VENEZUELA

Professores Venezuelanos protestam contra salários baixos e escolas precárias

Rhuan C. Soletti · 19 de Setembro de 2023 às 15:59 ·

A Federação Venezuelana de Professores (FVM) informou que apenas 30% das escolas do país estão em condições adequadas para receber alunos

Mais de 300 professores de escolas públicas na Venezuela se reuniram em um protesto em busca de melhorias em suas condições de trabalho, na segunda-feira (19). Os educadores, enfrentando baixos salários e instalações precárias, exigem um aumento salarial e reformas urgentes nos edifícios escolares antes do início do novo ciclo escolar em 2 de outubro.

Devido à falta de recursos financeiros e à falta de instalações adequadas, as turmas têm aulas apenas uma ou duas vezes por semana. Uma professora enfatizou: "O governo, ao invés de pagar um salário justo, determinou um horário de mosaico, no qual trabalhamos dois dias por semana e nos outros três somos deixados por conta própria."

O ato de protesto teve lugar em frente à Defensoria do Povo e ao Ministério Público, no coração de Caracas, e foi registrado por agências internacionais de notícias. Xiomara Mijares, uma professora com 25 anos de experiência, expressou sua frustração, afirmando: "Eles nos fazem de mendigos." Os cartazes dos professores denunciavam o que chamaram de "salário de fome" pago no país.

Lenin Barrios, um professor de inglês com 20 anos de serviço, revelou que recebe o equivalente a cerca de US$ 25 (R$ 121) por mês, o que representa menos de US$ 1 (R$ 4,85) por dia. Esses valores estão muito abaixo do custo estimado da cesta básica na Venezuela, que ultrapassa os US$ 500 (R$ 2,4 mil), tornando o salário mínimo equivalente a apenas 5% do valor da cesta.

Rep: FVM

A Federação Venezuelana de Professores (FVM) informou que apenas 30% das escolas do país estão em condições adequadas para receber alunos, enquanto as demais enfrentam graves problemas de infraestrutura, como a falta de água, eletricidade, internet e telefone, além de rachaduras, goteiras e infiltrações.

"A falta de serviços básicos, recursos pedagógicos e tecnológicos está impedindo o desenvolvimento dos alunos, e nem mesmo o programa de alimentação escolar está funcionando", destacou a federação em seu site.

Elsa Castillo, presidente da FVM, recomendou que os professores não retomem suas atividades devido à insuficiência de recursos até mesmo para o transporte até as escolas. Ela explicou: "A mensagem para os professores é não se apresentarem; não é uma greve, não é uma paralisação, mas o salário não é suficiente nem para pagar a passagem."

Essa situação crítica resultou em mais de 1 milhão de crianças fora da escola, com 11% das crianças das áreas mais vulneráveis enfrentando desnutrição. A qualidade da educação também tem sofrido com a queda nos resultados de testes de língua e matemática ao longo dos anos, alertou a FVM.


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