O milagre de Jacinta e Francisco
Hoje é dia de Santa Jacinta Marto, uma das crianças que presenciaram as aparições de Nossa Senhora de Fátima. Ela e seu irmão foram canonizados após um milagre ocorrido no Brasil
Há exatos 104 anos, no dia 20 de maio de 1920, morria a menina portuguesa Jacinta Marto, uma das três crianças que presenciaram as aparições de Nossa Senhora de Fátima em 1917.
Jacinta e seu irmão Francisco — que faleceu dez meses antes — morreram vitimados pela gripe espanhola. Os dois irmãos pastorinhos foram canonizados pelo Papa Francisco em 13 de outubro de 2017, na comemoração de 100 anos das aparições. Jacinta e Francisco são as primeiras crianças não mártires que se tornaram santos da Igreja Católica.
O milagre que levou à canonização dos irmãos pastorinhos aconteceu no Brasil. Essa história me foi contada pelo Sr. João Calixto de Oliveira Neto, morador de Juranda, uma pequena cidade do Centro-Oeste paranaense. O caso miraculoso envolve o seu neto, Lucas Yurie.
No dia 3 de março de 2013, por volta das oito da noite, Lucas, então com 5 anos, estava brincando com sua irmã Eduarda na sala do sobrado onde reside a família, quando se desequilibrou e caiu pela janela de uma altura de seis metros. O menino bateu a cabeça e teve um gravíssimo traumatismo craniano.
“Quando peguei meu neto nos braços, senti que ele estava sem vida”, recorda João Calixto. “Então eu rezei ao Deus de Abraão, de Isaac e Jacó, para que deixasse o meu neto viver”. Em instantes, Lucas voltou a respirar. Encaminhado para o Hospital de Campo Mourão, o menino teve duas paradas cardíacas no trajeto. Foi submetido a uma longa cirurgia no cérebro. Os médicos disseram ao avô e aos pais, João Batista e Lucila, que as chances de sobrevivência de Lucas eram mínimas. Se sobrevivesse, ficaria com graves sequelas, provavelmente em estado vegetativo.
Em Campo Mourão, existe um mosteiro de irmãs carmelitas. Nesse mosteiro, há uma relíquia dos irmãos Francisco e Jacinto, que juntamente com a prima Lúcia viram a Mãe de Deus em 1917. Assim que souberam da internação de Lucas, as irmãs começaram a rezar fervorosamente pedindo a intercessão dos pastorinhos pela salvação do menino.
No quinto dia após o acidente, quando menos se esperava, Lucas abriu os olhos e disse:
— Cadê a minha mãe? Cadê a minha irmã?
Lucas ficou internado 13 dias na Santa Casa de Campo Mourão e saiu sem nenhuma sequela. Os médicos que acompanharam seu caso — inclusive o neurocirurgião, que não é católico — são unânimes em dizer que não há explicação científica para a plena recuperação do garoto.
Em 13 de maio de 2017, o papa Francisco anunciou em Fátima a canonização de Francisco e Jacinta Marto. Mais de 600 mil pessoas acompanharam a cerimônia. Lucas e sua família estavam lá, ao lado do papa. João Calixto conta que, no momento em que Francisco e Jacinta foram elevados ao altar, reinou um impressionante silêncio na multidão. “Só se ouvia o canto dos pássaros”, disse-me o avô, com grande emoção.
Lucas foi o evangelista que narrou a infância de Jesus, e a tradição diz que ele era médico. Certamente, a coincidência de nomes não se deu por acaso. Como também não se deve ao acaso o fato de que dois irmãos, um menino e uma menina, tenham permitido que dois irmãos, Lucas e Eduarda, voltassem a ficar juntos.
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Nem todos sabem que em 1917 a revolução não aconteceu apenas na Rússia. Naquele ano, Portugal vivia sob um governo revolucionário e ateu, que empreendia uma feroz campanha antirreligiosa no país. No mês anterior, os três pastorzinhos de Fátima haviam sido tirados de suas famílias pelo administrador regional de Ourém, Artur dos Santos. Entre os dias 13 e 15 de agosto, eles foram interrogados pessoalmente pelo administrador, que ameaçava mergulhá-los em um caldeirão de azeite fervente se não confessassem que as aparições eram uma farsa. No dia 14, as três crianças foram levadas à cadeia pública, onde compartilharam uma cela com presos comuns. A visão dos pastorzinhos aterrorizados comoveu o coração dos presos, que rezaram o terço junto com eles. No dia seguinte, Lúcia, Francisco e Jacinta foram devolvidos às famílias.
Nossa Senhora pediu às crianças que continuassem a rezar pelo fim da guerra — e esse é um pedido que se dirige até nós, um século depois. Na época dos pastorzinhos, a guerra em questão era travada entre as potências da Europa. A Primeira Guerra foi o primeiro conflito tecnológico da história, em que as armas de destruição em massa foram colocadas para destruir povos inteiros. Essa utilização da tecnologia para a matança resultaria nos grandes genocídios do nosso tempo: o comunismo e o nazifascismo. Fantasmas que agora voltam a assombrar o mundo sob as roupagens do globalismo financeiro, do bloco russo-chinês e do califado internacional. O bem e o mal — os pastorinhos de Fátima e os lobos da Revolução — voltam a se enfrentar numa luta de vida ou morte.
A nós, resta fazer a mesma pergunta que as crianças fizeram a Nossa Senhora:
— O que vosmecê me quer?
Disso, amigo leitor, depende a salvação do mundo.
— Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.
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