DIÁRIO DE UM CRONISTA

Lula e o terror: um caso de amor

Paulo Briguet · 19 de Fevereiro de 2024 às 13:00 ·

A fala do ocupante da Presidência sobre Israel e o Holocausto é um crime de responsabilidade
 

Na última sexta-feira, a Folha de S. Paulo publicou a seguinte manchete:

Suposto líder do PCC morto no Guarujá dizia ser perseguido por PMs

É espantoso como um pequeno ajuntamento de palavras pode refletir de maneira tão exemplar o universo mental dos militantes de redação brasileiros. O “suposto” líder do PCC, que morreu em troca de tiros com a polícia, era o traficante Rodrigo Pires dos Santos, conhecido como Danone, que ocupava o cargo de gerente geral da organização criminosa no litoral paulista e geria os “disciplinas”, ou seja, os bandidos responsáveis por punir comparsas que não seguiam as ordens da facção. Na ficha criminal de Danone, constavam mais de 15 indiciamentos desde 2003, inclusive por assassinato de um sargento da PM. Em novembro do ano passado, a polícia apreendeu um fuzil, duas pistolas e uma grande quantidade de drogas na casa de Danone, mas ele conseguiu fugir. Circula nas redes sociais um vídeo em que Danone aparece dançando e dando tiros de fuzil para o alto em um baile funk. Esse é o “suposto” traficante que se dizia perseguido pela polícia. Mas não seria exatamente essa a função da polícia — perseguir criminosos?

No mesmo dia, a Globonews exibiu esta chamada:

Israel diz que prendeu 100 “terroristas” palestinos em hospital

Qualquer pessoa que tenha estudado minimamente o modus operandi do Hamas sabe que os integrantes dessa organização criminosa usam hospitais, escolas e prédios residenciais como refúgio. A população da faixa de Gaza é um escudo humano para os terroristas. Na verdade, os habitantes locais, especialmente mulheres e crianças, são reféns dos terroristas — numa situação similar à que acontece nas favelas brasileiras dominadas por traficantes. As aspas utilizadas na palavra terroristas refletem, da mesma forma que acontece na manchete da FSP, a concepção de mundo do editor da matéria.

Criminoso é quem o militante de redação considera criminoso. Terrorista é quem o militante de redação considera terrorista. A palavra suposto jamais foi utilizada para designar algum preso do 8 de janeiro. As aspas jamais foram utilizadas para os terroristas de verde e amarelo que não mataram ninguém.

***

O cerne da mentalidade revolucionária, o seu dogma mais sagrado, é a destruição do adversário político. Por isso, não deve espantar ninguém que um usurpador como o atual ocupante da Presidência da República, levado ao cargo por meio de uma sucessão de golpes revolucionários, venha a definir os seus inimigos como terroristas que devem ser “extirpados” — mesmo que seus delitos tenham sido participar de uma arruaça contra o governo esquerdista ou xingar algum político aliado no aeroporto.

Também não espanta que Lula odeie Israel — o único país livre no Oriente Médio — e ame o Hamas. Desde 1789, os arautos da mentalidade revolucionária tentam por todos os meios justificar as piores atrocidades — assassinatos em massa, campos de concentração, execuções de civis, estupros coletivos, degolamentos de crianças, fomes generalizadas. Nada poderíamos esperar de um sujeito que se apresentava como amigo e irmão de facínoras como Fidel Castro, Muamar Kadafi e Yasser Arafat.

Neste domingo, no entanto, Lula ultrapassou todas as linhas vermelhas. Sua comparação entre a reação de Israel aos ataques do Hamas e o holocausto nazista é um ato que coloca em risco a própria estabilidade do país que ele diz governar. É um evidente crime de responsabilidade — uma ofensa inominável ao povo judeu, as vítimas do nacional-socialismo e àqueles que ainda hoje estão sob o poder dos sequestradores palestinos.

A fala de Lula sobre Israel é, ao mesmo tempo, uma sinalização para a escória da comunidade internacional: o bloco russo-chinês. Ele colocou o Brasil ao lado do que há de pior no mundo.

Note-se, também, o pouco caso de Lula e de seu serviço diplomático em relação à morte do principal opositor russo na prisão siberiana. É um sinal claro de que Lula não vê problema algum na eliminação de adversários políticos encarcerados.

***

Eu sei que é assim que você nos vê, Lula: da mesma forma que o tirano do bigodinho ridículo via os judeus. Para você e seu séquito de jagunços e escravos, só existe um tipo de criminoso: aquele que o rejeita, aquele que sabe a farsa que você é. Para nós que o consideramos um ditador, você só tem uma solução: a final.

Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.

 


"Por apenas R$ 12/mês você acessa o conteúdo exclusivo do Brasil Sem Medo e financia o jornalismo sério, independente e alinhado com os seus valores. Torne-se membro assinante agora mesmo!"



ARTIGOS RELACIONADOS