Brasil já tem mais ônibus queimados em 2023 que em 2022 inteiro, aponta levantamento
Matheus da Silva Rezende, identificado como o segundo no comando de uma organização criminosa na zona oeste da capital fluminense, perdeu a vida em confronto com a polícia civil em Três Pontes, Santa Cruz, no mesmo dia. Os incêndios de segunda-feira (23) nos ônibus são uma represália a essa morte
O registro de ocorrências de incêndios em ônibus de transporte coletivo voltou a crescer em 2023, após um período de cinco anos de queda constante. Segundo dados fornecidos pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o período de janeiro a outubro deste ano já contabiliza um total de 86 incidentes. Esse aumento representa um crescimento de 37% em relação ao ano anterior.
O ponto crítico desse crescimento foi a queima de veículos públicos ocorrida na última segunda-feira (23) na zona oeste do Rio de Janeiro, onde 25 ônibus foram destruídos pelo fogo. Importante ressaltar que esses números não englobam ônibus de natureza privada, como os de turismo e fretamento. De acordo com o levantamento, a região Sudeste teve o maior índice de ônibus incendiados (71%), sendo o Estado do Rio de Janeiro o recordista, com 476 ocorrências.
As queimas ocorridas no Rio de Janeiro têm uma motivação específica, como apontado pelas autoridades. Matheus da Silva Rezende, identificado como o segundo no comando de uma organização criminosa na zona oeste da capital fluminense, perdeu a vida em confronto com a polícia civil em Três Pontes, Santa Cruz, no mesmo dia. Os incêndios nos ônibus são uma represália a essa morte.
Segundo os dados apresentados pela NTU, o estado do Rio de Janeiro lidera as estatísticas, respondendo por quase metade (49%) de todas as ocorrências de incêndios em coletivos em 2023. O Rio registrou um total de 42 incidentes ao longo do ano, com os ataques de 23 de outubro resultando na destruição de 25 ônibus. Além disso, outros 10 veículos de caráter privado foram afetados, embora não tenham sido incluídos no levantamento oficial. Isso eleva o número total de ônibus queimados para 35.
Além do Rio de Janeiro, Estados do Nordeste também aparecem com destaque nesse triste ranking. O Rio Grande do Norte ocupa a segunda posição, com 10 incêndios registrados. São Paulo aparece em terceiro lugar, com 9 ocorrências, e Minas Gerais está empatado com a Bahia na quarta posição, contabilizando 7 casos. Esse aumento na violência está associado às atividades do crime organizado na região ao longo de 2023.
No entanto, é importante destacar que 17 Estados não registraram nenhum ataque a ônibus de transporte coletivo em 2023. Quando se considera a série histórica que remonta a 2004, a região Sudeste concentra a maior parte das ocorrências, com São Paulo liderando o ranking com 774 casos, seguido pelo Rio de Janeiro (661) e Minas Gerais (445).
Além das preocupações com a segurança pública, esse aumento nos ataques a ônibus tem implicações políticas significativas. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se vê diante do desafio de conquistar a confiança da população em relação às suas fraquíssimas políticas de segurança, que têm sido criticadas pela oposição como brandas e coniventes. O aumento no número de ônibus incendiados prejudica a gestão do líder petista.
Esses incidentes não apenas prejudicam a vida cotidiana da população, que fica com acesso mais precário ao transporte público, como também impactam as empresas que controlam o transporte coletivo, resultando em perdas significativas em suas frotas. Somente o ataque ocorrido na segunda-feira (23) custou às operadoras cariocas cerca de R$ 30 milhões, de acordo com a NTU.
Veja os dados da pesquisa na íntegra:
Dados enviados com exclusividade ao Poder360:
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