DIPLOMACIA

Ministro das Relações Exteriores de Israel volta a cobrar pedido de desculpas de Lula

João Pedro Magalhães · 20 de Fevereiro de 2024 às 15:26 ·

"É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez?  [...] Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então - continuará sendo persona non grata em Israel!"

O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, fez um apelo nesta terça-feira (20), exigindo um pedido de desculpas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por suas declarações equiparando a guerra em Gaza ao Holocausto. A resposta do petista à demanda ministerial não aponta para qualquer intenção de retratação, deixando assim uma crise diplomática cada vez mais agravada.

Nas redes sociais, Katz denunciou a comparação feita por Lula como uma afronta ao Brasil e uma ofensa direta à comunidade judaica brasileira. Ele sublinhou que ainda há tempo para uma lição de História acompanhada de um pedido de desculpas, acrescentando que o presidente brasileiro permanecerá na lista de "persona non grata" em Israel até que tal retratação ocorra.

No domingo (18), Lula declarou que as operações militares de Israel na Faixa de Gaza equivalem a um genocídio, fazendo uma analogia com o extermínio dos judeus por Adolf Hitler.

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não tem paralelo em nenhum outro momento histórico. Aliás, isso aconteceu quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o comunista.

Essa infeliz comparação entre a ação militar israelense e o Holocausto, período em que seis milhões de judeus foram exterminados pelos nazistas, é vista como uma grave ofensa por comparar o povo vítima ao seus assassinos.

Presidente do Brasil, milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler?

É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez? Levou milhões de pessoas para guetos, roubou suas propriedades, as usou como trabalhadores forçados e depois, com brutalidade sem fim, começou a assassiná-las sistematicamente. Primeiro com tiros, depois com gás. Uma indústria de extermínio de judeus, de forma ordeira e cruel.

Israel embarcou numa guerra defensiva contra os novos nazistas que assassinaram qualquer judeu que viam pela frente. Não importava para eles se eram idosos, bebês, deficientes. Eles assassinaram uma garota em uma cadeira de rodas. Eles sequestraram bebês. Se não tivéssemos um exército, eles teriam assassinado mais dezenas de milhares.

Que vergonha. Sua comparação é promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros.

Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até então - continuará sendo persona non grata em Israel!

Ainda, parlamentares brasileiros argumentam que tais declarações podem configurar crime de responsabilidade, conforme o Artigo 5º da Lei de Impeachment (1079/50) que proíbe atos de hostilidade contra nação estrangeira, expondo o país ao perigo de guerra ou comprometendo sua neutralidade.

Art. 5º São crimes de responsabilidade contra a existência política da União:

[...]

3) cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira, expondo a República ao perigo da guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade;

Diante da situação, Israel reagiu prontamente, declarando Lula como 'persona non grata' e convocando o embaixador de Brasília em Tel Aviv, Frederico Meyer, para uma reprimenda pública no Memorial do Holocausto. Essa quebra de protocolo irritou o governo brasileiro, que, em retaliação, chamou o próprio embaixador de volta - uma medida diplomática extrema de descontentamento que agrava ainda mais a crise entre as nações.

Apesar da escalada de tensão, não há sinais de recuo por parte do ex-presidente Lula. O assessor para assuntos internacionais do presidente, Celso Amorim, afirmou ao Estadão que não há possibilidade de um pedido de desculpas e a primeira-dama Janja também expressou orgulho pela posição de seu marido.

Saiba mais em:

 


"Por apenas R$ 12/mês você acessa o conteúdo exclusivo do Brasil Sem Medo e financia o jornalismo sério, independente e alinhado com os seus valores. Torne-se membro assinante agora mesmo!"



ARTIGOS RELACIONADOS