Marinho propõe aplicativo de entregas do Correio "sem preocupação com lucros capitalistas"
O Ministro do Trabalho disse que, caso a Uber queira sair do país, o problema é só da Uber, "porque outros concorrentes ocuparão esse espaço, como é no mercado"
O Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, sugeriu aos Correios a criação de um aplicativo de entregas que, em suas palavras, estivesse livre da preocupação de "lucros capitalistas", que é comum em empresas como Uber e iFood. A declaração foi feita em uma sessão realizada na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (4).
"A imprensa disse: e se a Uber sair do Brasil? Primeiro, que a Uber não vai sair do Brasil, porque é o Brasil o seu mercado [...] Segundo, se caso queira sair, o problema é só da Uber, porque outros concorrentes ocuparão esse espaço, como é no mercado."
A observação em relação aos aplicativos de entrega veio como resposta a uma pergunta feita pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), autor do requerimento da sessão e o primeiro a interrogar o ministro. Na ocasião, Marinho estava prestando esclarecimentos sobre a possível reintrodução do imposto sindical na Comissão de Fiscalização Financeira.
Kataguiri questionou o ministro sobre os planos do Ministério do Trabalho para regulamentar as relações de trabalho entre empresas de aplicativo e entregadores, fazendo referência ao grupo de trabalho que aborda essa questão no Ministério. Além disso, relembrou uma declaração anterior do ministro, feita em fevereiro, na qual sugeriu que os Correios poderiam substituir a Uber, caso a empresa americana decidisse deixar o Brasil.
Em seguida, Marinho detalhou sua sugestão aos Correios: "Eu provoquei os Correios para que se estudasse um aplicativo para colocar, de forma mais humana, para os trabalhadores que desejassem utilizar o aplicativo dos Correios, para poder trabalhar sem a neura do lucro dos capitalistas, que é o caso que acontece com Uber, com iFood."
Essa discussão ocorre em um momento de negociações contínuas entre empresas de aplicativo e entregadores, no âmbito de um grupo de trabalho criado pelo presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em maio. Esse grupo inclui representantes dos trabalhadores e das empresas de aplicativo, com mediação do governo.
Após mais de 100 dias de conversas, os trabalhadores rejeitaram a proposta das empresas e têm se mobilizado por meio de paralisações e protestos. As entidades sindicais que os representam exigem melhor remuneração, fornecimento de cestas básicas, pagamento de seguro de vida e outras melhorias.
Na semana passada, o ex-presidente Lula afirmou que os aplicativos não seriam obrigados a assinar carteira, uma posição que as empresas têm resistido em aceitar, mantendo uma tensão constante nas negociações.
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