Milei diz que Lula atua para obstruir sua candidatura na Argentina
Não é a primeira vez que Javier Milei direciona críticas ao petista. Ele afirmou que, se for eleito, não vê motivo para manter diálogos com Lula
O candidato de direita, Javier Milei, publicou em seu Twitter (X) críticas ao presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rotulando-o como um "comunista furioso" e alegando que Lula estava empenhado em obstruir sua candidatura na Argentina.
"A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e com ações diretas contra mim e meu espaço. A liberdade avança! Viva a liberdade, caralho!", proclamou Milei em uma mensagem publicada em seu perfil em outubro (3).
— Javier Milei (@JMilei) October 4, 2023
Esta declaração contundente de Milei foi usada como legenda para um print de uma matéria veiculada no mesmo dia pelo Estadão. A reportagem do jornal revelou que Lula estava supostamente envolvido em ações que facilitaram um empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina por meio da Corporação Andino de Fomento (CAF), também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina, com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Esta medida, segundo o jornal, poderia beneficiar o governo do presidente argentino, Alberto Fernández, que lançou seu ministro da Economia, Sergio Massa, como candidato presidencial. Vale destacar que não é a primeira vez que Javier Milei direciona críticas ao petista.
Em uma entrevista à revista britânica The Economist, o deputado argentino não poupou palavras ao descrever o líder brasileiro, afirmando que Lula não era apenas um socialista, mas alguém com inclinações totalitárias. Milei também afirmou que, se for eleito, não vê motivo para manter diálogos com Lula e outros líderes de esquerda na América Latina, incluindo o presidente chileno, Gabriel Boric.
Javier Milei
Desde o começo dos anos 2000, o cenário político argentino foi dividido por duas fortes correntes ideológicas. Por um lado, atuam os simpatizantes do modelo estadista do ex-presidente Néstor Kirchner. De outro, os exaustos eleitores cooptados pela falsa oposição de Mauricio Macri. Entretanto, no meio deste suposto panorama binário, surgiu o que de fato podemos considerar uma “terceira via”: o polêmico liberalismo de Javier Milei.
Similarmente ao cenário político brasileiro, kirchnerismo e macrismo promovem a famigerada “estratégia das tesouras” – onde os dois grupos compartilham, mais ou menos, dos mesmos ideais, porém afirmam vigorosamente serem dissidentes. O objetivo desta estratégia é reter o controle do sistema político e cultural somente nas “mãos” das duas coligações.
Milhares de argentinos foram às urnas, neste domingo (13), em função das eleições primárias no país. Com mais de 95% dos votos apurados, o economista libertário Javier Milei lidera entre os candidatos, seguido por Sergio Massa e Patrícia Bullrich.
Com 30,4% dos votos, a chapa A Liberdade Avança, de Milei, lidera as primárias abertas, simultâneas e obrigatórias (PASO). Em seguida, com 28,7%, está o partido Juntos pela Mudança, de Bullrich. Apesar da segunda colocação entre as chapas, Bullrich está em 3º lugar nas eleições gerais, com 16,98% dos votos.
Por sua vez, o partido governista de Sergio Massa, União pela Pátria, estabeleceu-se em terceiro lugar, com 27,27% dos votos.
Em 2021, Milei foi eleito deputado Nacional de Buenos Aires. Com um extenso currículo profissional, o parlamentar já era conhecido por seu trabalho no mundo acadêmico, empresarial e jornalístico.
Formou-se em Economia na Universidade de Belgrano e obteve dois mestrados no Instituto de Desarrollo Económico y Social (IDES) e na Universidade Torcuato di Tella – sendo catedrático de disciplinas como Macroeconomia, Economia do Crescimento, Microeconomia, Teoria Monetária, Teoria Financeira e Matemática para Economistas.
Foi economista-chefe em Máxima AFJP e no Estudio Broda, além de consultor governamental no Centro Internacional para a Solução de Diferenças Relativas a Investimentos. Também trabalhou como economista sênior no banco HSBC.
Enfim, Milei se destacou no cenário midiático a partir de 2012. Iniciou sua participação como colunista em jornais importantes, como La Nación e El Cronista, além de contribuir com artigos no Infobae.
Após ser classificado como uma das 100 pessoas mais influentes da Argentina – título também concedido em razão de suas análises econômicas ao governo de Mauricio Macri – Milei tornou-se uma personalidade internacionalmente reconhecida pelo seu estilo “atípico” e polêmico de debate e exposição de seus ideais.
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