MERCADO DE CARBONO

Dinheiro não nasce em árvore – mas há quem acredite!

André Bedin Pirajá · 12 de Dezembro de 2023 às 16:01 ·

A COF 28 termina hoje e deixa cada vez mais claro o objetivo central dos globalistas: o controle mundial da oferta e demanda por alimentos

Como não poderia ser diferente, estamos presenciando na COP 28, a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima que termina hoje (12) nos Emirados Árabes Unidos, um show de promessas e contradições.

Além de criar atritos com o Congresso Nacional, o presidente Lula deixou claro que quem ditará as regras no Brasil são os órgãos internacionais – neste caso específico a ONU.

Dentre os principais mecanismos de controle, está a criação do Mercado de Carbono. Recentemente escrevi um artigo mais detalhado sobre “o que é e como funciona” o referido mercado, que até agora vem sendo apresentado como uma “oportunidade” aos brasileiros.

Ainda que o mercado regulado de carbono não tenha sido criado – uma pequena vitória contra a promessa de campanha do atual ocupante da Presidência – muitos parlamentares, membros da Frente Parlamentar da Agropecuária e entusiastas da agenda ESG ainda acreditam que o Brasil irá exportar os referidos créditos para o mundo e, literalmente, nascerá dinheiro nas árvores. Será mesmo?

Para um leitor atento, a fala do Lula ao afirmar a necessidade de se construir “uma força democrática” para “fazer a transformação que vocês querem” deixa claro como funcionará o controle mundial pela agenda verde. A própria chamada da COP 28, ao criar o “senso de urgência” dos países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, sob o argumento de acelerar a transição verde, esconde o verdadeiro objetivo do Acordo de Paris – a Regulamentação do Mercado de Carbono.

O mercado de carbono não é apenas um componente para mitigação dos gases do efeito estufa. A busca não é pela criação ou não de modelos produtivos sustentáveis, o foco é a implementação de tecnologias capazes de permitir o rastreamento de emissões pessoais de carbono e controlar as escolhas individuais com base em elementos “éticos” de baixo carbono para o consumo de produtos e serviços.

Mas infelizmente esse tipo de discurso não é palatável aos nossos congressistas e defensores da nossa segurança alimentar, afinal, que provas eu tenho que isso irá ocorrer?

É comum nos dias que antecedem os encontros climáticos a divulgação de relatórios e outros documentos alarmantes para incentivar os participantes a aderirem a agenda de controle climático. Não seria diferente na COP 28 com a divulgação do documento Emissions Gap Report 2023: Broken Record – Temperatures hit new highs, yet world fails to cut emissions.

Todas as vezes que se produz um relatório, com recomendações que visam à criação de políticas públicas, é natural que seus argumentos estejam respaldados em pesquisas e artigos científicos – por sinal, a agenda climática é campeã na propagação destes.

Dentre os artigos que fundamentam o uso do solo por meio de práticas sustentáveis, as expressões “net-zero” e “custo de oportunidade”, amplamente repetidas nos círculos ESG e asseclas, me chamaram atenção para o fato de se ter utilizado como modelo a América Latina e Caribe no referido estudo.

Ao percorrer algumas páginas eis que deparo com a seguinte afirmação: Our results confirm that beef plays a disproportionate role in GHG emissions from agriculture in Latin America. Dizer que a produção de carne bovina é o vilão dos gases do efeito estufa não é novidade, tampouco que seja responsável pela maioria dos gases emitidos no agronegócio. Porém, ao atrelar as emissões de CO2 ao consumo de proteína por dia, bem como o aumento das emissões dos gases do efeito estufa em decorrência do maior acesso ao consumo de carne – o que deveria ser bom, e não o contrário –, isso sim é novidade.

Não vou entrar no mérito das medidas mitigadoras, aquelas que os campeões nacionais poderão implementar sem maiores danos financeiros, diferentemente dos pequenos e médios produtores, mas na solução drástica e promissora apresentada no estudo: o controle da oferta e demanda por alimentos, além das mudanças na dieta para reduzir a demanda de carne bovina.

Não existe nenhuma oportunidade na agenda climática, tampouco benefícios em ser “sustentável”. Aqui importante ressaltar que sustentável não é um conceito, mas uma submissão ao disposto na agenda, que pode ser qualquer coisa que eles quiserem. Não existe oportunidade quando o objetivo é extinguir uma atividade.

Reitero sempre a pergunta: se amanhã a ONU disser que o mundo irá aquecer 4ºC em 2100 e que todas as metas deverão ser dobradas, teremos chance de voltar atrás?

Acho que não.

André Bedin Pirajá é colunista e apresentador do BSM, advogado, produtor rural e fundador do Movimento Produtores Rurais Pela Liberdade. Autor do livro Como Salvar Minha Fazenda.  

 


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