CULTURA

Sinfônica interpreta Beethoven e Max Bruch em Londrina

Redação BSM · 1 de Agosto de 2024 às 14:53 ·

Maestro convidado Fábio Mechetti conduz a Orquestra Sinfônica da UEL em concerto no Teatro Ouro Verde

No segundo concerto da Série Catuaí, a Orquestra Sinfônica da UEL traz a Londrina o Maestro Fábio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Mechetti é reconhecido nacional e internacionalmente como um dos grandes regentes de sua geração. Foi aluno do Maestro Leonard Bernstein e Assistente do Maestro Mstislav Rostropovitch. O programa terá duas obras de Beethoven: a Abertura da Ópera “Fidelio” e a Sinfonia n° 2.

Além destas duas obras, a OSUEL tocará também o Concerto Duplo para Clarinete e Viola de Max Bruch. Os solos serão do clarinetista Marcus Julius Lander, que é o principal clarinetista da Filarmônica de Minas, e do violista da orquestra, Jairo Chaves.

 

Beethoven e a ópera

Antes do século XX, a ópera dominava a cena musical e os compositores, incluindo Beethoven, aspiravam a escrever óperas para ganhar reputação e apoio financeiro da nobreza. Beethoven começou a trabalhar em sua única ópera, “Fidelio”, em 1804, inspirado pelas populares “óperas de resgate” francesas de Cherubini e Méhul. Apesar de seus esforços intensos e revisões constantes, Beethoven enfrentou grande frustração durante o processo de composição, reivindicando até uma “coroa de mártir” pela dor que lhe causava.

A história da ópera, em que Leonore se disfarça de homem para resgatar seu marido Florestan da prisão, é simples e sustentada pela música inigualável de Beethoven. A obra conta com personagens como o vilão Don Pizarro, o ministro do rei Don Fernando, e personagens menores como Rocco, Marzelline e Jaquino, além dos prisioneiros que simbolizam a opressão universal.

 

Max Bruch e seu concerto duplo

Max Bruch é mais lembrado por algumas poucas obras, sendo a mais notável o Concerto para Violino nº 1 em Sol menor, Op. 26. Outras obras importantes incluem Kol Nidrei para violoncelo e orquestra, Op. 47, e a Scottish Fantasy para violino e orquestra, Op. 46. Infelizmente, peças como o Concerto para Clarinete, Viola e Orquestra em Mi menor, Op. 88 (1911), raramente aparecem em programas de concerto. O Concerto Duplo de Bruch para clarinete e viola permanece obscuro devido ao seu estilo melífluo e expressivo, formado no início de sua carreira e pouco modificado ao longo do tempo. Quando Bruch morreu em 1920, seu estilo romântico foi eclipsado por compositores como Richard Strauss, Debussy, Stravinsky e Schoenberg. Apenas recentemente algumas de suas composições posteriores começaram a ser redescobertas.

Bruch, além de compositor, era um maestro requisitado e um pai dedicado. Seu filho mais velho, Max Felix, inspirou a criação do Concerto para Clarinete, Viola e Orquestra, que estreou em 5 de março de 1912, com Max Felix no clarinete e Willy Hess na viola. Após revisões, uma segunda apresentação ocorreu em 3 de dezembro de 1913 em Berlim.

O Concerto Duplo de Bruch não rompe novos terrenos musicais, mas seus dois solistas se anunciam de forma declamatória, semelhante ao Vorspiel do Primeiro Concerto para Violino. A música é meditativa e reminiscente do Quinteto para Clarinete e Cordas de Brahms, Op. 115. Os primeiros movimentos exibem a fascinação de Bruch com a música folclórica, utilizando canções suecas.

O segundo movimento, allegro moderato, tem um compasso triplo semelhante a uma valsa, concluindo com uma cadência plagal tocante. O finale, Allegro molto, é mais extrovertido e estruturado em forma-sonata, com uma orquestração vibrante e elaborada, expandindo as forças orquestrais a cada movimento.
 

Beethoven e a Segunda Sinfonia: genialidade e resiliência

A Sinfonia nº 2 de Beethoven, composta em 1802, marca o início de um período de extraordinária criatividade na vida do compositor, mesmo enquanto ele enfrentava a crescente surdez. Estreada em Viena em 5 de abril de 1803, junto com o Terceiro Concerto para Piano e o oratório “Cristo no Monte das Oliveiras”, a obra reflete a determinação de Beethoven em transcender suas dificuldades pessoais.

Inicialmente recebida com críticas mistas, a Sinfonia nº 2 representa uma evolução significativa em relação à Primeira. Com uma introdução expansiva e variada, o adagio molto estabelece um novo padrão de complexidade e dimensão. O movimento rápido seguinte é cheio de vitalidade e imprevisibilidade. O larghetto do segundo movimento apresenta uma serenidade nova na obra de Beethoven, enquanto o scherzo é animado e compacto. O finale começa de maneira atrevida e se desenvolve surpreendentemente, culminando em uma coda extensa que demonstra a engenhosidade do compositor.

A Sinfonia nº 2 não é apenas uma transição, mas uma composição que já anuncia as revoluções musicais futuras de Beethoven, combinando energia, humor e lirismo, refletindo sua resiliência e genialidade.
 

O maestro

Desde 2008, Fabio Mechetti é diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Ao ser convidado, em 2014, para o cargo de Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, Fabio Mechetti tornou-se o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática. Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica de Spokane.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente. Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte- americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Na Finlândia, dirigiu a Filarmônica de Tampere; na Itália, a Orquestra Sinfônica de Roma e a Orquestra do Ateneo em Milão; na Dinamarca, a Filarmônica de Odense; dirigiu a Sinfônica Nacional da Colômbia e estreou no Festival Casals com a Sinfônica de Porto Rico. Na Argentina, conduziu a Filarmônica do Teatro Colón, com a qual se apresentará novamente em 2024.

No Brasil, foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre e Brasília e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson, Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros. Fabio Mechetti é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School de Nova York.



Marcus Julius Lander

Marcus Julius é Bacharel em Clarinete pela Unesp, na classe de Sérgio Burgani. Também foi aluno de Luis Afonso “Montanha” na USP e de Jonathan Cohler no Conservatório de Boston. Atuou como spalla na Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo e chefe de naipe nas orquestras Jovem de Guarulhos, do Instituto Baccarelli e da Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Integrou a Orquestra Acadêmica da Cidade de São Paulo.

Foi professor no Festival de Verão Maestro Eleazar De Carvalho 2014 (Itu, Brasil) e no VII Taller para Jóvenes Clarinetistas (Lima, Peru). Apresentou-se como palestrante nos conservatórios de Shenyang e Tai-Yuan (China) e no Instituto Superior de Música del Estado de Veracruz (Xalapa, México). Marcus Julius foi jurado na Royal Musical Collection International Clarinet Competition (Baoding , China) e no 3º Concurso Devon & Burgani (São Paulo, Brasil). Como artista residente, foi recebido no 8º Festival Internacional de Clarinete e Saxofone de Nan Ning (China, 2010), Festival Internacional de Clarinetes de Pequim (China, 2014), Dream Clarinet Academy em Baoding (China, 2017), IV Congresso Latino-americano de Clarinetistas (Lima, Peru, 2019), na Thailand International Clarinet Academy (Bangkok, Tailândia, 2019) e no I Festival Internacional de Clarinete Yuuban (Xalapa, México).

Marcus Julius ingressou na Filarmônica em 2009 e desde 2012 é Clarinete Principal da Orquestra. É artista Royal Global e D’addario Woodwinds.

 

Jairo Chaves

Radicado em Londrina desde 1995, vencedor de diversos Prêmios Nacionais e Internacionais, atuou como solista à frente de várias orquestras brasileiras e européias. Realizou recitais na Europa e Estados Unidos. Em 2001 lançou seu primeiro CD com obras de Hindemith, Piazzolla e Guerra-Peixe. Recentemente gravou a obra “Brasiliana” de Edino Krieger para viola e orquestra de cordas no CD “Retratos Brasileiros” da Orquestra de Câmara Solistas de Londrina - CD este finalista na categoria melhor álbum erudito do 24º Prêmio de Música Brasileira (junho de 2013).

Entre os anos de 2003 e 2004, a convite do primeiro violista da Filarmônica de Berlim (Alemanha), Wilfried Strehle, foi membro da Academia da Filarmônica de Berlim, período em que integrou o naipe de violas da Filarmônica em inúmeros concertos sob a regência de consagrados maestros tais como: Sir Simon Rattle, Bernard Haitink, Daniel Barenboim, Pierre Boulez, entre outros. Em 2012 participou dos festejos dos 40 anos da Academia da Orquestra Filarmônica de Berlim, sob a regência do maestro Sir Simon Rattle.

Atua como primeiro violista da Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina desde 1995 e da Orquestra de Câmara “Solistas de Londrina” desde sua fundação em 1998, além de ser convidado para gravações, recitais solo, participações em Orquestras e professor em Festivais de Música pelo Brasil.

 

 

SERVIÇO:

Concerto da Orquestra Sinfônica da UEL - Série Catuaí

Fabio Mecheeti, regente convidado Marcus Julius Lander, clarinete

Jairo Chaves, viola


Ludwig Von Beethoven

Abertura da ópera “Fidélio” op. 72

Max Bruch

Concerto para Clarinete e Viola Op. 88

Ludwig Von Beethoven

Sinfonia n° 2 Op.36

 

Data: 1 e 2 de agosto
Horário: 20h30
Local: Cine Teatro Ouro Verde - R. Maranhão, 85 - Centro, Londrina - PR, 86010-410 Telefone: (43) 3322-6381

Ingressos: osuel.pagtickets.com.br ou na Mundomax – Unidade Sonkey

 


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