EUA exige que ditadura da Nicarágua liberte imediatamente bispo preso
O posicionamento dos EUA surge após mais de 500 dias de detenção do bispo e um dia após o papa Francisco, ao rezar o primeiro Angelus do ano, demonstrar "preocupação" com a prisão de sacerdotes católicos na Nicarágua
Os Estados Unidos exigiram, na terça-feira (2), que o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, liberte "imediatamente" o bispo Rolando Álvarez, sentenciado a 26 anos e quatro meses de prisão, privado de sua nacionalidade e com direitos de cidadania permanentemente suspensos por alegados crimes de "traição".
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, expressou em um comunicado: "Mais uma vez, pedimos ao governo da Nicarágua que liberte imediata e incondicionalmente o bispo Rolando Álvarez".
O posicionamento dos EUA surge após mais de 500 dias de detenção do bispo e um dia após o papa Francisco, ao rezar o primeiro Angelus do ano, demonstrar "preocupação" com a prisão de sacerdotes católicos na Nicarágua.
No comunicado, os EUA levantaram questões sobre as condições de detenção do bispo Álvarez, da diocese de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, ambas localizadas no norte da Nicarágua. O bispo está recluso no Sistema Penitenciário Jorge Navarro, nos arredores de Manágua.
Especificamente, o Departamento de Estado criticou o isolamento do religioso, a falta de acesso a verificações independentes de sua saúde e a divulgação de vídeos e fotos pelo regime de Ortega, que apenas "aumentam as preocupações sobre seu bem-estar".
Álvarez foi condenado em fevereiro de 2023 a 26 anos e 4 meses de prisão, com retirada de sua nacionalidade e suspensão permanente de direitos de cidadania. A sentença foi proferida um dia após sua recusa em embarcar em um avião com outros 222 prisioneiros políticos nicaraguenses para os EUA, gerando a ira de Ortega, que o qualificou como "arrogante, desequilibrado e louco" em rede nacional.
O bispo Álvarez tornou-se o primeiro da hierarquia católica a ser preso, acusado e condenado desde o retorno de Ortega ao poder em 2007, após liderar uma junta governamental de 1979 a 1985 e presidir a Nicarágua de 1985 a 1990.
Igreja católica demonstra preocupação
O Papa Francisco, em sua mensagem semanal dominical e bênção na Praça de São Pedro, na segunda-feira (1), expressou sua preocupação com a repressão à Igreja Católica na Nicarágua pela ditadura do presidente Daniel Ortega.
Nos últimos dias, doze padres e um bispo foram presos no país da América Central, onde a hostilidade de Ortega em relação à Igreja começou após as manifestações nacionais de 2018 e se intensificou após as eleições de 2021.
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“Acompanho com preocupação tudo o que está acontecendo na Nicarágua, onde bispos e sacerdotes foram privados de sua liberdade. Transmito a eles, suas famílias e a toda a Igreja do país a minha proximidade na oração”, declarou o papa da janela do Palácio Apostólico depois de rezar o primeiro Angelus do ano.
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