CULTURA E MÍDIA

Morre Ziraldo, autor de “O Menino Maluquinho”

Redação BSM · 7 de Abril de 2024 às 06:39 ·

Desenhista e escritor Ziraldo Alves Pinto morreu neste sábado, aos 91 anos, em sua casa no Rio

O desenhista e escritor Ziraldo Alves Pinto morreu na tarde deste sábado (6), aos 91 anos. De acordo com familiares, o criador do “Menino Maluquinho” morreu dormindo em sua casa na Zona Sul do Rio.

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, estado de Minas Gerais. Seu nome é resultado da união entre os nomes de seus pais (Zizinha e Geraldo). Em suas entrevistas, ele brincava:

Meu nome é Ziraldo Alves Pinto. Ziraldo é uma mistura do nome dos dois, o Alves é da minha mãe e o Pinto é do meu pai.

O talento de Ziraldo se revelou muito cedo. Com apenas 6 anos, publicou seu primeiro desenho, no jornal Folha de Minas. Com 12 anos, começou a escrever histórias em quadrinhos com o personagem capitão Tex.

Tinha 16 anos quando se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou, como ilustrador em órgãos da imprensa carioca. Em 1949, publicou sua primeira história em quadrinhos. De volta a Minas por um período, estudou Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde se formou em 1957, mas nunca exerceu a advocacia.

Depois de formado, viajou para a Europa e voltou a morar no Rio, tendo colaborado com as revistas A Cigarra e O Cruzeiro. Foi um dos pioneiros das revistas em quadrinhos no Brasil quando editou, em 1960, a Turma do Pererê.

Em 1963, Ziraldo passou a desenhar para o Jornal do Brasil, tornando-se conhecido nacionalmente. Com o início do regime militar, a Turma do Pererê deixou de ser publicada. Em 1969, Ziraldo foi um dos fundadores do semanário O Pasquim, alvo da ditadura. Sua oposição ao regime levou-o à prisão em novembro de 1970, juntamente com outros integrantes do Pasquim, como Paulo Francis, Sergio Cabral (pai), Tarso de Castro, Flávio Rangel e Fortuna. Com exceção de Tarso de Castro, que permaneceu detido até fevereiro de 1971, todos foram soltos após cerca de dois meses na cadeia. Quando perguntaram a Paulo Francis se ele havia sido torturado na prisão, o jornalista respondeu:

Sim. O carcereiro tocava Wanderléa todo dia.

Ziraldo teve uma “crise do choro” e desmentiu que havia sido detido por causa de “um balãozinho em D. Pedro com a frase: ‘Eu quero é mocotó’, na cópia do quadro de Pedro Américo sobre a proclamação da Independência”. Segundo o cartunista, não houve motivo determinado para a prisão:

Primeiro eles nos prenderam, depois foram pesquisar o jornal para encontrar uma justificativa para cada prisão.

Flicts, o primeiro livro infantil de Ziraldo, foi publicado em 1969, mas seu best-seller foi o livro O menino maluquinho, de 1980. A partir de então, Ziraldo passou a ser mais conhecido como autor de livros infantis, apesar de toda a sua trajetória como cartunista e seu posicionamento político como jornalista.

O corpo de Ziraldo será velado no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, e sepultado às 16h30 no Cemitério São João Batista.

 


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