CENSURA E PERSEGUIÇÃO

Preparador físico da seleção feminina de basquete é demitido após publicação contra aborto

Redação BSM · 23 de Junho de 2024 às 11:47 ·

A Confederação Brasileira de Basquete argumentou que houve uma "quebra de confiança" das jogadoras com Falcão

O preparador físico da seleção brasileira feminina de basquete, Diego Falcão, foi demitido do cargo após fazer publicações em suas redes sociais contra o aborto. A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) comunicou a decisão no sábado (22), depois de uma reunião. O órgão não divulgou o motivo oficial da decisão, apesar de ser evidente que cedeu à pressão das jogadoras (Entenda abaixo).

Falcão estava na seleção desde 2019 e, antes, trabalhou na seleção brasileira masculina de basquete, no Flamengo, no Japão e também em Angola. Atualmente, ele não tinha contrato vigente com a CBB, sendo um prestador de serviço pago pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), atuando em campanhas para a tentativa de classificação olímpica. 

A seleção brasileira feminina de basquete não conseguiu se classificar para as Olimpíadas de 2024.

De acordo com o Globo Esporte, ele não poderia ser demitido apenas por emitir uma opinião e, por isso, o argumento da CBB é de que houve uma "quebra de confiança" das jogadoras com ele. Os dois principais destaques do time, Clarissa dos Santos e Damiris Danta, se posicionaram a favor do aborto e pediram a demissão de Falcão.

"É inaceitável que um profissional, que trabalha com o feminino, demonstre esse tipo de posicionamento nas redes sociais", publicou Damiris em sua conta do Instagram. "O estupro é um crime grave, e é fundamental que as mulheres tenham o direito de decidir e expressar sua opinião sobre isso. É essencial que nossa confederação se posicione de forma clara e adequada em relação a este assunto tão sério", continuou. 

Já Clarissa dos Santos postou o seguinte: "Hoje eu ouvi comentários e depois vi as mensagens de um funcionário que trabalha com basquete feminino que respostou um post sobre a "PL do Estupro" e expressando a opinião dele sobre a vida. Mas uma coisa que fica muito difícil de engolir é que o post não tava falando sobre vida, mas sobre morte psicológica, que é o estupro. Morte psicológica pensando nas que sobrevivem, né? Porque muitas morrem. (...) É triste porque é difícil entender que tem pessoas desse tipo trabalhando com o feminino (...) Estamos aqui falando sobre o mínimo, que é respeitar o outro. Sendo que quando passa pela vida das mulheres acaba a gente tendo mais dificuldade. A gente vive isso desde mil novecentos e bolinha."

 

 


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