CRIMINALIDADE

Enquanto policial é sepultado no Rio, Fachin cobra esclarecimentos sobre ação do BOPE na Maré

Redação BSM · 12 de Junho de 2024 às 16:38 ·

Ministro do STF exige que governador Cláudio Castro (PL) explique operação na qual morreu o sargento Jorge Henrique Galdino Cruz, de 32 anos

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, determinou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), explique as ações policiais no Complexo de Favelas da Maré, no Rio de Janeiro. A medida foi motivada por um pedido da Defensoria Pública estadual, uma das autoras da solicitação ao STF. Segundo a ouvidora Fabiana Silva, a primeira negra a ocupar o cargo, o clima na Maré “segue sendo de medo por conta do sério risco da operação vingança”.

Na terça-feira (11), um policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi morto e outro ferido na Maré. À noite, Fachin exigiu esclarecimentos de Castro. O pedido do PSB e da Defensoria Pública solicita o uso de câmeras corporais gravando sem interrupção, a presença de ambulâncias e a preservação dos locais para perícia durante as operações policiais.

Na manhã de quarta-feira, 12 de junho, a operação policial no Complexo da Maré estava concentrada na Vila do João, Timbau, Baixa do Sapateiro e Pinheiros. Em resposta ao pedido de esclarecimentos feito por Fachin, Castro apontou o “sucesso” da ação policial, destacando que os objetivos “foram cumpridos”. Segundo ele, a operação seguiu todos os requisitos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), incluindo a presença de ambulâncias, a comunicação com escolas e a Secretaria de Saúde, e o uso de câmeras corporais pelos policiais.

Castro declarou: “Essa operação de ontem cumpriu todos os requisitos da ADPF, levamos ambulância, foi avisado escola, avisado secretaria de saúde, todos os policiais portavam câmeras corporais. E o que eu vou dizer ao ministro é do sucesso da operação. É óbvio que a gente lamenta demais a morte do policial, do Jota Cruz, mas os objetivos da operação foram cumpridos: 24 presos, 11 armas, metralhadora antiaérea, drogas, armamentos, enfim, mais de 10 veículos apreendidos”.

Enquanto Fachin cobrava esclarecimentos do governo do Rio, mais de 100 pessoas se reuniram hoje (12) no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio, para se despedir do policial militar Jorge Henrique Galdino Cruz, de 32 anos. O terceiro-sargento morreu durante a operação do Bope no Complexo da Maré na terça-feira. Entre os presentes estavam familiares, colegas de farda, e os secretários de Segurança Pública, Victor Cesar Santos, e de Polícia Militar, Marcelo de Menezes Nogueira. Dois helicópteros da PM sobrevoaram o cemitério durante a cerimônia, enquanto policiais fardados carregavam o caixão do sargento, coberto por uma bandeira do Brasil.

No sepultamento, sete policiais e um comandante realizaram uma salva de tiros em homenagem ao colega. Durante a cerimônia, a banda oficial da corporação tocou hinos religiosos, e os agentes fizeram uma oração do Bope. Ao final, um corneteiro tocou o toque de silêncio, um tributo tradicional aos militares falecidos.

Sargento Cruz, que trabalhava no Bope há mais de 10 anos, foi baleado durante uma ação para capturar suspeitos envolvidos em roubos de veículos nas vias expressas da região. Ele e um colega foram atacados a tiros enquanto patrulhavam em busca do esconderijo de criminosos. O outro policial, Rafael Wolfgramm Dias, também foi atingido por disparos e passou por cirurgia no Hospital Federal de Bonsucesso. Seu quadro de saúde é grave, segundo a direção da unidade.

 


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