Inferno chavista: El Helicoide, o maior centro de torturas das Américas
Construído nos anos 50 para ser um shopping, El Helicoide se tornou a pior prisão do regime socialista da Venezuela. Local faz lembrar o Ministério do Amor do livro 1984, de George Orwell
Poucos sabem, mas El Helicoide, em Caracas, Venezuela, tornou-se um dos mais notórios centros de tortura e detenção para prisioneiros políticos e manifestantes. Este edifício icônico, inicialmente planejado como um avançado centro comercial durante o governo de Marcos Pérez Jiménez na década de 1950, teve sua trajetória transformada ao longo dos anos.
O projeto original de El Helicoide contemplava cerca de 320 lojas distribuídas em 101 mil metros quadrados, além de salas de cinema, restaurantes e locais de entretenimento. No entanto, a obra nunca foi concluída conforme o planejado. Em 1984, o edifício passou a ser a sede da Inteligência Policial, conhecida como Direção de Serviços de Inteligência e Prevenção. Posteriormente, em 2010, o ex-ditador Hugo Chávez decidiu que El Helicoide deveria funcionar como sede do Serviço Nacional Bolivariano de Inteligência (SEBIN).
Durante o governo de Nicolás Maduro, El Helicoide se tornou uma prisão para presos políticos, onde ocorreram torturas sistemáticas e violações dos direitos humanos. O edifício, com mais de 10 subsolos situados no interior de um morro, abriga celas de 2x2 metros sem qualquer tipo de luz natural ou artificial. Além disso, em determinadas áreas, o ar condicionado é mantido a 5 graus Celsius, intensificando as condições desumanas de detenção. Em vários aspectos, El Helicoide faz lembrar o Ministério do Amor, centro de torturas da ditadura socialista no livro 1984, de George Orwell.
Muitos criminosos e presos políticos foram detidos lá, especialmente após os protestos massivos contra o governo de Maduro, que abalaram o país em 2014. Segundo a ONG Foro Penal, mais de 3 mil pessoas foram detidas naquela ocasião. Entre as torturas relatadas contra os detidos estão: golpes com tábuas de madeira, tiros de pelotas no tronco e nas costas, asfixia com sacos de lixo cheios de inseticida, violações, espancamentos extremos e ameaças com armas carregadas apontadas para o rosto e a boca.
Apesar das evidências e dos testemunhos, as autoridades venezuelanas negam os casos de tortura. Em maio de 2018, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, em declarações à CNN en Español, rejeitou alegações de tortura, extorsão e presença de menores na prisão. No entanto, há anos se sabe que os manifestantes de Caracas são levados para El Helicoide. Em 2016, foi noticiado que cerca de 46 menores e mais de 180 estudantes universitários haviam sido detidos lá.
A maioria dos que saem de El Helicoide deixam o país, temendo represálias contra suas famílias. Muitos não conseguem falar sobre o que aconteceu lá dentro devido às ameaças do regime de Maduro. Os poucos testemunhos que emergem revelam um quadro de terror: os sobreviventes são obrigados a assinar acordos onde são ameaçados de morte, junto com suas famílias, caso revelem os horrores que enfrentaram.
A ditadura na Venezuela se apropria de jovens, obrigando-os a confessar crimes para sustentar seu circo de mentiras, e depois os joga em El Helicoide. Um exemplo chocante é o caso de Abraham Duran, que foi sequestrado e levado para El Helicoide, com sua família desesperada em busca de ajuda. Eles só descobriram seu paradeiro depois que ele foi levado para aquele lugar terrível.
El Helicoide, um símbolo de progresso que nunca se materializou, agora representa o pior da opressão e da crueldade humana. Sua transformação em um centro de tortura é um triste testemunho da degradação dos direitos humanos na Venezuela, destacando a urgência de ação e solidariedade internacional para aqueles que ainda sofrem sob o regime de Nicolás Maduro.
Um dos presos mais famosos de El Helicoide foi a juíza venezuelana María Lourdes Afiuni. Em 2009, María Lourdes foi presa por ter contrariado as ordens do ditador Hugo Chávez. O crime da magistrada foi ter libertado um homem que ficou preso por três anos, sem julgamento e sem direito à defesa. Na prisão, a juíza foi colocada em celas com criminosas que ela havia condenado. Foi violentada, torturada e estuprada por agentes do regime. Como consequência dos maus-tratos na prisão, María Lourdes perdeu o útero, precisou reconstruir cirurgicamente o ânus e a vagina, teve uma lesão na mama direita e sofre até hoje com problemas psicológicos crônicos. Quem conhece e estudou a história dos regimes totalitários do século XX sabe que esse é um destino não apenas verossímil, mas provável para os inimigos dos comunistas – como foi o caso de Aleksandr Soljenítsin, Karl Kraus, Olavo de Carvalho e de dissidentes atuais como Allan dos Santos, Ludmila Lins Grilo, Filipe G. Martins e Daniel Silveira. O único tipo de intelectual ou parlamentar aceito pela extrema-esquerda é aquele que se submete às mentiras do regime. Todos os outros são perseguidos, calados e, muitas vezes, destruídos.
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