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Tragédia no Rio Grande do Sul: saiba tudo do maior desastre natural dos últimos 40 anos do Estado

Luís Batistela · 12 de Setembro de 2023 às 17:16 ·

46 pessoas ainda estão desaparecidas: 30 no município de Muçum, 8 em Lajeado e 8 em Arroio do Meio. O evento é considerado o maior desastre natural nos últimos 40 anos do Rio Grande do Sul.

Um balanço realizado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul anunciou, nesta terça-feira (12), que o número de vítimas fatais devido à passagem do ciclone extratropical no estado subiu para 47. Mais de 90 municípios foram afetados pelas tempestades e ventos que excederam os 100km/h. Até o presente momento, 20.517 indivíduos estão desalojados.

As cidades com os maiores números de óbitos são Muçum, com 16 mortes, e Roca Sales com 11. No total, 97 municípios foram afetados – 36 destas cidades estão sob estado de calamidade – e 3.130 pessoas foram resgatadas. Mais 4.794 indivíduos estão desabrigados, 925 pessoas tiveram variados ferimentos e 340.928 sofreram algum dano.

Veja as mortes por município:

  • Muçum: 16
  • Roca Sales: 11
  • Cruzeiro do Sul: 5
  • Lejeado: 3
  • Colinas: 2
  • Estrela: 2
  • Ibiraiaras: 2
  • Bom Retiro do Sul: 1
  • Encantado: 1
  • Imigrante: 1
  • Mato Castelhano: 1
  • Passo Fundo: 1
  • Santa Tereza: 1

Outras 46 pessoas ainda estão desaparecidas: 30 no município de Muçum, 8 em Lajeado e 8 em Arroio do Meio. O evento é considerado o maior desastre natural nos últimos 40 anos do Rio Grande do Sul.

Uma ovelha morta foi encontrada pendura na fiação elétrica no Vale do Taquari, em Muçum. Já na cidade de Estela, uma vaca parou em cima do telhado de uma residência. De acordo com o proprietário, o animal foi deslocado por três quilômetros até atingir a casa.

A ausência de Lula no desastre

Neste último domingo (10), o vice-presidente Geraldo Alkmin informou que serão destinados R$ 741 milhões do governo federal para as regiões afetadas no Rio Grande do Sul. No mesmo final de semana, Alckmin desembarcou no estado, no município de Canoas, e seguiu para Lajeado.

Entretanto, Luiz Inácio Lula da Silva ainda não visitou as vítimas afetadas pelo ciclone extratropical – atitude tipicamente esperada como ato de solidariedade do presidente da República.

Diante da situação, o governador do estado, Eduardo Leite (PSDB) realizou uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (6), por meio da qual anunciou as medidas que estão sendo tomadas para auxiliar as vítimas da catástrofe.

"Não tem sido um ano fácil para o Rio Grande do Sul. Mas nosso povo é resiliente e forte, e nós vamos estar unidos para superar essa adversidade, com toda a estrutura, com os servidores públicos, os militares, civis, voluntários, ações, prefeituras, sociedade civil engajada. Cada vida perdida não pode ser reposta, a gente lamenta cada uma delas. Vamos dar todo suporte para essas famílias".

Durante coletiva, o governador afirmou também que o Exército Brasileiro encaminhou o auxílio de 180 militares para as regiões atingidas pelas fortes chuvas e enchentes, mas se mostrou preocupado com a previsão de chuvas, temporais e ventanias ainda pelos próximos dias.

Outra medida tomada por Leite, publicada em suas redes sociais, foi a decretação de estado de calamidade pública em seu estado.

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Repercussão internacional

Por meio do Cardeal-Secretário de Estado da Santa Sé, dom Pietro Parolin, o Papa Francisco encaminhou uma benção apostólica através de um telegrama de condolências e solidariedade as famílias vítimas do desastre natural no estado. A mensagem foi destinada ao presidente da regional sul da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Santa Maria (RS), dom Leomar Brustolin.

“O Santo Padre deseja manifestar a sua solidariedade orante às comunidades afetadas pelas fortes chuvas que, nos últimos dias, atingiram o estado do Rio Grande do Sul, deixando um rastro de destruição e morte. O Papa Francisco, com sua paternal solicitude, quer assegurar a Vossa Excelência e aos demais bispos do regional, dos sufrágios que oferece pelo eterno descanso das vítimas fatais, bem como das preces que eleva ao Altíssimo pelas famílias desabrigadas, desejando que a reconstrução das localidades atingidas ocorra de maneira rápida e eficaz. Como penhor de conforto, o Romano Pontífice concede a todos os que foram afetados pelas enchentes a benção apostólica”, informa o texto.

Também na quinta-feira (07), ao final de uma coletiva de imprensa no Estádio do Mangueirão, em Belém (PA), o jogador de futebol Neymar prestou suas condolências às vítimas no sul do país.

“Só mandar meus sentimentos às famílias, que houve a tragédia no Sul do Brasil. Só mandar meus sentimentos para todas elas”, declarou o atacante da seleção brasileira.

Medidas tomadas na região

A Arquidiocese de Porto Alegre, por meio da organização Mensageiro da Caridade, juntamente com a comunidade católica do arquipélago, promoveu a doação de alimentos, roupas e cobertores para 150 famílias da ilha da Pintada.

“Todo o material distribuído foi resultado da sensibilidade das pessoas que repassaram esses donativos para nossa entidade, numa demonstração de empatia e da solidariedade que existe em nosso povo gaúcho”, elencou a assistente social do grupo, Marta Bangel.

Dezenas de voluntários também se organizaram para suprir as necessidades das pessoas afetadas pelo ciclone. O governo do Estado providenciou a criação da conta SOS Rio Grande do Sul, no Barinsul, para receber doações em dinheiro dos interessados em ajudar as famílias necessitadas.

“Os valores serão geridos pelo Estado em parceria com entidades reconhecidas no trabalho de assistência social e ajuda humanitária. A medida busca disponibilizar um canal seguro para canalizar as doações, que serão aplicadas de forma transparente, com auditoria e fiscalização do poder público. Podem ser feitas doações de qualquer valor (...). O Estado já anunciou as primeiras medidas e aportes para a reconstrução das cidades, com R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito por meio do Banrisul, repasses de R$ 20 milhões para garantir o atendimento de saúde nas comunidades atingidas e ajuda financeira para as famílias mais vulneráveis por meio do programa Volta Por Cima”.

A Secretaria de Saúde do Estado também está cadastrando voluntários profissionais da área da saúde para atuarem em hospitais, unidades de pronto atendimento e outras atividades específicas.

 


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