PERSEGUIÇÃO

Uma das maiores conferências conservadoras da Europa é interrompida pela polícia na Bélgica

Brás Oscar · 17 de Abril de 2024 às 11:11 ·

Conferência Nacional do Conservadorismo (NatCon) em Bruxelas se tornou alvo da guerra contra a direita que foi declarada na Europa. “O que aconteceu hoje é uma forma atualizada de comunismo soviético”, disse Nigel Farage

A Conferência Nacional do Conservadorismo (NatCon) em Bruxelas se tornou alvo da guerra contra a direita na Europa. A conferência que reuniu intelectuais, jornalistas e lideranças políticas conservadoras na Europa foi interrompida pela polícia por ordem do prefeito de Saint-Josse, município da região de Bruxelas que abrigava o evento.

A ordem do prefeito alegava potencial desordem e “disseminação de opiniões controversas” o que na Bélgica, diferentemente da Alemanha, ainda não é crime.

Foi exatamente durante o discurso de Nigel Farage, figura central na campanha pelo Brexit, que a polícia invadiu o local, desencadeando um embate verbal entre os organizadores do evento e as autoridades. Farage denunciou a intervenção como um ataque à liberdade de expressão, enquanto Suella Braverman, ex-ministra britânica do Interior, acusou as autoridades de tentarem silenciar vozes conservadoras.

“O que aconteceu hoje é uma forma atualizada de comunismo soviético”, disse o político britânico Nigel Farage, que participou da conferência e escreveu no Daily Telegraph que “isto só afirma que nenhuma outra visão é permitida, que qualquer pessoa que defenda (o conservadorismo) é, por definição, louca, má e perigosa.”

Os motivos para o fechamento do evento foram alvo de intensos debates, sendo atacados até pelo primeiro-ministro da Bélgica, que ressaltou que a municipalidade é o coração da administração pública belga e, portanto, a autonomia do município deve ser respeitada, entretanto, o limite disso é a constituição do país, que garante o livre discurso e o direito de reunião.

Emir Kir, o prefeito de Saint-Josse, justificou a proibição do evento como uma medida para preservar a segurança, porém não conseguiu disfarçar seus motivos políticos ao afirmar que “a visão da NatCon não é apenas eticamente conservadora, por exemplo, hostilidade à legalização do aborto, às uniões entre pessoas do mesmo sexo etc., mas também é focada na defesa da 'soberania nacional', o que implica, entre outras coisas, uma atitude eurocéptica”.

A ordem emitida por Kir para justificar a interrupção do evento afirmava que alguns dos oradores “têm fama de serem tradicionalistas” e que a conferência deve ser proibida “para evitar previsíveis ataques à ordem pública e à paz”.

A controvérsia em torno da conferência também abordou questões políticas, como a posição do Reino Unido em relação à União Europeia e políticas nacionais, como a proposta de proibição completa do tabaco para jovens. Esses debates refletem as divergências ideológicas presentes não apenas no evento, mas também na política europeia como um todo.

Enquanto os organizadores buscavam alternativas para dar continuidade ao evento e contestavam legalmente a decisão das autoridades locais, figuras proeminentes expressaram preocupações com o estado da liberdade de expressão na Europa.

O político francês Eric Zemmour, que deveria comparecer à conferência, mas foi impedido de entrar quando apareceu, disse que o prefeito esquerdista da cidade enviou a polícia como uma “milícia privada” para impedir que uma conferência conservadora acontecesse em Bruxelas.

O cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller lamentou o que definiu como restrições à liberdade política em um país democrático. A participação do cardeal no evento estava planejada e, com atraso, conseguiu ocorrer, embora o cardeal estivesse visivelmente chocado com a polícia parada a poucos metros de distância de acordo com portal britânico Catholic Herald.

O jornalista e escritor best-seller americano expatriado na Hungria, Rod Dreher, comentou o seguinte em sua coluna diária no Substack: “Nunca imaginei que testemunharia a proibição de uma reunião política pacífica num país supostamente livre e democrático, mas foi isso que quase aconteceu hoje na Bélgica – em Bruxelas, a capital da União Europeia.”

A reação internacional ao que ocorreu nesta terça-feira em Bruxelas destacou como os direitos fundamentais, como a liberdade de expressão e reunião, estão sob franca artilharia dos governos progressistas europeus.

Emir Kir, o prefeito responsável pela batida policial contra conservadores, é filho imigrantes de turcos e fez sua carreira política junto ao Partido Socialista (PS), entretanto o próprio PS votou internamente pela expulsão de Kir em 2020.

O prefeito de Saint-Josse foi julgado culpado de manter relações muito próxima – vejam só a ironia – com o MHP, um partido turco extremista, cujo braço armado são os Lobos Cinzentos, uma guerrilha islâmica antissemita, anticristã, negacionista do holocausto judaico e do holocausto armênio e simpatizante do nazismo.

Emir Kir defende-se apenas dizendo ser “vítima de um linchamento racista”.

— Brás Oscar é colunista e apresentador do BSM. Autor do livro O Mínimo sobre a Queda da Europa.

 


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