PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA

Governo da Espanha multa ativista católico por rezar o Rosário em público

Redação BSM · 18 de Maio de 2024 às 10:17 ·

José Andrés Calderón foi acusado de “desobediência e resistência à autoridade”; ele promete continuar rezando “com ou sem a autorização”


A Delegação do Governo da Espanha em Madri aplicou uma multa de 3,6 mil euros (cerca de R$ 20 mil) a José Andrés Calderón, um ativista católico que promove o Rosário de Ferraz. A acusação de "desobediência e resistência à autoridade" foi baseada na interpretação de que ele incentivou protestos políticos dos quais afirma não ter participado. Calderón recebeu uma carta autenticada com as multas referentes aos dias 2, 3 e 4 de janeiro de 2024, apesar de ter esperado sanções pelo descumprimento da proibição de rezar o rosário em novembro de 2023.

Os relatórios da Polícia Nacional alegam que Calderón e seus companheiros de oração bloquearam o trânsito na rua Ferraz e nas áreas circundantes durante esses dias de janeiro, desobedecendo ordens policiais. No entanto, Calderón insiste que nunca participou dos protestos políticos perto da sede do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que governa a Espanha. Ele destaca que os apelos à oração mariana começaram dias depois das manifestações políticas e são limitados à oração, das 19h30 às 20h.

Em entrevista à ACI Prensa, Calderón expressou sua dor ao ver a polícia afirmar que “a oração é a desculpa para o protesto político”. Ele sublinhou que os relatórios policiais indicam que ele se dissociou dos protestos contra o governo e a anistia, desaparecendo do local após as orações. "Rezar à Virgem Maria pela Espanha nunca pode ser um crime ou falta administrativa", afirmou Calderón. Ele prometeu continuar rezando “com ou sem autorização da delegação do Governo”.

José Andrés Calderón começou a rezar o Terço nas escadas da Paróquia Imaculado Coração de Maria, perto da sede do PSOE em Ferraz. Ele acredita que a salvação da Espanha virá através da oração. Calderón explicou à La Gaceta que decidiu continuar com as orações durante os protestos do Novembro Nacional porque viu a necessidade de rezar por sua nação.

Calderón comentou que, inicialmente, não solicitou autorização à Delegação do Governo para as orações, pois não houve problemas. No entanto, depois que um inspetor de polícia o identificou, ele começou a informar formalmente a Delegação. Até o incidente de segunda-feira, as orações ocorreram sem problemas. Calderón destacou que a legislação espanhola tem sido anticristã, citando, por exemplo, o artigo 172.4, que penaliza a oração em frente às clínicas de aborto.

Escolher rezar em Ferraz, segundo Calderón, foi uma decisão de que a batalha política também era uma batalha espiritual. "O Governo de Pedro Sánchez não quer apenas destruir a Espanha, mas também atacar a Igreja e o catolicismo", disse ele. Calderón acredita que rezar à Virgem Maria é crucial, pois "todas as grandes batalhas foram vencidas com um Rosário na mão".

Ele destacou a ironia de que em Madri existem dois locais onde rezar é ilegal: a sede do PSOE e o centro de aborto Dator. “No final das contas, os dois lugares ainda são sedes do mal, certo? Numa delas, mata-se o ser humano mais inocente que existe e, na outra, a Espanha é cortada em pedaços”, afirmou Calderón.

O ativista enfrentou críticas de outros católicos por misturar religião e política. Ele respondeu citando Jesus: “a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, mas criticou o Estado por usurpar o lugar de Deus e reprimir a oração. A repressão, segundo ele, é não só coercitiva, mas também moral, o que torna a oração ainda mais necessária.

Calderón mencionou que, apesar da perseguição, o apoio às orações cresceu. "Quanto maior a perseguição, maior o apoio... A proibição de rezar transformou a questão em uma luta por dignidade contra uma medida tirânica", disse ele. Embora a polícia tenha tratado Calderón com respeito, ele questiona até quando continuarão cumprindo ordens ilegais.

Calderón espera que o processo judicial reconheça a falta de justificativa da Delegação do Governo para proibir a oração, ressaltando que as orações são pacíficas e que a mudança de posição do delegado carece de argumentos sensatos. Ele também reconhece que sua defesa da fé e da Espanha pode ter um alto custo pessoal, mas acredita que é necessário agir quando se está do lado do Bem, da Verdade e da Beleza.

"Na Espanha temos milhares de mártires que morreram pela sua fé. Não sou mais do que um humilde espanhol que foi simplesmente multado por um Governo repressivo", afirmou Calderón. Ele vê a anistia como a culminação de décadas de desintegração moral, religiosa e territorial da Espanha e acredita que a defesa de sua fé e de seu país é essencial.

Calderón mantém a esperança, acreditando que, no final, o bem triunfará. Ele encoraja os espanhóis a continuar protestando e rezando, seja em Ferraz ou em qualquer outro lugar, afirmando que a Espanha despertou e não se resigna a morrer. "É preciso ter fé e esperança, sem esquecer que o dever de todo espanhol é lutar, lutar e lutar", disse Calderón.

 


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