"Democracia: É de comer puro ou passar no pão?", confira o novo episódio do Show do Brás
No décimo episódio do Show do Brás, o nosso apresentador e colunista demonstra como o “processo democrático” enterrou o nosso passado a ponto de desconhecermos fatos históricos que foram determinantes para a formação da nossa identidade
No livro “O que é conservadorismo”, o filósofo inglês, Roger Scruton, afirma que, dentre vários motivos, há uma razão especificamente mais “profunda” que leva os conservadores a duvidarem do processo democrático: a prioridade pelas necessidades dos vivos.
De fato, não se constrói nenhuma sociedade, instituição ou congregação sem que tal empreendimento esteja, radicalmente, embasado na herança mortuária de nossos antepassados.
Escreve Scruton:
“Esse processo [democrático], por mais justo e livre que seja, sempre dará prioridade às necessidades e aos desejos daqueles que escolhem hoje, a despeito das necessidades e dos desejos daqueles que ainda não estão conosco ou daqueles que já morreram”.
Desta forma, vemos que o filósofo declara a existência de três “classes” de indivíduos que devem ser representados na constituição de um “processo democrático”:
- Nossos antepassados;
- Nós – que estamos vivos e;
- As gerações que hão de vir.
Usemos a defesa integral da vida – do nascimento à morte natural – para melhor compreendermos esta dinâmica.
- Nossos ancestrais, durante séculos e séculos de experiência – através do exercício da lei natural, da ciência, da teologia e filosofia cristã – assimilaram a barbárie por detrás do assassinato intrauterino.
- Por conseguinte, nós, também regidos pela lei natural e sucedendo esta cultura, buscamos impedir a execução deste ato sanguinário contra os bebês que estão sendo gerados neste exato momento.
- Com isso, protegeremos também as futuras crianças que serão concebidas, pois teremos fomentado essa tradição nas gerações seguintes.
Passado (A) + Presente (B) + Futuro (C)
Através deste exemplo, entenderemos a concepção de Scruton a respeito da formação de uma sociedade como um todo.
“Desde o início dos tempos, foi o respeito pelos mortos que formou a base das instituições. Escolas, universidades, hospitais, orfanatos, clubes, bibliotecas, igrejas e institutos surgiram como fundações privadas dependentes da propriedade doada ou legada pelas pessoas falecidas”.
“O respeito pelos mortos proibia o uso arbitrário de seu legado e obrigava os administradores a promover propósitos que os fundadores e doadores aprovariam. Ao honrarem os mortos, os administradores vivos salvaguardavam os interesses de seus sucessores. O respeito pelos mortos é o fundamento da atitude do administrador, do qual as futuras gerações dependem para sua herança. Tirem-se os mortos da equação, e serão excluídos também os não nascidos. E esse, francamente, é o verdadeiro perigo da democracia não moderada”.
Entretanto, ao analisarmos friamente o cenário político do Brasil, vemos que o nosso famigerado “processo democrático” enterrou tão fundo nossos ancestrais, que mal sabemos dos fatos históricos que ocorreram 20 anos atrás.
A prioridade, ou melhor, a exclusividade pela necessidade dos vivos – os vivos de toga e faixa presidencial – rege toda a estrutura política e cultural de nosso país. A abstenção do passado, e a indiferença com o futuro, são características intrínsecas do movimento revolucionário.
No 10º episódio do “Show do Brás: Democracia. É de comer puro ou passar no pão?”, o colunista e apresentador, Brás Oscar, demonstra como o termo “democracia” tornou-se não apenas uma abstração, mas um chavão; uma manobra linguística garantidora de poder e repressora de dissidências nas mãos de Lula e seus companheiros.
No final de junho, em entrevista concedida à GloboNews, a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), afirmou que “... poucas são as limitações em uma democracia. A mais importante é que ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”.
A fala de Tebet exprime claramente a existência de um imbróglio intelectual, um total desconhecimento da composição do processo democrático. É exatamente sobre isso que discorre Brás Oscar:
“A única coisa que é “antidemocrático” dentro daquilo que a Tebet diz que é democracia é discordar dela sobre o que é democracia”.
O apresentador demonstra, também, que é intrínseco à democracia o equilíbrio no relacionamento entre os três poderes que compõem a República Federativa do Brasil.
Ademais, Brás esclarece que o estado deverá sempre ser submisso às leis já consolidadas e, por conseguinte, as leis possuem a obrigação de subordinar-se aos costumes estabelecidos por nossos antepassados. No entanto, não há como “rodar” essa engrenagem quando o próprio governo está decidido em eliminar os valores culturais de sua própria nação.
“Democracia não se trata de igualdade, isto é, de dar valores iguais a todas as opiniões.
Democracia se trata de equilíbrio entre poderes, mas não somente os poderes vigentes na constituição. Óbvio que, se não existe o equilíbrio entre o judiciário e o legislativo, o juiz não vai julgar com base nas leis que o legislativo criar. O juiz vai começar a criar a sua própria lei; a sentença passa a ser a lei e a lei passa a ser escrava do estado.
Mas numa democracia, o estado é escravo da lei, sendo este escravo dos costumes. Mas como vamos ter uma lei escrava dos costumes com um governo que acredita que é democrático lutar contra os costumes? Quando eu quero lutar contra os costumes, significa que eu quero submeter novos costumes à lei.
Ou seja, utilizar o estado como criador de uma moral; uma moral artificial”.
Desta forma, vemos que um estado focalizado, exclusivamente, na preservação do poder de seus governantes – isto é, no presente – acaba por cometer uma série de contrariedades políticas que, progridem apressadamente para findar, de uma vez por todas, aquilo que um dia conhecemos como “tradição” e “costumes”.
Por fim, nem as futuras gerações nascerão em “berço esplêndido”; a insignificância com que o estado trata o passado não possibilitará que ele crie uma nação íntegra e próspera para aqueles que ainda não vieram ao mundo.
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