Abin tentou interferir em investigação sob direção do governo Lula, diz PF
A PF também informou que, durante busca e apreensão realizada na sede da Abin em 2023, encontrou "outras possíveis ferramentas de espionagem"
A Polícia Federal (PF) alegou que a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria tentado interferir nas investigações relacionadas ao uso do software espião FirstMile que ocorreram durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O FirstMile é um software de monitoramento desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint). Em março de 2023, já era alegada a informação de que a Abin tinha usado o programa para monitorar até 10 mil proprietários de celulares a cada doze meses.
A Abin, em pronunciamentos anteriores, afirmou que aposentou o FirstMile em 2021 e não adquiriu outra ferramenta. O pedido de operação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirma que "a direção atual da Abin realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação". A PF sustenta a existência de "conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin", gerando prejuízos tanto à investigação quanto à própria agência.
A PF também informou que, durante busca e apreensão realizada na sede da Abin em 2023, encontrou "outras possíveis ferramentas de espionagem", mencionando a Cobalt Strike e a LTESniffer. A PF, baseada em depoimentos, argumenta que a direção-geral da Abin teria adotado uma estratégia para "tentar acalmar a turma" após o início das investigações. O documento alega que uma percepção equivocada da gravidade dos fatos foi impregnada pela direção atual da Abin nos investigados.
Alessandro Moretti, um delegado da PF e número dois da Abin, é mencionado no documento, que relata uma reunião na qual ele teria afirmado que a apuração sobre o caso tinha "fundo político e iria passar". Esse comportamento, segundo a PF, não condiz com a postura esperada de um delegado que ocupava, até dezembro de 2022, a função de diretor de Inteligência da Polícia Federal.
O relatório da PF reproduzido por Moraes ressalta que a revolta dos investigados resultou em ações coordenadas com a atual Direção da Abin, visando "construir uma estratégia em conjunto" e um "acordo para cuidar da parte interna".
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