DIÁRIO DE UM CRONISTA

A espada do PT sobre as nossas cabeças

Paulo Briguet · 9 de Novembro de 2023 às 18:51 ·

Fala do Flávio Dino e lista do TSE fazem lembrar o slogan da infame polícia secreta da Alemanha Oriental

A “espada da democracia” que o comissário Flávio Dino pretende usar para perseguir os brasileiros é exatamente a mesma que estava no lema da sombria Stasi, a polícia política da Alemanha Oriental: “A espada e o escudo do Partido”. (Em alemão, Schild und Schwert der Partei.) Não por acaso, o nome oficial do país comunista era República Democrática da Alemanha. Hoje, com a divulgação da infame lista do “gabinete do ódio”, pode-se dizer que a espada já começou a ser usada.

A fala de Dino e a divulgação da lista do TSE me fizeram lembrar o filme “A Vida dos Outros”. Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007, “A Vida dos Outros” conta a história de um casal de artistas espionado pela Stasi.

O próprio estatuto da Stasi a definia como um instrumento de lealdade incondicional ao Partido governante: “Na sua função de escudo, a Stasi deve afastar todos os ataques ao governo socialista. Na função de espada, a Stasi deve destruir agressivamente tudo que se interpõe no caminho do Partido e dos seus objetivos políticos”.

Como se vê, a Stasi não conhecia limites. Em 1989, quando caiu o Muro de Berlim, a polícia secreta tinha a seu serviço 91.015 agentes especiais. Como a população da Alemanha Oriental era de 16 milhões, isso significava um espião da Stasi para cada 175 habitantes. Os “hackers” comunistas da época utilizavam todos os meios possíveis para espionar os cidadãos: escutas telefônicas, violação de correspondências, instalação de câmeras e gravadores nas residências, cooptação de familiares e amigos das vítimas. Para a Stasi, inexistia a vida privada. Tudo era interesse do Partido Comunista.

De posse das informações coletadas, a Stasi montava um perfil político e psicológico de cada cidadão. Caso a pessoa tivesse opiniões contrárias ao Partido ou aos líderes comunistas, os agentes utilizavam as mensagens pessoais em armas para transformar a vida do sujeito em um inferno. Essa técnica, que sempre envolvia a falsificação do material obtido ilegalmente, chamava-se “Zersetzung” — decomposição. É o que os Dinos pretendem fazer com todos os milhões de brasileiros anticomunistas.

Outro dos lemas da Stasi era: “Der Aufbau des Sozialismus ist in erster Linie eine Erziehung der Menschen”. Traduzindo: A construção do socialismo é antes de tudo a educação do povo”. Sim, os comunistas achavam que espionar e atormentar as pessoas era uma forma suprema de educá-las.

Situações semelhantes ocorriam em todo o bloco socialista. Na Rússia soviética, as famílias conversavam em voz baixa para não serem denunciadas por vizinhos de apartamento (como narra o historiador Orlando Figes em “Sussurros”). Alexandr Soljenítsin foi condenado a oito de trabalhos forçado por fazer críticas a Stálin numa carta a um amigo; a poetisa Anna Akhmátova teve que memorizar centenas de poemas para que não os originais não fossem roubados pela polícia secreta; os escritores Heberto Padilla e Reinaldo Arenas tiveram suas vidas pessoais devastadas pelo regime de Fidel Castro. É esse tipo de sistema que o que o atual regime está implantando no Brasil.

O socialismo era, é e sempre será a perseguição das pessoas comuns. Ou seja, a espada da Stasi paira sobre as nossas cabeças.

Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM. Autor de O Mínimo sobre Distopias.

 


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