivo" , afirmou.

Na última quarta-feira (31), o senador foi condenado, em primeiro grau, pela justiça estadual do Rio Grande do Norte à perda de mandato em decorrência de uma ação por suposto esquema de "funcionários fantasmas" na Câmara Municipal de Natal, capital do estado, onde Marinho foi vereador e presidente da Casa. O senador poderá recorrer da decisão, que não tem efeitos imediatos.

Já o senador Sergio Moro (União-PR), votou contra a MP, por reconhecer os gastos que 14 novos ministérios trazem aos cofres públicos e, consequentemente, ao pagador de impostos.

"Vivemos um contexto em que é muito clara a necessidade de uma contenção fiscal para impedir uma trajetória de crescimento da dívida pública, mas também gerar redução dos juros. Na reforma apresentada pelo governo Lula, temos um aumento exponencial no total de ministérios, de 23 vamos para 37. A gente não consegue vislumbrar nesta construção qualquer ganho de eficiência administrativa", dispôs o ex-juiz.

Em consulta pública, disponível no site oficial do Senado Federal, a população rejeitou massivamente a MP. Veja:

 

Apesar da grande rejeição por parte da população, a Medida Provisória foi aprovada no Senado com apenas 19 votos contrários.

Confira a lista dos ministérios da nova estrutura:

- Agricultura e Pecuária;
- Cidades;
- Cultura;
- Ciência, Tecnologia e Inovação;
- Comunicações;
- Defesa;
- Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar;
- Integração e do Desenvolvimento Regional;
- Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome;
- Direitos Humanos e da Cidadania;
- Fazenda;
- Educação;
- Esporte;
- Gestão e Inovação em Serviços Públicos;
- Igualdade Racial;
- Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços;
- Justiça e Segurança Pública;
- Meio Ambiente e Mudança do Clima;
- Minas e Energia;
- Mulheres;
- Pesca e Aquicultura;
- Planejamento e Orçamento;
- Portos e Aeroportos;
- Povos Indígenas;
- Previdência Social;
- Relações Exteriores;
- Saúde;
- Trabalho e Emprego;
- Transportes;
- Turismo;
- Controladoria-Geral da União.

Os órgãos com status de ministério são:

- Casa Civil da Presidência da República;
- Secretaria das Relações Institucionais da Presidência;
- Secretaria-Geral da Presidência;
- Secretaria de Comunicação Social;
- Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
- Advocacia-Geral da União (AGU).

Veja a lista de senadores que votaram pela aprovação

Alessandro Vieira (PSD) Sim

Ana Paula Lobato (PSB) Sim

Angelo Coronel (PSD) Sim

Augusta Brito (PT) Sim

Beto Faro (PT) Sim

Carlos Viana (PODEMOS) Sim

Chico Rodrigues (PSB) Sim

Cid Gomes (PDT) Sim

Confúcio Moura (MDB) Sim

Davi Alcolumbre (UNIÃO) Sim

Eduardo Braga (MDB) Sim

Efraim Filho (UNIÃO) Sim

Eliziane Gama (PSD) Sim

Fabiano Contarato (PT) Sim

Fernando Dueire (MDB) Sim

Fernando Farias (MDB) Sim

Flávio Arns (PSB) Sim

Giordano (MDB) Sim

Humberto Costa (PT) Sim

Irajá (PSD) Sim

Izalci Lucas (PSDB) Sim

Jader Barbalho (MDB) Sim

Jaques Wagner (PT) Sim

Jayme Campos (UNIÃO) Sim

Jorge Kajuru (PSB) Sim

Jussara Lima (PSD) Sim

Laércio Oliveira (PP) Sim

Leila Barros (PDT) Sim

Lucas Barreto (PSD) Sim

Mara Gabrilli (PSD) Sim

Marcelo Castro (MDB) Sim

Marcio Bittar (UNIÃO) Sim

Margareth Buzetti (PSD) Sim

Nelsinho Trad (PSD) Sim

Omar Aziz (PSD) Sim

Oriovisto Guimarães (PODEMOS) Sim

Otto Alencar (PSD) Sim

Paulo Paim (PT) Sim

Professora Dorinha Seabra (UNIÃO) Sim

Randolfe Rodrigues (REDE) Sim

Renan Calheiros (MDB) Sim

Rodrigo Cunha (UNIÃO) Sim

Rogério Carvalho (PT) Sim

Sérgio Petecão (PSD) Sim

Soraya Thronicke (UNIÃO) Sim

Styvenson Valentim (PODEMOS) Sim

Teresa Leitão (PT) Sim

Veneziano Vital do Rêgo (MDB) Sim

Weverton (PDT) Sim

Zenaide Maia (PSD) Sim

Zequinha Marinho (PL) Sim

 

Na noite da última quarta-feira (31), a MP foi aprovada na Câmara dos Deputados. Veja o voto de cada deputado federal, clicando aqui.

 


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