CENSURA

PF utilizou VPN para monitorar Rodrigo Constantino: "estão espionando uma figura pública que tem todo direito de se expressar"

Luís Batistela · 22 de Abril de 2024 às 11:07 ·

A investigação integra o inquérito 4957/DF do Supremo Tribunal Federal

Um relatório da Polícia Federal (PF), concluído nesta sexta-feira (19) e obtido pela Gazeta do Povo, mostra que a corporação utilizou uma VPN (Virtual Private Network), um serviço de auxílio à privacidade e segurança online, para monitorar as publicações do jornalista Rodrigo Constantino em sua conta no X. Ao BSM, Constantino afirmou que a “descoberta é reveladora”, pois “mostra que nem a Coreia do Norte foi tão longe, já que eles não investigam o que um jornalista brasileiro publica sobre o Kim Jong-un no Brasil”, ao contrário das investigações da PF.

“Eu achei absolutamente surreal tomar conhecimento disso. Há algum tempo venho achando que a Polícia Federal tem uma ala que age como uma ‘Gestapo’, uma ‘Stasi tupiniquim’. Essa descoberta é reveladora, pois não é conduta de Polícia Federal. Sinto falta do tempo em que a corporação prendia corruptos e bandidos – hoje dedica tempo e energia para assistir lives de um residente permanente nos EUA, um jornalista que não cometeu crime algum”, ponderou ao BSM.  

No texto, a PF menciona o jornalista ao apurar supostos descumprimentos de ordens judiciais por parte da rede social. As publicações de Constantino, que reside nos Estados Unidos, estão incluídas no documento, sendo que essas postagens não estão visíveis no Brasil devido a um bloqueio imposto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. De acordo com o delegado Fábio Álvares Shor, o jornalista compartilhou conteúdos “promovendo ataques ao Ministro Alexandre de Moraes e a divulgação de informações falsas ou sem lastro”.

"As pesquisas realizadas na plataforma X, por meio de rede privada virtual (VPN), permitiram o acesso às mensagens que os investigados estão realizando na referida rede social com o objetivo de angariar apoio internacional. Até o presente momento, os tweets referidos, não estão acessível aos usuários brasileiros da rede social", diz o texto.

Ao BSM, Constantino alegou estar surpreso que a PF tenha descoberto somente agora que ele continua “fazendo live, apesar de Alexandre de Moraes ter me banido da plataforma e da ‘praça pública da era moderna’”. “Isso mostra que nem a Coreia do Norte foi tão longe, já que eles não investigam o que um jornalista brasileiro publica sobre o Kim Jong-un no Brasil. Foi isso que a PF fez: preparou um relatório para concluir que eu, nos EUA, residente americano, estou falando sobre o Brasil”, disse.

 “É interessante destacar que é uma espécie de polícia secreta ‘pastelão’, pois estão espionando uma figura pública que tem todo direito de se expressar, que emite suas opiniões diariamente na Gazeta do Povo, na rádio AuriVerde, no programa Bradock Show e semanalmente na Oeste Sem Filtro. Apesar de eu continuar emitindo minha opinião regularmente, a ‘Stasi tupiniquim’ achou que eu estaria calado por conta da decisão esdrúxula e ilegal do ministro Alexandre de Moraes”, concluiu.

 


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