"NOVA RELIGIÃO"

“Não queremos converter o jovem a Cristo”, diz bispo responsável pela Jornada Mundial da Juventude

Diógenes Freire · 8 de Julho de 2023 às 18:08 ·

Dom Américo Manuel Alves Aguiar afirmou que o objetivo principal da Jornada é congregar a juventude numa espécie de ecumenismo cujo centro de fé é um tipo de nova religião baseada na ecologia

Esta semana, ao conceder entrevista à TV portuguesa RTP, o presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023, dom Américo Manuel Alves Aguiar, afirmou que o objetivo principal da Jornada é congregar a juventude numa espécie de ecumenismo cujo centro de fé é um tipo de nova religião baseada na ecologia.

A JMJ acontecerá de 1 a 6 de agosto. A organização do evento espera a participação de cerca de 400 mil jovens na edição portuguesa. 

Nós não queremos converter o jovem a Cristo nem à Igreja Católica nem nada disso. Nós queremos é que seja normal que o jovem cristão católico diga e testemunhe que o é; que o jovem muçulmano, judeu ou de outra religião também não tenha problemas em dizer que o é; (queremos que) aquele jovem que não confessa religião nenhuma se sinta à vontade e não sinta-se estranho porque é assim ou é de outra maneira, e que todos entendamos que a diferença é uma riqueza e o mundo será objetivamente melhor se nós formos capazes de colocar no caração de todos os jovens esta certeza da fraterniadade de todos os irmãos que o Papa tem feito um enorme esforço para colocar no coração de todos”, disse o bispo ao igualar o catolicismo a religiões que negam o Cristo - como islamismo e judaismo - além de propor a comunhão com ateus e, possivelmente, satanistas, já que foi enfático ao não excetuar qualquer tipo de credo.

Em seguida, ao ser questionado pela jornalista sobre a preocupação da JMJ com a chamada “Ecologia Integral”, o bispo disse que o evento já traz inovações em relação a edições passadas, como a não utilização de papel impresso, e que a imposição dessas medidas ecológicas “vai forçar comportamentos amigos do ambiente”

Além da digitalização do material do evento, o bispo citou outras iniciativas para evitar desperdícios (de água e alimentos). Uma das idéias, segundo dom Américo, é fazer os jovens “voltarem à época medieval” ao exercitarem a troca de alimentos que são distribuídos nos kits.

“O que não gostam (devem) trocar uns com os outros [...] E, o que ninguém quer, vamos criar uns pontos para que os jovens possam entregar aquilo que não gostam para que, imediatamente, todos esses alimentos sejam encaminhados para instituições [...] Isto é Laudato si’, isto é cuidar da ‘Casa Comum’ e é respeitar a sustentabilidade que é econômica e ecológica”, disse o bispo ao destacar que “esta é a primeira JMJ em que os peregrinos têm a idade dos nativos digitais”.

Laudato si' é uma encíclica publicada pelo Papa Francisco em que o Sumo Pontífice faz críticas ao consumismo e defende uma unificação global em torno do tema da ecologia para combater as supostas mudanças climáticas.

Dom Américo também disse ter ficado triste ao descobrir que as cores utilizadas para identificar a coleta seletiva (azul, vermelho, verde e amarelo) não são universais. Segundo o bispo, a Jornada poderá criar um movimento para sensibilizar os países sobre o tema no sentido de padronizar as cores dos latões de lixo para “evitar confusão”.

Por fim, o bispo disse que seu objetivo é que os jovens “redescubram a força do que significa sonhar, lutar pelos sonhos e concretizá-los”. 

Nas entrevistas concedidas sobre o JMJ, o bispo tem evitado falar sobre conversão, arrependimento e penitência. Também não são citados milagres nem exemplos de vida de santos e leigos (muitos jovens) reconhecidos pela Igreja.

A entrevista completa pode ser vista clicando aqui.

Dom Américo Aguiar tem sido cotado para ser o próximo Patriarca de Lisboa após rumores de que problemas de saúde podem tirar Dom Manuel Clemente do cargo. Sobre essa possibilidade, dom Américo disse estar à disposição do Papa Francisco.

O Papa

Diferente do que afirma o bispo Américo Aguiar ao dizer que não quer converter ninguém ao cristianismo, em março deste ano, numa audiência geral na Praça de São Pedro, o Papa Francisco disse que “a Igreja tem a tarefa de continuar a missão de Cristo” no que diz respeito à evangelização de todos os povos.

"A dimensão eclesial da evangelização constitui um critério de verificação do zelo apostólico. Uma verificação necessária, porque a tentação de proceder ‘solitariamente’ está sempre à espreita, de modo especial quando o caminho se torna impérvido e sentimos o peso do compromisso. Igualmente perigosa é a tentação de seguir caminhos pseudo eclesiais mais fáceis, de adotar a lógica mundana dos números e das sondagens, de confiar na força das nossas ideias, dos programas, das estruturas, das ‘relações que contam’.  Isto não está bem, isto deve ajudar um pouco mas é fundamental a força que o Espírito te dá para anunciar a verdade de Jesus Cristo, para anunciar o Evangelho. Os outros aspetos são secundários”, afirmou Francisco.

Confira a íntegra da mensagem do Papa clicando aqui.

 


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