ARGENTINA

Milei diz que Lula atua para obstruir sua candidatura na Argentina

Rhuan C. Soletti · 4 de Outubro de 2023 às 14:48 ·

Não é a primeira vez que Javier Milei direciona críticas ao petista. Ele afirmou que, se for eleito, não vê motivo para manter diálogos com Lula

O candidato de direita, Javier Milei, publicou em seu Twitter (X) críticas ao presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rotulando-o como um "comunista furioso" e alegando que Lula estava empenhado em obstruir sua candidatura na Argentina.

"A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e com ações diretas contra mim e meu espaço. A liberdade avança! Viva a liberdade, caralho!", proclamou Milei em uma mensagem publicada em seu perfil em outubro (3).

Esta declaração contundente de Milei foi usada como legenda para um print de uma matéria veiculada no mesmo dia pelo Estadão. A reportagem do jornal revelou que Lula estava supostamente envolvido em ações que facilitaram um empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina por meio da Corporação Andino de Fomento (CAF), também conhecida como Banco de Desenvolvimento da América Latina, com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Esta medida, segundo o jornal, poderia beneficiar o governo do presidente argentino, Alberto Fernández, que lançou seu ministro da Economia, Sergio Massa, como candidato presidencial. Vale destacar que não é a primeira vez que Javier Milei direciona críticas ao petista.

Em uma entrevista à revista britânica The Economist, o deputado argentino não poupou palavras ao descrever o líder brasileiro, afirmando que Lula não era apenas um socialista, mas alguém com inclinações totalitárias. Milei também afirmou que, se for eleito, não vê motivo para manter diálogos com Lula e outros líderes de esquerda na América Latina, incluindo o presidente chileno, Gabriel Boric.

Javier Milei

Desde o começo dos anos 2000, o cenário político argentino foi dividido por duas fortes correntes ideológicas. Por um lado, atuam os simpatizantes do modelo estadista do ex-presidente Néstor Kirchner. De outro, os exaustos eleitores cooptados pela falsa oposição de Mauricio Macri. Entretanto, no meio deste suposto panorama binário, surgiu o que de fato podemos considerar uma “terceira via”: o polêmico liberalismo de Javier Milei.

Similarmente ao cenário político brasileiro, kirchnerismo e macrismo promovem a famigerada “estratégia das tesouras” – onde os dois grupos compartilham, mais ou menos, dos mesmos ideais, porém afirmam vigorosamente serem dissidentes. O objetivo desta estratégia é reter o controle do sistema político e cultural somente nas “mãos” das duas coligações.

Milhares de argentinos foram às urnas, neste domingo (13), em função das eleições primárias no país. Com mais de 95% dos votos apurados, o economista libertário Javier Milei lidera entre os candidatos, seguido por Sergio Massa e Patrícia Bullrich.

Com 30,4% dos votos, a chapa A Liberdade Avança, de Milei, lidera as primárias abertas, simultâneas e obrigatórias (PASO). Em seguida, com 28,7%, está o partido Juntos pela Mudança, de Bullrich. Apesar da segunda colocação entre as chapas, Bullrich está em 3º lugar nas eleições gerais, com 16,98% dos votos.

Por sua vez, o partido governista de Sergio Massa, União pela Pátria, estabeleceu-se em terceiro lugar, com 27,27% dos votos.

Em 2021, Milei foi eleito deputado Nacional de Buenos Aires. Com um extenso currículo profissional, o parlamentar já era conhecido por seu trabalho no mundo acadêmico, empresarial e jornalístico.

Formou-se em Economia na Universidade de Belgrano e obteve dois mestrados no Instituto de Desarrollo Económico y Social (IDES) e na Universidade Torcuato di Tella – sendo catedrático de disciplinas como Macroeconomia, Economia do Crescimento, Microeconomia, Teoria Monetária, Teoria Financeira e Matemática para Economistas.

Foi economista-chefe em Máxima AFJP e no Estudio Broda, além de consultor governamental no Centro Internacional para a Solução de Diferenças Relativas a Investimentos. Também trabalhou como economista sênior no banco HSBC.

Enfim, Milei se destacou no cenário midiático a partir de 2012. Iniciou sua participação como colunista em jornais importantes, como La Nación e El Cronista, além de contribuir com artigos no Infobae.

Após ser classificado como uma das 100 pessoas mais influentes da Argentina – título também concedido em razão de suas análises econômicas ao governo de Mauricio Macri – Milei tornou-se uma personalidade internacionalmente reconhecida pelo seu estilo “atípico” e polêmico de debate e exposição de seus ideais.


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