AMÉRICA CENTRAL

Ditadura socialista prende mais 12 padres na Nicarágua

Redação BSM · 5 de Agosto de 2024 às 15:46 ·

Regime de Daniel Ortega intensifica repressão contra sacerdotes que ousam fazer oposição no país

A Igreja Católica na Nicarágua enfrenta uma intensificação na repressão, com a prisão de pelo menos 12 sacerdotes nos últimos dias. As detenções, ordenadas pelo governo de Daniel Ortega, incluem padres e diáconos da Diocese de Matagalpa e outras regiões do país. A maioria dos sacerdotes presos pertence à Diocese de Matagalpa, conhecida por sua oposição ao regime de Ortega.

Entre os detidos estão Jairo Pravia, pároco da igreja da Imaculada Conceição, Víctor Godoy, vigário da mesma paróquia, Marlon Velásquez, administrador da Igreja de Santa Lúcia, e Antonio López, pároco da igreja Nosso Senhor da Vera Cruz de Ciudad Darío. Além deles, foram presos o diácono Erwin Aguirre, o pároco Raúl Villegas da igreja Nossa Senhora de Guadalupe de Matiguás, Francisco Tercero, pároco da igreja Santa Faustina Kowalska em Solingalpa, e Silvio Romero, pároco da igreja São Francisco de Assis na Diocese de Juigalpa. A recente onda de prisões começou em 27 de julho com a detenção do sacerdote de quase 80 anos, Frutos Constantino Valle Salmerón, da Diocese de Estelí.

Segundo a ONG Coletivo Nicarágua Nunca Más, que atua exilada na Costa Rica, essa nova onda de repressão é uma resposta do governo de Ortega às alegações de que a Igreja apoiou os protestos de 2018 contra o governo. Em uma declaração pública, a organização denunciou que “várias paróquias foram cercadas e pelo menos 12 sacerdotes foram detidos arbitrariamente, alguns deles com paradeiro desconhecido e em situação de desaparecimento forçado.”

A advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina, exilada nos Estados Unidos, relatou nas redes sociais que a polícia nicaraguense realizou operações em diversas paróquias nas dioceses de Matagalpa e Estelí. Molina classificou essa repressão como a “pior fase desde abril de 2018”, quando uma série de protestos abalou o país. Edwing Román, um pároco exilado, acusou Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, de aproveitarem a atenção mundial voltada para os protestos na Venezuela para intensificar a perseguição contra a Igreja Católica.

Além das prisões, o regime de Ortega tem mirado os meios de comunicação católicos. Em julho, o Ministério do Interior determinou o encerramento da Associação Rádio Maria, que operava há 40 anos, além de outras 12 organizações sem fins lucrativos.

Relatórios do Grupo de Peritos em Direitos Humanos na Nicarágua, criado pela ONU, revelam que padres presos no país têm sido submetidos a torturas e outras formas de maus-tratos. As violações incluem longos interrogatórios, ameaças, nudez forçada, isolamento, luz artificial contínua e alimentação insuficiente. Essas ações são classificadas pelo grupo como crimes contra a humanidade, destacando a gravidade da situação enfrentada pelos religiosos na Nicarágua.

A crescente repressão do governo de Ortega contra a Igreja Católica evidencia um esforço sistemático para silenciar uma das poucas instituições que ainda ousam criticar o regime.

 


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