INTERNACIONAL

Jornal americano acusa Instagram de recomendar reels de sexualização infantil para perfis interessados no conteúdo

Luís Batistela · 29 de Novembro de 2023 às 11:28 ·

A Meta respondeu que pagará por auditorias externas para a verificação de segurança da plataforma e investigará o ocorrido.

A empresa de tecnologia Meta, através do Instagram, está recomendando “imagens picantes de crianças” aos perfis que demonstrem interesse em conteúdos sexuais. De acordo com o Wall Street Journal, os pesquisadores criaram contas de teste na plataforma para acompanhar exclusivamente pré-adolescentes, líderes de torcidas e ginastas jovens. Após um tempo de pesquisa, o algoritmo do Reels passou a exibir mídias infantis sexualizadas e vídeos adultos, tal como anúncio de marcas importantes aos pesquisadores.

Os agentes perceberam que o algoritmo projetou um vídeo suspeito, onde um homem aparecia deitado na cama com uma criança de 10 anos. Logo após, a plataforma exibiu um anúncio do aplicativo de namoro Bumble ao lado de uma propaganda da Pizza Hut. Em resposta, a vice-presidente do Conselho de Clientes e Relações Comerciais da Meta, Samantha Stetson, negou as acusações do jornal e argumentou que a empresa investe bilhões para garantir a eficiência dos sistemas de segurança da plataforma.

“Nossos sistemas são eficazes na redução de conteúdo prejudicial e investimos bilhões em soluções de segurança, proteção e adequação de marca”, disse.

No entanto, similarmente aos pesquisadores do Wall Street Journal, o Centro Canadense de Proteção à Criança descobriu que a publicidade incluía transmissões ao vivo de conteúdos eróticos, como chatbots de sexo cibernético e “salas de massagens”. O grupo também alegou que a plataforma direciona vídeos de crianças do Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas. De acordo com a instituição, tais imagens são salvas e exibidas em sites de pedofilia na dark web.

A Meta respondeu que pagará por auditorias externas para a verificação de segurança da plataforma e investigará o ocorrido.

Caso similar

Em setembro deste ano, o BSM publicou matéria sobre a cooptação de crianças para a indústria pornográfica através dos denominados NPCs (Non Playable Character – “Personagem Não Jogável”, em português). Em razão do crescente interesse de jovens e adolescentes pelas tecnologias digitais, influenciadores e cosplayers resolveram transformar os NPCs em um fetiche sexual, consolidando um novo conceito de pornografia.

Os criadores deste tipo de conteúdo vestem-se com as roupas usadas pelos NPCs, abrem uma transmissão ao vivo no Tik Tok e realizam os movimentos repetitivos e limitados destes personagens, criando um aspecto de loop. Devido uma função de troca monetária disposta no Tik Tok – onde os usuários podem adquirir moedas com o dinheiro real – os espectadores enviam prêmios e dinheiro aos NPCs para que eles realizem os gestos solicitados.

Os NPCs reagem de forma sexualizada aos presentes recebidos. A tonalidade da fala, os gestos das mãos, dos olhos, da boca e trejeitos corporais induzem um princípio de excitação aos espectadores adeptos da prática. Em outras plataformas como o X (Twitter) e o OnlyFans, os influenciadores exibem conteúdos lascivos, como fotos e vídeos pornográficos.

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