TRAGÉDIA NO RS

Pimenta, o extraordinário governador não-eleito do Rio Grande do Sul

Especial para o BSM · 19 de Maio de 2024 às 09:46 ·

Na tentativa de se elevar acima da mediocridade reinante em seu governo, Lula cria seu 39° ministério: Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do RS

Por Renan Rovaris

Enquanto Porto Alegre e grande parte do Rio Grande do Sul permanecem debaixo d’água ou da lama por mais de duas semanas, a burocracia estatal faz o que pode para manter-se acima do medíocre. Talvez tenha sido para distanciar-se desse adjetivo que o Governo Federal resolveu dar o título de “extraordinária” para a sua nova secretaria, que promete reconstruir o Estado gaúcho. Falo da Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, que deixou até alguns desaparecidos políticos enervados — alguém aí ainda se lembra de Aécio Neves? Aquele que foi derrotado por Dilma Rousseff em 2014... Aécio ressurgiu das mais obscuras profundezas do ostracismo para dizer que a escolha do novo ministro extraordinário de Lula foi na verdade uma excrescência — palavras dele, não minhas.

E Sua Extraordinária Excelência já começou mostrando todo o serviço de apoio que está disposta a entregar para a extraordinária reconstrução do Rio Grande do Sul. Em reunião on-line do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o trigésimo nono ministro de Lula disse que a “cada hora aparece um problema novo” e “a gente não sabe nem para que lado se mexer”. Não sei quanto a vocês, mas eu fiquei animado.

Quem pareceu não se animar muito com a secretaria extraordinária foi Eduardo Leite. Se o leitor assistiu à solenidade ocorrida no último dia 15 de maio, em São Leopoldo, deve ter percebido que o governador fechou a cara, abstendo-se de se misturar aos petistas em aplausos e honras ao nosso extraordinário novo ministro. Ouvi dizer por aí que alguns já estão de olho na candidatura ao governo do Rio Grande do Sul em 2026, e que Leite vê na nomeação extraordinária uma tentativa de criar um governo paralelo no Estado. E, desta vez, parece que ele não está errado. Se até relógio parado acerta duas vezes por dia, por que o Leite não poderia acertar uma?

Não obstante as críticas levantadas pelos tucanos, o ministro extraordinário disse não estar preocupado: “Vou responder com trabalho, espírito público e compromisso com o Rio Grande do Sul. Não me preocupo com as críticas, que são compreensíveis.” Palavras ditas pelo mesmo personagem que, enquanto ministro da Propaganda do governo, exigiu investigações a respeito de “narrativas desinformativas e criminosas” sobre as enchentes no Rio Grande do Sul.

A palavra extraordinário significa “algo que está fora da ordem comum”. É exatamente isso que Paulo Pimenta pretende se tornar: o governador não-eleito do Rio Grande do Sul, um personagem fora da ordem neste enredo do caos. Depois da tragédia no RS, temos uma tragédia para o RS.

 


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