Zema enfatiza a intensificação do bloco Sul-Sudeste em contraponto ao Consórcio Nordeste e gera repercussão
Segundo o governador, existe a necessidade de ampliar as atividades do consórcio como reação do protagonismo do bloco Norte-Nordeste, majoritariamente de esquerda
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu a atuação do Consórcio Sul-Sudeste (Cosud), atualmente presidido pelo governador Ratinho Júnior, do Paraná, e afirmou que o objetivo do grupo é conquistar "protagonismo político".
"Temos 256 deputados – metade da Câmara – 70% da economia e 56% da população do País. Não é pouco, né? Já decidimos que, além do protagonismo econômico que temos, nós queremos - o que nunca tivemos - o protagonismo político." As falas são de uma entrevista publicada no Estadão no sábado (5).
Segundo o governador, ele enfatiza a necessidade de ampliação das atividades do consórcio como reação ao protagonismo do bloco Norte-Nordeste. O governador mineiro reclamou dessa união e representatividade desses estados, que são "muito menores em termos de economia e população", segundo ele.
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Zema afirma que, em contraste com os estados do Norte, os estados do Sul e Sudeste arrecadam muito mais à União do que recebem de volta. "Se não, você vai cair naquela história do produtor rural que começa a dar um tratamento bom apenas para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco, as que produzem muito vão começar a reclamar do mesmo tratamento", declarou.
Na entrevista, o mineiro diz que o Norte e o Nordeste, regiões que, por estarem mais organizadas, têm uma ideologia esquerdista mais condensada e ativa, conseguem votar e aprovar projetos de seus interesses em Brasília, graças à união e ativismo.
"Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando apenas o seu quintal, perdemos", declarou. O governador prossegue nas críticas à esquerda:
“Enxergo a esquerda como um adversário que na comunicação, na propaganda dá trabalho, mas no resultado? Pode esquecer porque eles nunca vão conseguir o melhor resultado em termos de crescimento da economia, de desenvolvimento”. Segundo ele, a esquerda tem um discurso apelativo e o usa em detrimento de entregar melhorias para a sociedade: “Mas é um discurso sedutor, é meio que o canto da sereia: nós somos social, nós somos verdes. Eu bato palmas e aplaudo a esquerda porque eles conseguem fazer uma lavagem mental, mas na prática não tem nada”.
De maneira hipócrita e utilizando a tática milenar de acusar o adversário do que a própria esquerda faz, o ministro da Justiça Flávio Dino publicou nas redes sociais: “É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art. 19, que é proibido 'criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si'. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”.
— Flávio Dino(@FlavioDino) August 6, 2023
Contudo, a publicação de Dino repercutiu mal entre aqueles que realmente leram a entrevista. Fizeram questão, na sessão de comentários, de relembrar ao ministro o que ele mesmo tentava esconder (Flávio Dino presente na inauguração do bloco de esquerda):
— RIP_ESQUERDA(@rip_esquerda) August 6, 2023
— Luiz Cláudio (@luizcl_souza) August 6, 2023
Em resposta às críticas, Zema publicou em seu Twitter (X): “A união do Sul e Sudeste jamais será para diminuir outras regiões. Não é ser contra ninguém, e sim a favor de somar esforços. Diálogo e gestão são fundamentais para o país ter mais oportunidades. A distorção dos fatos provoca divisão, mas a força do Brasil está no trabalho em união.”
— Romeu Zema (@RomeuZema) August 6, 2023
A esquerda pode, a direita não
Com a força política de suas canetas, os governadores dos nove estados do Nordeste – sete deles de partidos de esquerda – intensificaram agendas conjuntas, afinaram o discurso e tentaram dar peso político à região. Os governadores de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe formalizaram em Salvador a criação do Consórcio Nordeste, uma entidade que viabilizou parcerias políticas entre os estados da região.
Segundo a auto-definição do bloco esquerdista, o Consórcio foi criado em 2019 para ser o instrumento jurídico, político e econômico de integração dos nove Estados da região Nordeste do Brasil.
É uma iniciativa que pretende atrair investimentos e alavancar projetos de forma integrada, constituindo-se, ao mesmo tempo, como uma ferramenta de gestão criada e à disposição dos seus entes consorciados, e como um articulador de pactos de governança. Dentre as possibilidades abertas com a criação do Consórcio, estão a realização de compras conjuntas, a implementação integrada de políticas públicas e a busca por cooperação, também em nível internacional.
Essa é justamente a proposta de Zema em relação ao Consórcio Sul-Sudeste (Cossud), ao longo da entrevista.
Denunciando ainda mais a hipocrisia, o Consórcio Nordeste emitiu uma nota neste domingo (6) criticando as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao jornal O Estado de S. Paulo.
O deputado petista de Minas Gerais, Ulysses Gomes, também contribuiu com a distorção das falas e ocultação forçada do bloco nordestino, quando publicou em seu Twitter (X):
“Como é triste para o nosso estado ter um governador com a mentalidade de Zema. Enquanto o presidente Lula defende a união do País, por aqui assistimos o mais puro suco de "bolsonarismo" nas falas xenofóbicas do governador, insuflando ainda mais o radicalismo no Brasil.
É lamentável ver a falta de respeito e empatia, em meio às desigualdades socioeconômicas do país, deste sujeito! Governador, somos um só povo, uma só nação! Chega de colocar os interesses pessoais acima do povo brasileiro!”
— Ulysses Gomes (@depulyssesgomes) August 6, 2023
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