ANTICRISTIANISMO

Cristão de 76 anos morre após ser atacado por multidão de islâmicos no Paquistão

Redação BSM · 3 de Junho de 2024 às 17:38 ·

Fabricante de sapatos foi acusado injustamente de queimar páginas do Alcorão e teve casa invadida no último dia 25. Crime expõe situação vulnerável da minoria cristã no país

No dia 25 de maio, uma família cristã em Sargodha, Paquistão, foi alvo de um ataque brutal por uma multidão enfurecida, após falsas acusações de blasfêmia. Nazir Gill Masih, um fabricante de calçados de 76 anos, foi acusado injustamente de queimar páginas do Alcorão, o que desencadeou uma onda de violência contra ele e sua família. A acusação, que pode ter sido motivada por rivalidades comerciais, levou uma multidão de cerca de 2.000 pessoas a saquear e incendiar a casa e a fábrica de calçados de Masih. A morte de Nazir Masih foi confirmada nesta segunda-feira (3).

Os atacantes destruíram medidores elétricos, aparelhos de ar-condicionado externos e outros bens, antes de espancar brutalmente Masih. A polícia chegou ao local aproximadamente meia hora após o início do ataque, enfrentando resistência da multidão. Mesmo assim, conseguiram resgatar dez membros da família e transferi-los para um local seguro. Masih, gravemente ferido, foi levado ao hospital e está na unidade de cuidados intensivos. Imagens e vídeos brutais foram enviados à Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), mostrando Masih ensanguentado e inconsciente. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu na manhã de hoje, segundo as agências internacionais.

O arcebispo de Islamabad-Rawalpindi, Joseph Arshad, visitou Sargodha no dia do ataque e expressou choque e tristeza com a violência. Ele pediu ao governo paquistanês que introduza políticas rigorosas contra a violência extremista e garanta a segurança da comunidade cristã. "Ninguém está autorizado a fazer justiça com as próprias mãos e isto está acontecendo no Paquistão", disse ele. A Comissão Católica Nacional para a Justiça e a Paz (NCJP) também condenou veementemente o ataque.

Tahir Naveed Chaudhry, advogado e líder político católico de Sargodha, relatou que a acusação de blasfêmia começou por volta das 6h da manhã, quando Ayub Gondal, um vizinho muçulmano, acusou Masih de profanar páginas do Alcorão. O rumor rapidamente se espalhou, reunindo uma multidão furiosa. A situação só foi controlada após a intervenção da polícia, que teve que usar gás lacrimogêneo para dispersar a multidão. Onze policiais ficaram feridos durante a operação.

Líderes cristãos locais, incluindo o Arcebispo Joseph Arshad e o senador Tahir Khalil Sindhu, encontraram-se com o oficial da Polícia Distrital de Sargodha, Assad Malhi, exigindo segurança para os cristãos locais e a prisão dos agressores. A organização Lashkar-e-Labak Paquistão (LLP) foi identificada como tendo um papel fundamental no ataque, sendo também responsável por um incidente similar em Jaranwala em agosto do ano passado.

O professor Shadid Mobeen, colaborador do relatório Liberdade Religiosa no Mundo da AIS e sobrinho da vítima, sublinhou a importância da pressão internacional para proteger as minorias religiosas no Paquistão. A AIS condenou veementemente a violência, manifestando solidariedade à família afetada e a todos os cristãos no Paquistão.

O incidente expõe a contínua vulnerabilidade das minorias religiosas no Paquistão, onde acusações falsas de blasfêmia podem rapidamente se transformar em violência mortal. A comunidade cristã de Sargodha, embora temporariamente segura, continua a viver com medo, muitos se abrigando com parentes.

 


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