CASO DA ABIN

STF mantém sigilo de relatório da Abin que o associa ao PCC

Rhuan C. Soletti · 26 de Janeiro de 2024 às 14:30 ·

A Polícia Federal deflagrou uma operação na quinta-feira (25) em endereços de pessoas ligadas a um suposto esquema de espionagem ilegal na Abin

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu manter sob sigilo um relatório elaborado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que busca estabelecer supostas conexões entre o magistrado e o grupo criminoso PCC. O referido documento foi mencionado em três ocasiões na decisão que fundamentou uma operação de busca e apreensão conduzida contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) na quinta-feira (25).

No despacho ministerial, o arquivo, intitulado "Prévia Nini.docx", é descrito como um relatório que busca "associar deputados federais, bem como o excelentíssimo relator Alexandre de Moraes e outros congressistas, à organização criminosa PCC". O ministro Gilmar Mendes também teria sido mencionado no documento, conforme revelado por uma investigação da PF citada por Moraes.

De acordo com Moraes, a atuação desse grupo "caracteriza outra evidência de instrumentalização da Abin". O ministro alegaque tais ações apresentaram um "viés político de grave ordem", conforme registrado em sua decisão.

Entenda

A Polícia Federal deflagrou uma operação em endereços de pessoas ligadas a um suposto esquema de espionagem ilegal na Abin. De acordo com as investigações, a suposta espionagem ocorria por meio de ferramentas de geolocalização em celulares e tablets, sem o conhecimento da pessoa monitorada e, muito menos, sem ordem judicial.

Um dos alvos da operação é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao todo, 21 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Brasília, Juiz de Fora e São João Del Rei, em Minas Gerais, e no Rio de Janeiro.

O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, fez uma comparação entre o ministro Alexandre de Moraes e o senador Sergio Moro, afirmando que "o sonho" do magistrado é ser presidente da República. Argumentando, Neto afirmou que Moraes busca visibilidade na mídia e que a soberba o ataca sem que ele perceba, sugerindo que o ministro sonha em concorrer ao Palácio do Planalto.

A fala de Neto decorre dessa relação conturbada entre o Judiciário e o partido, considerando a recente investigação contra Ramagem no caso da Abin.


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