SHOW DO BRÁS

"Democracia: É de comer puro ou passar no pão?", confira o novo episódio do Show do Brás

Luís Batistela · 11 de Julho de 2023 às 10:37 ·

No décimo episódio do Show do Brás, o nosso apresentador e colunista demonstra como o “processo democrático” enterrou o nosso passado a ponto de desconhecermos fatos históricos que foram determinantes para a formação da nossa identidade

No livro “O que é conservadorismo”, o filósofo inglês, Roger Scruton, afirma que, dentre vários motivos, há uma razão especificamente mais “profunda” que leva os conservadores a duvidarem do processo democrático: a prioridade pelas necessidades dos vivos.

De fato, não se constrói nenhuma sociedade, instituição ou congregação sem que tal empreendimento esteja, radicalmente, embasado na herança mortuária de nossos antepassados.

Escreve Scruton:

“Esse processo [democrático], por mais justo e livre que seja, sempre dará prioridade às necessidades e aos desejos daqueles que escolhem hoje, a despeito das necessidades e dos desejos daqueles que ainda não estão conosco ou daqueles que já morreram”.

Desta forma, vemos que o filósofo declara a existência de três “classes” de indivíduos que devem ser representados na constituição de um “processo democrático”:

  1. Nossos antepassados;
  2. Nós – que estamos vivos e;
  3. As gerações que hão de vir.

Usemos a defesa integral da vida – do nascimento à morte natural – para melhor compreendermos esta dinâmica.

  1. Nossos ancestrais, durante séculos e séculos de experiência – através do exercício da lei natural, da ciência, da teologia e filosofia cristã – assimilaram a barbárie por detrás do assassinato intrauterino.
  2. Por conseguinte, nós, também regidos pela lei natural e sucedendo esta cultura, buscamos impedir a execução deste ato sanguinário contra os bebês que estão sendo gerados neste exato momento.
  3. Com isso, protegeremos também as futuras crianças que serão concebidas, pois teremos fomentado essa tradição nas gerações seguintes.

Passado (A) + Presente (B) + Futuro (C)

Através deste exemplo, entenderemos a concepção de Scruton a respeito da formação de uma sociedade como um todo.

“Desde o início dos tempos, foi o respeito pelos mortos que formou a base das instituições. Escolas, universidades, hospitais, orfanatos, clubes, bibliotecas, igrejas e institutos surgiram como fundações privadas dependentes da propriedade doada ou legada pelas pessoas falecidas”.

“O respeito pelos mortos proibia o uso arbitrário de seu legado e obrigava os administradores a promover propósitos que os fundadores e doadores aprovariam. Ao honrarem os mortos, os administradores vivos salvaguardavam os interesses de seus sucessores. O respeito pelos mortos é o fundamento da atitude do administrador, do qual as futuras gerações dependem para sua herança. Tirem-se os mortos da equação, e serão excluídos também os não nascidos. E esse, francamente, é o verdadeiro perigo da democracia não moderada”.

Entretanto, ao analisarmos friamente o cenário político do Brasil, vemos que o nosso famigerado “processo democrático” enterrou tão fundo nossos ancestrais, que mal sabemos dos fatos históricos que ocorreram 20 anos atrás.

A prioridade, ou melhor, a exclusividade pela necessidade dos vivos – os vivos de toga e faixa presidencial – rege toda a estrutura política e cultural de nosso país. A abstenção do passado, e a indiferença com o futuro, são características intrínsecas do movimento revolucionário.

No 10º episódio do “Show do Brás: Democracia. É de comer puro ou passar no pão?”, o colunista e apresentador, Brás Oscar, demonstra como o termo “democracia” tornou-se não apenas uma abstração, mas um chavão; uma manobra linguística garantidora de poder e repressora de dissidências nas mãos de Lula e seus companheiros.

No final de junho, em entrevista concedida à GloboNews, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), afirmou que “... poucas são as limitações em uma democracia. A mais importante é que ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”.

A fala de Tebet exprime claramente a existência de um imbróglio intelectual, um total desconhecimento da composição do processo democrático. É exatamente sobre isso que discorre Brás Oscar:

“A única coisa que é “antidemocrático” dentro daquilo que a Tebet diz que é democracia é discordar dela sobre o que é democracia”.

O apresentador demonstra, também, que é intrínseco à democracia o equilíbrio no relacionamento entre os três poderes que compõem a República Federativa do Brasil.

Ademais, Brás esclarece que o estado deverá sempre ser submisso às leis já consolidadas e, por conseguinte, as leis possuem a obrigação de subordinar-se aos costumes estabelecidos por nossos antepassados. No entanto, não há como “rodar” essa engrenagem quando o próprio governo está decidido em eliminar os valores culturais de sua própria nação.

“Democracia não se trata de igualdade, isto é, de dar valores iguais a todas as opiniões.

Democracia se trata de equilíbrio entre poderes, mas não somente os poderes vigentes na constituição. Óbvio que, se não existe o equilíbrio entre o judiciário e o legislativo, o juiz não vai julgar com base nas leis que o legislativo criar. O juiz vai começar a criar a sua própria lei; a sentença passa a ser a lei e a lei passa a ser escrava do estado.

Mas numa democracia, o estado é escravo da lei, sendo este escravo dos costumes. Mas como vamos ter uma lei escrava dos costumes com um governo que acredita que é democrático lutar contra os costumes? Quando eu quero lutar contra os costumes, significa que eu quero submeter novos costumes à lei.

Ou seja, utilizar o estado como criador de uma moral; uma moral artificial”.

Desta forma, vemos que um estado focalizado, exclusivamente, na preservação do poder de seus governantes – isto é, no presente – acaba por cometer uma série de contrariedades políticas que, progridem apressadamente para findar, de uma vez por todas, aquilo que um dia conhecemos como “tradição” e “costumes”.

Por fim, nem as futuras gerações nascerão em “berço esplêndido”; a insignificância com que o estado trata o passado não possibilitará que ele crie uma nação íntegra e próspera para aqueles que ainda não vieram ao mundo.

 


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