DIÁRIO DE UM CRONISTA

Restituta, a mulher que morreu pela cruz

Paulo Briguet · 30 de Outubro de 2023 às 18:22 ·

Conheça a história da Beata Maria Restituta Kafka, que desafiou os nazistas ao defender a fé no Cristo Crucificado

Helene Kafka nasceu em 1º de maio de 1894, na cidade de Brno, atualmente República Checa. À época, Brno fazia parte do Império Austro-Húngaro, que seria desfeito após a Primeira Guerra Mundial. Dois anos depois do nascimento de Helene, a família Kafka se mudou para Viena, a capital imperial. Helene estudou enfermagem e ainda muito jovem decidiu tornar-se religiosa, mesmo apesar da oposição inicial dos pais. Aos 20 anos, ela entrou para a Congregação das Franciscanas da Caridade Cristã, adotando em seus votos perpétuos o nome de Maria Restituta, em homenagem à sua mãe e a uma jovem mártir dos primeiros anos do cristianismo.

Irmã Restituta trabalhou como enfermeira em um hospital de Mödling, município da Baixa Áustria. Por sua competência e cordialidade no trato com os pacientes, foi apelidada de “Irmã Resoluta”. Por meio da enfermagem, ela cumpriu o seu propósito de trabalhar “por amor de Deus e dos homens”.

Em 1938, a Áustria foi anexada pelo regime nacional-socialista alemão (Anschluss). Pouco tempo depois, soldados nazistas entraram no hospital e retiraram todos os crucifixos das paredes nos quartos, enfermarias e salas de cirurgia. Com serenidade, a Irmã Restituta recolocava os crucifixos em seus lugares originais, fazendo jus ao significado do seu nome (Restituta é aquela que restitui o que pertence a Deus.)

Por sua ousadia, a Irmã Restituta foi presa pela Gestapo em 1942. No dia 30 de outubro de 1942, um tribunal nazista a condenou à morte por decapitação. Entre a prisão e a execução da religiosa, passaram-se cinco meses. Testemunhas relatam que ela atravessou esse período de calvário como um exemplo de fé, serenidade, coragem e persistência na oração.

Maria Restituta Kafka foi decapitada em 30 de março de 1943. Antes de morrer, enviou uma mensagem para as Irmãs Franciscanas: “Por Cristo eu vivi, por Cristo desejo morrer”.

Irmã Restituta foi beatificada pelo Papa S. João Paulo II em 1998, numa cerimônia realizada em Viena, na Áustria. Sua festa é comemorada no dia 30 de outubro – data em que ela recebeu a sentença de morte. Na cerimônia de beatificação, o pontífice afirmou:

“Ao olharmos para a Beata Irmã Restituta, podemos divisar a que cumes de maturidade interior uma pessoa pode ser conduzida pela mão divina. Ela arriscou a vida com o seu testemunho em favor do Crucificado. E conservou o Crucifixo no seu coração, testemunhando-o de novo pouco antes de ser levada à execução capital, quando pediu ao capelão do cárcere que lhe fizesse 'o sinal da cruz na fronte'.

Tantas coisas podem ser tiradas a nós cristãos. Mas a cruz, como sinal de salvação, não deixaremos que nos seja tirada. Não permitiremos que ela seja excluída da vida pública! Escutaremos a voz da consciência que diz: “Importa mais obedecer a Deus do que aos homens!’” (Atos 5, 29).

Bem-Aventurada Irmã Restituta, intercedei por nós!

 


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