O FUTURO É ANTIABORTO
Decisão da Suprema Corte faz surgir primavera pró-vida em vários países
Derrubada do caso Roe vs. Wade causa efeito dominó e impulsiona movimentos em defesa da vida na Europa, América Latina e África
Desde junho, quando a Suprema Corte americana anulou a sentença do caso Roe vs. Wade, teve início uma verdadeira primavera pró-vida não apenas nos Estados Unidos, mas em vários outros países. De acordo com dados da rede internacional Political Network for Values (PNfV), em apenas um mês e meio 14 dos 50 estados americanos restringiram a prática do aborto, enquanto outros dez estão em vias de fazê-lo. A derrubada da sinistra decisão de 1973 transformou-se em símbolo e motivação para o movimento pró-vida em várias partes do planeta. Está provado que é possível defender e resgatar o direito à vida dos nascituros, por pior que seja o cenário político e ideológico. Não há mais como negar: o futuro é antiaborto.
Indiana é o mais recente estado americano a aderir ao cinturão pró-vida na América. No último dia 5, o estado aprovou uma lei que restringe o aborto em quase todos os casos. A revogação de Roe vs. Wade foi um duro golpe para a indústria da morte: nos estados que aprovaram leis restritivas ao aborto, restam apenas 28 das 71 clínicas de aborto que antes existiam. E a tendência é que outras clínicas também fechem as portas, reduzindo os lucros do famigerado setor.
“Estamos vivendo um ponto de inflexão”, diz Amy Sinclair, senadora estadual de Iowa. “Com a decisão da Suprema Corte, o mapa do país está mudando rapidamente”. A senadora participou recentemente de um seminário Diálogos Transatlânticos, em que ativistas de diversos países discutiram os efeitos globais da revogação de Roe vs. Wade. Sinclair é autora da famosa Heartbeat Bill (Lei do Batimento Cardíaco), que proíbe o aborto a partir do momento em que se pode ouvir o coração do bebê. Contestada fortemente pelos militantes “progressistas”, a proposta tem tido um fortíssimo impacto na opinião pública americana. Afinal, por que silenciar um coração inocente que está batendo? Em sua fala, a senadora ressaltou que o movimento pró-vida americano deve trabalhar com foco em garantir que a proteção à vida se torne um direito líquido e certo, caso a caso, em todos os estados do país. “Ganhamos muito terreno, é um sonho tornado realidade, mas ainda não é suficiente. Devemos ser tenazes e buscar uma profunda mudança cultural.”
Em quase metade dos estados americanos, leis que restringem o aborto estão implementadas ou em processo de aprovação. Apenas sete estados americanos permitem o aborto sem qualquer restrição. Mas em todo o país a pressão contra o assassinato de bebês vem ganhando força entre a população. Mas a decisão da Suprema Corte dos EUA também tem tido consequências em outras partes do mundo. Segundo a deputada espanhola Margarita de la Pisa, membro do Parlamento Europeu, a derrubada de Roe vs. Wade causou um profundo choque no meio político do Velho Continente. “A situação da Europa é inversa: estamos como os Estados Unidos em 1973” – ou seja, com uma forte tendência pró-aborto dominante nos governos europeus. “Aqui ainda tentam fazer do aborto um ‘direito humano’, mas na América já estão no caminho de volta”, comparou a parlamentar. Ela afirma ainda que os eurodeputados pró-vida se inspiraram na decisão da Suprema Corte para redigir uma proposta de resolução contra um aborto escrita “em linguagem clara e direta, sem ambiguidades”. O movimento pró-vida está perdendo o medo de defender abertamente suas convicções. “É hora de nos expressarmos. O que aconteceu nos Estados Unidos é um chamado à ação, nos enche de coragem e nos permite ver que a mudança é possível.”
Para Carlos Polo, diretor do Population Research Institute, a decisão histórica dos juízes americanos impulsionou a cruzada pró-vida na Europa, na América Latina e na África. “As batalhas políticas estão diretamente relacionadas às batalhas institucionais. A articulação entre representantes políticos e organizações dos cidadãos foi fundamental para essa vitória”, ressaltou o ativista peruano. “É hora de aproveitar o momento político proporcionado por essa magnífica decisão e acelerar o efeito dominó para avançar na defesa da vida”, completou Lola Velarde, diretora executiva da Political Network for Values.
Depois de um inverno de 50 anos, está surgindo uma primavera da vida.
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